Rio de Janeiro – A fala mansa e o sorriso simpático, à primeira vista, despistam a verdadeira identidade de Clarisse Antunes, 42 anos. É dentro do macacão verde-sávia a tenente coronel revela do que é capaz: a piloto é a primeira mulher a chegar ao posto de subcomandante do Grupamento Aereomovel (GAM) da Polícia Militar. Com a disposição de quem lutou muito para vencer, ela é um estímulo para outras mulheres encararem os desafios da carreira que, há pouco tempo, era quase toda dominada por homens.
Há um mês, quando foi nomeada, Clarisse viu sua vida fazer uma manobra igual às do helicóptero que ela pilota. Passou a acordar às 4h para coordenar equipe, cuidar das duas filhas, enfrentar inúmeras reuniões operacionais e administrativas, além de participar de operações a bordo das aeronaves. Tudo isso sem perder a ternura. “Lidar com o fator humano às vezes é mais difícil que lidar com a máquina. Mas nada que educação e respeito às habilidades de cada um não dêem jeito.
Procuro ouvir muito a equipe e fazemos um trabalho conjunto. Eles se sentem parte do processo”, afirma.
Com 22 anos de carreira na PM, a paixão pela aviação sempre esteve presente. Ela fez curso de dois anos e há sete conseguiu a licença para voar. A tenente-coronel explica que, pelas particularidades e exigências da profissão, a responsabilidade é grande.
“É preciso aplicação, dedicação e muita responsabilidade com a sua vida, de quem está abordo e em terra”, disse ela, que conduziu as aeronaves da PM em missões importantes, como a operação da Covanca, em Jacarepaguá, onde morreu um policial do Bope, e no resgate de vítimas da enchente na Região Serrana, em janeiro de 2011.
Curso para pilotar caveirão aéreo
Apesar das recentes atribuições, a tenente-coronel não quer se acomodar e começa amanhã o curso para pilotar o helicóptero blindado Hawk, o ‘caveirão’ aéreo da frota da PM. Sem parar, enquanto recebia O DIA semana passada para sessão de fotos, a oficial orientava pilotos e estava de prontidão para ser acionada, a qualquer momento, para sobrevoar protestos de professores.
Filha de uma família onde irmãos e primos são militares, Clarisse teve sua maior inspiração no tio, o capitão PM Petrônio Antunes, que faleceu rcentemente. “Ele foi a minha referência dentro da Polícia Militar. Me deu todos os exemplos. Tenho muito orgulho do que faço, mas humildade para reconhecer que não sei tudo. Quando a gente acha que sabe, aí é que comete erros”, avalia.
Fonte: O Dia, por Vânia Cunha.