Portugal – O relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) de Portugal publicado no dia 14 de julho, apontou que a colisão com linha de transmissão foi um dos fatores contribuintes para o acidente do helicóptero que combatia incêndio florestal em Sobrado, Valongo, distrito do Porto, no dia em 5 de setembro de 2019 e que causou a morte do piloto.
O relatório final explica que, quando se aproximava para o segundo lançamento de água, “ao transpor um obstáculo constituído por linhas de alta tensão”, o helibalde e o rotor de cauda do AS350 B2, tocaram nos cabos, levando à perda de controle do aparelho.
“A perda de controle da aeronave foi inevitável e consequente queda em rotação, percorrendo uma distância total de 84 metros até se imobilizar sobre o seu lado esquerdo, seis segundos após o impacto com os cabos. Após a colisão com o solo, de imediato deflagrou um incêndio intenso que consumiu a aeronave na totalidade. O piloto e único ocupante da aeronave foi ferido fatalmente”, apontou o GPIAAF.
Comandante da aeronave de 36 anos era ainda piloto militar da Força Aérea Portuguesa, na Esquadra 751, sediada no Montijo, que opera o helicóptero EH-101 em missões de busca e salvamento, e também comandante dos Bombeiros Voluntários de Cete, em Paredes, distrito do Porto, que, “no momento do acidente, estava entre outras, combatendo o incêndio no terreno”.
O piloto descolou de uma base privada da Afocelca (grupo Navigator), em Valongo, distrito do Porto, com uma equipa de cinco bombeiros e o equipamento de combate a incêndios composto por cesto e balde. Após desembarcar a equipe de intervenção no solo, e de ter sido posicionado o helibalde, o piloto voou para um ponto de água próximo para o primeiro abastecimento e descarga no incêndio.
Repetido o ciclo, na segunda aproximação ao incêndio e em coordenação com um outro meio aéreo que operava no local, “o piloto, conhecedor da existência e localização” das linhas elétricas, “define a trajetória para a segunda largada”.
“Após transpor uma primeira linha devidamente sinalizada de alta tensão, composta por 14 condutores, a aeronave e o balde suspenso colidiram com uma segunda linha. Esta segunda linha, composta por 8 condutores, estava posicionada a uma cota inferior e a cerca de 45 metros de distância horizontal da primeira”, conta o relatório.
As linhas nas quais o helicóptero colidiu não estavam sinalizadas, mas a investigação ressalva que, “atendendo à atual regulamentação, tal sinalização não é requisito, uma vez que estavam na área de influência de outra linha mais alta sinalizada”.
Após a colisão, sem rotor de cauda nem estabilizador vertical, o aparelho “iniciou um voo descontrolado até colidir com o terreno”. Segundo o relatório, o piloto registava 180 horas de experiência de tempo total de voo no modelo AS350 B2, maioritariamente em operações de combate a incêndios, em que participava desde 2018.
Na parte da avaliação de risco, o GPIAAF sublinha que, ao cenário físico e às condicionantes verificadas, “não se pode excluir que para o acidente tenha contribuído um outro fator adicional, nomeadamente que o piloto sentisse um ou vários tipos de pressão, como: pressão mental decorrente da operação, pressão motivacional e pressão dos pares”.
“Estando o piloto combatendo um incêndio por via aérea quando no terreno estavam bombeiros voluntários em relação à qual, além da partilha do espírito de missão e de uma relação de companheirismo, havia também uma ligação hierárquica onde o piloto era o comandante dessa corporação, não se pode excluir que pudesse haver, em determinado grau, uma propensão para desvalorizar ou relativizar os riscos, em busca do melhor sucesso no rápido domínio do incêndio”, salienta o relatório.
No entanto, segundo os investigadores, “a atitude mental com foco nas condições do voo é determinante nas necessárias e constantes avaliações do risco requeridas a um piloto com as inúmeras ameaças apresentadas no cenário vivenciado, especialmente em situações de voo em que não existem regras concretas e rigorosas de atuação, como é o caso destas operações junto a linhas aéreas”.
São Paulo – A Policia Militar do Estado do São Paulo enviou apoio aéreo para combater o incêndio que atinge o Mato Grosso do Sul. A equipe decolou com o Águia 14, um helicóptero AS350B2 – Esquilo, às 9h00, no domingo (22), da Base de Aviação de Araçatuba, interior paulista.
Dois pilotos, dois tripulantes e um mecânico pousaram no Posto de Comando sul-mato-grossense, na Fazenda Cainã, área rural de Miranda, a 203 km da capital Campo Grande. Para auxiliar o Corpo de Bombeiros do estado vizinho, o helicóptero da PM de São Paulo está equipado com um helibalde Bambi-Bucket de combate à incêndio com capacidade de 545 litros de água.
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Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o fogo já atingiu mais de um milhão de hectares, com a mais de 2.400 focos em Mato Grosso do Sul. Após pedido de auxílio do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, o governador João Doria autorizou o envio de ajuda.
De acordo com a assessoria, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, manteve contato telefônico com Doria e com o comandante do Comando Militar do Oeste (CMO), general Lourival Carvalho, expondo a gravidade da situação das queimadas no estado. Outro helicóptero do Exército também foi cedido para combater o fogo.
A maior dificuldade no momento é o acesso restrito dos brigadistas aos pontos de fogo na região do Pantanal. A força-tarefa para combate ao incêndio também tem o apoio do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, com o avião Air Tractor, modelo AT-802F, “Nimbus 01”.
Paraná – A atuação que os bombeiros paranaenses tiveram na Amazônia, integrando a Operação Verde Brasil, do Ministério da Defesa, será valiosa para os trabalhos no Paraná, em favor da população do Estado. “Nossa experiência na Amazônia nos prepara para o trabalho que faremos no nosso Estado”, avalia o tenente-coronel Fernando Raimundo Schunig, comandante da equipe paranaense e do 3º Comando Regional dos Bombeiros, sediado em Cascavel (Oeste).
“Conseguimos controlar o fogo de uma área muito grande, que tinha desde plantas rasteiras até árvores de grande porte. Era muita área queimada”, conta o comandante. “Apesar das dificuldades de acesso e do desgaste físico, a temperatura local superava os 40ºC e perto dos locais de incêndio chegava a 300ºC, voltamos para casa com a sensação de missão cumprida”, afirma o tenente-coronel.
Os bombeiros paranaenses começam na sexta-feira (20) os preparativos para retornar, após 15 dias na região. Por determinação do governador Carlos Massa Ratinho Junior, 30 profissionais de diferentes regiões do Estado integraram a Operação Verde Brasil. Eles saíram do Paraná em 4 de setembro e chegaram no dia seguinte à região de Novo Progresso, no Sul do Pará. A equipe deve desembarcar em Curitiba no sábado (21).
RESERVA BIOLÓGICA
Os militares paranaenses integraram uma equipe de cerca de 230 pessoas, que incluía bombeiros do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e profissionais do Ibama, ICMBio, Exército e da Força Aérea, além de brigadistas indígenas.
Juntos, eles conseguiram controlar os focos de incêndio de uma área de seis quilômetros quadrados, em um perímetro de 10 mil quilômetros dentro da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo. O governo também enviou um helicóptero do Batalhão de Polícia de Operações Aéreas (BPMOA) para ajudar no deslocamento das equipes e no combate ao fogo.
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O acesso às áreas de incêndio foi a maior dificuldade enfrentada pelos profissionais, afirma o tenente-coronel Fernando Raimundo Schunig. “Ficamos alojados em uma base da Aeronáutica na Reserva Biológica e só conseguíamos chegar aos focos de incêndio com as aeronaves. Os voos duravam em média 20 minutos desde a base, para se ter ideia da distância”, conta.
“A extensão do fogo era muito grande, o que dificultava a aproximação das equipes, a chegada dos materiais e das aeronaves”, diz. “As características são muito diferentes do que encontramos no Paraná. Não há grandes chamas, mas muita fumaça, por causa da umidade da turfa, o material em decomposição da floresta. Isso dificultava ainda mais os voos, porque não tinha teto para as aeronaves”, explica.
O trabalho das equipes começava bem cedo e não tinha escala – os bombeiros atuaram por mais de 12 horas seguidas por dia no período que estiveram em missão. O trabalho terrestre começava às 4 horas. Enquanto as aeronaves do BPMOA e da Força Aérea utilizavam o bambi bucket – espécie de balde adaptado aos helicópteros para recolher água de rios próximos e jogar nos focos de incêndio – as equipes terrestres usavam equipamentos como motosserras e sopradores para “enterrar” o fogo. Às 16 horas, quando já não tinha mais teto para as aeronaves, eles retornavam para a base para planejar as ações do dia seguinte.
Maranhão – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) realizou nos dias 15 a 19 de julho o 5º Treinamento de Carga Externa e Combate a Incêndios Florestais com Helicópteros, nas cidades de Imperatriz e Grajaú, no Maranhão.
O treinamento faz parte do programa de aprimoramento continuado das operações aéreas do IBAMA e foi organizado pelo e pelo Centro Especializado de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo).
Houve a participação de representantes de diversas forças de segurança pública do país, dentre elas o Corpo de Bombeiros do Maranhão e do Rio de Janeiro; Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar do Rio de Janeiro; Comando de Aviação da Polícia Militar de Minas Gerais; Núcleo de Operações e Transporte Aéreos da Polícia Militar do Espírito Santo e Prefeitura Municipal de Grajaú/MA.
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Foram ministradas aulas teóricas e práticas com o objetivo de capacitar pilotos, tripulantes e agentes envolvidos diretamente no combate a incêndios florestais. As ações desenvolvidas tiveram como enfoque principal o emprego de helicópteros e incluíram o transporte de carga externa com gancho da aeronave; carga externa com uso de guincho; embarque, desembarque e transporte de brigadistas; captação de água para uso de helibalde em represa ou piscina transportável; rapel; e combate direto a incêndios com uso de helicópteros.
A brigada especializada do Prevfogo/RJ também esteve presente no evento, destacando-se pela utilização da técnica de rapel, empregada nas operações em locais de difícil acesso, procedimento essencial para a preparação de áreas para o pouso das aeronaves.
A brigada especializada de pronto emprego do estado do Maranhão também foi capacitada, pois atuam em locais de elevado nível de incidência de queimadas, sobretudo em terras indígenas. Foram realizadas técnicas de embarque e desembarque operacional, sobrevoo em áreas de incêndios e embarque e desembarque de equipamentos de combate, utilizando entre outros instrumentos: abafadores, enxadas, foices e bombas costais.
“A participação em conjunto dos diversos operadores públicos no evento é fator primordial para o aprimoramento das operações aéreas e de combate a incêndios florestais, conferindo assim maior efetividade nas políticas de proteção ao meio ambiente e de segurança operacional no país”, declarou o IBAMA em nota.
Rio de Janeiro – Na quarta-feira (03), o Corpo de Bombeiros utilizou o helicóptero Bombeiro 02 do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) e brigadistas para combater e extinguir incêndio na mata do Morro Camarista Méier, Zona Norte do Rio. A área de reflorestamento atingida possui cerca de 22 hectares.
Segundo informações, no início da tarde, pessoas que passavam pela trilha, colocaram folgo na mata e desceram para a parte baixa da comunidade.
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O risco de atingir o Parque Nacional da Tijuca mobilizou os bombeiros. O helicóptero foi utilizado para transportar os brigadistas e colocá-los em pontos estratégicos e facilitar o combate. Foi utilizado embarque e desembarque a baixa altura, além de acesso por meio de rapel, pois em alguns pontos, a descida por rapel é mais rápida e segura.
A equipe da aeronave também ajudou, utilizando o helibalde para a extinção do fogo. O equipamento empregado pelos bombeiros possui uma capacidade de 550 litros de água, é acoplado no gancho do helicóptero e a liberação da água é feita pelo piloto, orientado pelo tripulante.
Os bombeiros fizeram a extinção do incêndio e foram retirados com a ajuda da equipe do helicóptero. Essas operações realizadas pelos bombeiros próximas à comunidade são tensas, pois, além de combater o fogo e se preocuparem com os possíveis riscos da atividade, o traficantes armados observam a operação.
Durante a LAAD que aconteceu no Rio de Janeiro nos dias 02 a 05 de abril de 2019 tive a oportunidade de conhecer Cesar Guerra, Gerente de Vendas da América Latina da empresa SEI Industries, a fabricante do icônico Bambi Bucket.
Em 2014 escrevi um artigo sobre esse equipamento, o qual mudou a história mundial do combate a incêndios florestais e na época fiquei com uma dúvida não respondida. Por que o equipamento chama Bambi?
Então fiz a pergunta ao Cesar e ele me disse: Beni, mande a pergunta a Don Arney e ele vai dizer como foi essa história. Assim, perguntei ao próprio inventor do equipamento que utilizei ao longo da minha carreira de aviador. Foram horas e horas de voo usando esse equipamento no combate real e treinando pilotos e tripulantes. Um oportunidade incrível! Agora vamos saber porque esse balde chama bambi.
Não demorou e recebi a resposta do próprio inventor Don Arney. Para não cometer nenhum erro na tradução ou mudar o sentido do texto, segue o original enviado por Don:
… The naming of the Bambi Bucket happened back in 1981. In 1978 I was on a Canadian TV show called The Inventors and as a result of being on the show I became a good friend of its host who was a fellow named Bob Fortune who started his TV career when the first Vancouver station (CBC) went on the air.
One evening I was over for dinner with Bob and his wife Ruth in West Vancouver and he asked what I was going to call the new fire fighting bucket. I was going to take the name of the company “SEI” and combine it with the word “flex” to get SEIflex.
I told this to Bob and he concluded that was a very boring name. He and Ruth then went to work thinking of names. Five minutes into this exercise, just to shake things up and hopefully change the topic I just threw out there “Why don’t we call it the Bambi Bucket”? I was just being goofy.
Bob didn’t say anything and took a sheet of paper and drew a vertical line down the middle and on one side at the top he wrote PROS and on the other side CONS. He quickly filled up the PROS side and couldn’t think of any CONS. He bugged me for months telling me that I had to call it the Bambi Bucket and the name stuck.
Cheers
Don
Tradução livre para o português:
A nomeação do Bambi Bucket aconteceu em 1981. Em 1978 eu estava em um programa de TV canadense chamado The Inventors e, como resultado de estar no programa, tornei-me um bom amigo de seu anfitrião, que era um sujeito chamado Bob Fortune, que iniciou sua carreira na TV quando a primeira estação de Vancouver (CBC) foi ao ar.
Certa noite, eu estava jantando com Bob e sua esposa Ruth em West Vancouver e ele perguntou como eu chamaria o novo balde de combate a incêndio. Eu ia usar o nome da empresa “SEI” e combiná-lo com a palavra “flex” para obter o SEIflex.
Eu disse isso para Bob e ele concluiu que era um nome muito chato. Ele e Ruth começaram a pensar em nomes. Com cinco minutos de exercício, apenas para agitar as coisas e esperando mudar o assunto, disse: “Por que não chamamos isso de Bambi Bucket”? Eu estava apenas sendo pateta.
Bob não disse nada e pegou uma folha de papel e desenhou uma linha vertical no meio e de um lado no topo escreveu PROS (a favor) e do outro lado CONS (contra). Ele rapidamente preencheu o lado do PROS e não conseguiu pensar em nenhum CONS. Ele me incomodou por meses me dizendo que eu tinha que chamá-lo de Bambi Bucket e o nome pegou.
Santa Catarina – Um incêndio florestal atingiu o bairro Tapera, no Sul da Ilha de Florianópolis, entre a tarde e a noite de terça-feira (31). Aproximadamente 3,5 hectares de vegetação foram destruídos.
As chamas na vegetação chegaram perto da pista do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, na estrada nova. O incêndio começou por volta das 17h e foi extinto às 20h20. Os bombeiros não sabem o que pode ter provocado as chamas.
Três viaturas, uma equipe com 10 bombeiros e o helicóptero Arcanjo 01 do Batalhão de Operações Aéreas do CBM realizaram o combate ao incêndio florestal.
A equipe do Arcanjo 01 utilizou o equipamento bambi bucket para combater o fogo, realizando diversos lançamentos de água. A capitação foi feita em um lago de uma fazenda da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), perto do aeroporto.
Tocantins – Combater incêndios em diversas localidades e de diferentes proporções, tem sido uma das principais ações das equipes do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). O grupo vem atuando de forma decisiva e constante no combate aos incêndios que assolam o Estado.
A unidade aérea do Governo do Tocantins realizou, em agosto deste ano (2017), a qualificação de todo o efetivo operacional, capacitando-os a atuar na atividade de extinção de fogo com o uso do equipamento chamado helibalde. No caso do Ciopaer, essa ferramenta é um bolsão (bambi bucket) com capacidade para armazenar 500 litros de água e que vai conectado a um gancho na parte inferior do helicóptero.
De acordo com o comandante da aeronave, Delegado Leonardo Garrido, a unidade aérea vem sendo constantemente acionada para auxiliar o Corpo de Bombeiros Militar (CBM/TO), Defesa Civil, Naturatins e demais órgãos engajados nessas missões, sempre que identificado uma ocorrência de incêndio em qualquer parte do território tocantinense.
Apenas para exemplificar, no último sábado, um incêndio de grandes proporções atingiu a área do aeroporto de Palmas, mais precisamente nas proximidades da pista e do radar, havendo risco de suspensão das chegadas e partidas dos voos. Nesse caso específico, foram lançadas 57 cargas de água nos focos, culminando na extinção do incêndio.
O coordenador de Tráfego Aéreo e Segurança Operacional da Infraero, Guilherme Mendes Araújo, destacou que o emprego do helicóptero da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Tocantins foi fundamental para o combate das queimadas nas áreas verdes ao redor do aeroporto de Palmas.
“A Brigada de incêndio do aeroporto estava desde as 10h da manhã de sábado no combate efetivo das queimadas que dizimaram mais de 200 hectares de área verde, quando no período da tarde foi solicitado apoio ao Ciopaer, haja vista a dificuldade em controlar o fogo que avançava cada vez mais em direção a pista de pouso e decolagem do aeroporto de palmas e a equipamentos de alto valor agregado, essenciais a operação do aeroporto”, afirmou.
Guilherme Mendes disse ainda que “sem o apoio do helicóptero, o incêndio poderia ter impactado diretamente nas operações do aeroporto, suspendendo operações e atrasando voos, impactando centenas de passageiros”, concluiu.
Outra missão importante que o helicóptero foi utilizado ocorreu no último dia 11 na plataforma multimodal da ferrovia norte-sul, em Porto Nacional. Naquela oportunidade, reservatórios, vagões e caminhões com combustíveis estavam vulneráveis ao fogo. Após o combate intenso do CBM/TO, brigadistas locais e do Ciopaer, o perigo de explosões foi descartado e o fogo controlado.
A equipe do Ciopaer também atuou na região de Araguacema e Caseara, inclusive no Parque Estadual do Cantão, onde foi realizado o monitoramento das queimadas e, também a prevenção à caça e pesca predatória.
Neste ano de 2017, o Ciopaer já superou a marca histórica dos anos anteriores em número de lançamentos de água com o bambi bucket. A equipe da unidade aérea é mantida de prontidão para essa e outras missões, podendo ser acionada pelos órgãos do Estado ou via Siop.
Rio de Janeiro – O Grupamento Aeromóvel (GAM) da Polícia Militar apoiou o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e o Corpo de Bombeiros no combate ao incêndio florestal no Parque Estadual da Serra da Concórdia (PESC), em Valença.
As chamas tiveram início no último sábado (16), atingindo uma região de mata virgem. Os últimos focos foram controlados nesta terça feira (19) e estavam já próximos ao distrito de Ipiabas, em Barra do Piraí, na RJ-137, que liga o município à Conservatória.
A equipe do helicóptero do GAM utilizou o dispositivo “bambi bucket” para despejar água sobre o fogo. Ao todo, o Parque Nacional da Serra da Concórdia possui 5.956 hectares e um número significativo de fauna e flora.
Paraná – A polícia e os bombeiros do Paraná estão utilizando uma nova ferramenta para auxiliar no combate a incêndios. É o “bambi bucket”, uma espécie de balde que lança água a partir da aeronave, uma opção a mais nas ocorrências de incêndio ambiental, em apoio ao Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.
“É uma operação complexa e praticamente inédita aqui na Polícia Militar do Paraná”, afirma o tenente João Paulo de Toledo Lazaroto, oficial do Batalhão da PM de Operações Aéreas (BPMOA).
Na ocasião, o helicóptero do BPMOA também foi usado para suporte logístico das equipes de combate, transportando água, alimentação, ferramentas, bombas costais e bombeiros para os locais de combate. “Só o equipamento contra incêndio não resolve. Ele complementa a operação dos bombeiros. A utilização do aparelho de forma eficaz na operação do Araçatuba contribuiu para concretizar uma doutrina formal, que é possível e viável. É mais uma possibilidade de atuação no suporte aéreo às equipes no Paraná”, diz o tenente Lazaroto.
TREINAMENTO
Nas últimas semanas, os policiais e bombeiros militares do BPMOA passaram por um treinamento específico para operar com o equipamento, para que todos estejam preparados em termos logísticos e técnicos em novas situações.
“Esse tipo de operação pode ocorrer em locais nos quais haja um ponto de captação de água bem próximo: no máximo a cinco minutos de distância do local do incêndio. Mais do que isso, torna a utilização ineficiente”, explica o tenente Lazaroto.
O voo precisa ser adaptado para esse uso específico. Além do piloto, apenas mais um tripulante é transportado, além do equipamento, que pesa cerca de 40 quilos e, cheio, pode carregar até 540 litros – praticamente 600 quilos a mais na aeronave: são condições que alteram a maneira de pouso e performance da aeronave. Os demais membros da equipe permanecem em solo para fazer a coordenação com a equipe de bombeiros no local e calcular fatores como vento e direção: parte fundamental para o sucesso da ação.
“A operação de combate a incêndio é uma missão planejada, não uma emergência: previamente, é feito um estudo de caso para verificar necessidade e possibilidade do uso”, diz o tenente. Também é necessário levar um caminhão de abastecimento de combustível.
O “bambi buchet” é um equipamento muito utilizado em países com maior incidência de incêndios ambientais, como Portugal e Canadá, que são referência nesse quesito. Vários estados brasileiros também utilizam-no.
Paraná – O Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) está em aperfeiçoamento constantemente e desde a última semana desenvolve operações diárias em apoio ao 6º Grupamento de Bombeiros (6º GB) e às equipes da Defesa Civil para combater um incêndio florestal no Morro Araçatuba, localizado na cidade de Tijucas do Sul.
Em um trabalho inédito no Paraná, o BPMOA está utilizando um novo equipamento: o bambi bucket, um instrumento capaz de reter água para lançar nas chamas.
De acordo com as informações do oficial de Relações Públicas do batalhão, tenente João Paulo de Toledo Lazaroto, o equipamento tem o formato de um balde que armazena e lança água. “O helicóptero também foi usado para suporte logístico das equipes de combate às chamas, transportando água, alimentação, ferramentas, bombas costais e bombeiros para os locais de atuação dos bombeiros”, disse.
A operação é considerada complexa e inédita no estado, mas comprova a eficiência da unidade especializada em dar o suporte para casos de incêndios em grandes proporções.
Amapá – No dia 16/12 foi realizado pelo Grupo Tático Aéreo – GTA do Amapá o treinamento e familiarização do equipamento de combate à incêndio florestal denominado Bambi Bucket.
O treinamento foi direcionado aos pilotos, tripulantes operacionais e mecânicos lotados no grupamento.
O curso teve como instrutores o Comandante de helicóptero Magno Magave e o tripulante operacional Hericson Neris, sob a supervisão do Coordenador do GTA, Comandante Rubem Júnior.
O curso foi dividido em uma parte teórica pela manhã e no período da tarde todos participaram do emprego prático do equipamento de combate a incêndio. Esse tipo de treinamento é importante para a padronização da operação, para que seu uso seja eficiente e para oferecer mais segurança em seu emprego.
Santa Catarina – Um incêndio atingiu um galpão na tarde do dia 09/11, na região central de Joinville. Bombeiros Voluntários de Joinville e o helicóptero Águia da Polícia Militar foram acionados para atender a ocorrência. A fumaça preta pode ser vista a quilômetros de distância. Ninguém ficou ferido.
O local na avenida Hermann Augusto Lepper servia como depósito de uma empresa que fabrica enfeites de Natal. Uma academia que fica atrás do galpão no bairro Saguaçu precisou ser evacuada, mas não foi danificada pelo fogo.
Dezoito bombeiros trabalham na ocorrência em coordenação com o helicóptero Águia. Aproximadamente 18 mil litros de água já foram utilizados para combater as chamas. O galpão de aproximadamente 350 metros quadrados teve mais de 60% do espaço atingido e o telhado chegou a desabar.
O helicóptero Águia, utilizando o equipamento Bambi Bucket com capacidade total de 540 litros, fez dezenas viagens pegando água do rio cachoeira para ajudar no combate ao incêndio. Esse equipamento é usualmente utilizado em incêndio florestais, mas também é eficiente em determinados incêndios urbanos. Cinco caminhões dos bombeiros voluntários de Joinville trabalharam no rescaldo e combate às chamas.
O Maj PM Alessandro Machado, comandante do Águia de Joinville, estava com um tripulante lançador. Com várias passagens e captações de água conseguiram ajudar os bombeiros voluntários a debelar o incêndio. “Essa é uma operação que demanda muita experiência e treinamento, o tripulante lançador que fica deitado no piso traseiro do helicóptero é fundamental para a captação de água e para lançamento. É ele quem diz onde e quando devo lançar a água. O trabalho sincronizado dentro da aeronave é fundamental. Ficamos felizes em pode ajudar.”, disse o Maj PM Machado depois da operação.
Durante a operação do helicóptero muitas pessoas registraram imagens e vídeos, mas Milton Wendel conseguiu fotografar detalhes da operação e como foi importante a ação eficiente da equipe do Águia no combate ao incêndio urbano. O local precisou ser isolado e o trânsito interditado em frente ao Museu de Sambaqui e no binário da rua Dona Francisca.
Os bombeiros não sabem qual foi a causa do incêndio. Será feita uma perícia no local. Não havia ninguém no local quando as chamas começaram e não houve feridos. O fogo foi controlado por volta das 16h30. Próximo a este imóvel encontra-se o almoxarifado da Secretaria da Saúde, mas não foi atingido.
Com informações de: G1, A Notícia e Notícias do Dia.
São Paulo – Na tarde do dia 10/07, a equipe de voo do Águia 5 foi acionada pelo 7° Grupamento de Bombeiros para apoiar no combate a um incêndio em uma área de mata no Parque Xangrilá, em Campinas, interior de São Paulo.
Para esse tipo de missão, o Águia utiliza um cesto (bambi bucket) instalado no gancho de carga da aeronave com capacidade de armazenar cerca de 500 litros de água. Este equipamento possibilita o lançamento de água sobre os focos de incêndios, visando a sua total extinção ou a redução da área do incêndio para o trabalho das equipes em terra.
Trata-se de uma operação aérea complexa e requer uma coordenação muito precisa entre a tripulação. Para isso, a equipe segue um procedimento operacional padrão (POP) específico, que prevê ações e resultados esperados. Dados como velocidade de deslocamento em voo, parâmetros de limitação da aeronave e condições meteorológicas no local são previamente observados para o cumprimento da missão.
Foram realizados 66 lançamentos de água em um período de 4 horas em uma área atingida de, aproximadamente, 10.000 metros quadrados.
No dia 22 de abril de 2016, a equipe do Grupamento de Radiopatrulha Aérea de Piracicaba (BRPAe PIR), com o Águia 22, realizou, em apoio ao Corpo de Bombeiros – 16º GB, combate a incêndio de grandes proporções ocorrido na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, antigo Horto Florestal do Município de Rio Claro/SP.
O incêndio atingiu uma área equivalente a mais de 20 (vinte) campos de futebol e foi considerado de gravidade pelos Bombeiros, já que havia o risco das chamas alcançarem os prédios e estacionamentos da UNESP de Rio Claro/SP.
Para o controle e extinção das chamas, a equipe do Águia de Piracicaba realizou 12 (doze) lançamentos de água nos focos de incêndio com a utilização do equipamento “Bambi-Bucket”.
A água foi captada em uma estação de tratamento localizada a aproximadamente 500m do local do incêndio. O Corpo de Bombeiros informou que as causas ainda são desconhecidas. O incêndio foi controlado após 4h de trabalhos conjuntos entre Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil.
Santa Catarina – Equipes dos bombeiros e da Polícia Militar, com o apoio do helicóptero Águia da 2ª Companhia do Batalhão de Aviação da PM, em Joinville, atuaram no combate a um incêndio que atingiu uma área de mata nos fundos do terreno da Petrobrás, no bairro Majorca, em São Francisco do Sul , no início da tarde desta sexta-feria (08/08).
O incêndio aconteceu em mata nos fundos da Transpetro, um entreposto de armazenamento de petróleo, o qual, junto com a comunidade que mora nas adjacências, corria sério risco de ser atingida. Caso fosse, a tragédia poderia ter proporções extremamente expressivas.
Com o apoio de bombeiros, a equipe do helicóptero águia da PM de Joinville, com uso do equipamento “bambi bucket”, conseguiram debelar o fogo, após o alijamento de mais de 12 mil litros de água. Não houve confirmação de pessoas feridas.
Amazonas – Os militares do Comando de Bombeiros de Salvamento Aéreo e Resgate (CBSAR), do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), participaram de uma aula prática do Curso de Operação do “Bambi Bucket”, um equipamento acoplado ao helicóptero multimissão da corporação para o combate a incêndio florestal. O treinamento aconteceu no balneário da Ponta Negra, zona oeste de Manaus e finalizou o curso que teve início na última quarta-feira, 23 de julho.
O objetivo da instrução foi aperfeiçoar o conhecimento dos cinco pilotos e nove tripulantes do CBMAM na utilização do “Bambi Bucket”, que é um reservatório de lona com capacidade para captar 540 litros de água, utilizado para controlar incêndios no período de maior incidência de queimadas urbana e florestal no Amazonas, compreendido entre os meses de agosto e novembro.
A forma correta de fixar o aparelho na aeronave foi minuciosamente explicada aos participantes. “É um sistema utilizado no mundo todo para combater incêndios florestais e em casos restritos pode ser usado também para controlar fogo em favelas ou lugares difíceis”, afirmou o tenente-coronel Tupinambá, Comandante do CBSAR.
A simulação chamou a atenção dos banhistas, que registraram cada passo da operação, como foi o caso do comerciante Nilson Fernandes, 40. “Eu me surpreendi com a operação, pois mostra que os bombeiros estão preparados para combater as queimadas. Acompanhamos nos jornais que a nossa floresta está ameaçada e agora estou tranquilo, pois temos pessoas capacitadas e empenhadas para controlar essa situação”, enfatizou.
Além do atendimento pré-hospitalar e agora a prevenção às queimadas utilizando o “Bambi Bucket”, o helicóptero tem ainda pontos de ancoragem para ser utilizado em resgate por meio de rapel. Em um mês de atividades, a aeronave do CBMAM realizou 17 atendimentos e vem reduzindo o tempo resposta nas ocorrências da Região Metropolitana de Manaus.
A SEI Industries Ltd foi fundada em 1978 e tem sede no Delta, BC, Canadá e ficou mundialmente conhecida por sua invenção do famoso “Bambi Bucket”, equipamento que é usado por helicópteros para despejar água sobre incêndios florestais.
O original Bambi Bucket foi introduzido pela primeira vez pela SEI Industries Ltd. em 1982. Naquela época, baldes de combate a incêndio não eram novos, mas o lançamento do Bambi Bucket representou um passo significativo para este tipo de equipamento pois a SEI tinha sido capaz de fazer o que os outros não tinham – aperfeiçoar um balde dobrável, utilizando uma válvula controlada pelo piloto que poderia despejar uma coluna de água concentrada diretamente no fogo.
Esse equipamento é uma criação do inventor canadense Don Arney. Ele teve uma ideia para um dispositivo de combate a incêndios aéreo que permitisse aos operadores de helicóptero chegarem mais perto de incêndios e despejar água e espuma de forma mais precisa. Ele imaginou um produto que poderia ser usado para acessar praticamente qualquer fonte de água, incluindo os reservatórios de água, permitindo que os pilotos perdessem menos tempo voando e mais tempo combatendo incêndios.
O desenvolvimento deste inovador produto de combate a incêndios nasceu do valioso feedback recebido de operadores de helicópteros, bem como das agências florestais canadenses e americanas.
Estas agências usavam no helicóptero equipamentos de combate a incêndios para proteger áreas do fogo e sabiam que sem esse tipo de ferramenta poderiam ter muito mais trabalho no combate as chamas. Usando essas informações do usuário final, a SEI foi capaz de desenvolver um produto que hoje em dia detêm 90% do mercado mundial de equipamentos de combate a incêndios e é utilizado em mais de 110 países.
Desde 1982, uma variedade de opções foram desenvolvidas para atender às necessidades de diferentes tipos de helicópteros. A linha de produtos de Bambi Bucket oferecem mais de 20 tamanhos diferentes, que vão desde seu menor tamanho (um balde para o Robinson R44) até a sua maior versão de 9.850 litros.
Como surgiu o Bambi Bucket
Arney chegou à sua ideia para o Bambi Bucket enquanto testava balões de levantamento subaquáticos que eram usados para salvar destroços. Testava os balões submergindo-os em água e levantando-os no ar com guindastes para descobrir sua durabilidade.
“Um dia, eu estava olhando para balão pendurado no guindaste. 2.200 libras de água estão contidas em um ‘saco’ de 60 libras. E eu penso: ‘Humm, aviões … Agora, o que eu teria que fazer para transformar isso em um balde de combate a incêndios? ”, Disse Arney em um vídeo do YouTube.
“Bambi Bucket” não é um apelido, ela realmente é uma marca registrada de propriedade da fabricante canadense SEI Industries, cujo inventor é Donald Brian Arney. Ele começou a desenvolver um sistema de válvulas que controlaria a liberação de água das sacolas e sua invenção do Bambi Bucket é coberta pela Patente dos EUA No. 4474245 emitida em 2 de outubro de 1984 e intitulada Balde de Combate a Incêndio Reduzível.
Em maio de 2017, Don foi introduzido no Hall da Fama dos Inventores Nacionais (EUA) por essa invenção. O Bambi Bucket provou ser um avanço revolucionário para o mundo do combate a incêndios e ainda é um equipamento padrão e amplamente utilizado no mundo. Hoje o lendário Bambi Bucket é usado em mais de 115 países e por mais de 1.000 operadores de helicópteros.
O piloto policial Hamilton Carvalho da Secretária de Segurança do Distrito Federal desembarcou no dia 17/09 no hangar do Centro Integrado de Operações Aéreas – Ciopaer, localizado no Aeroporto Internacional Marechal Rondon em Várzea Grande/MT. A visita durou até o dia 22/09 e teve a finalidade de realizar instruções práticas no helicóptero Esquilo, modelo AS350 B2.
A política de intercambio entre instituições que exercem atividades de segurança pública aerotransportadas é prática exercida pela Coordenação do CIOPER, frente à necessidade de constante atualização de informações que visem à segurança de vôo.
No dia 19/09 os pilotos e tripulantes do CIOPAER realizaram instruções práticas de combate a incêndio por meio do equipamento conhecido por Bambi Bucket.
O Bambi é um reservatório que acoplado a aeronave permite o armazenamento de até 500 litros de água que podem ser despejados sobre o foco de incêndio.
As queimadas são freqüentes nesta época do ano no Estado de Mato Grosso fazendo-se necessária a utilização de todos os equipamentos disponíveis para amenizar os seus efetivos.
Resumo: Analisa a atuação de helicópteros do Grupamento de Radiopatrulha Área da Polícia Militar do Estado de São Paulo no incêndio na favela denominada Heliópolis, na Capital do Estado em 1996.
Palavras-chave: Uso de helicóptero, fogo, salvamento e operação resgate.
Manhã do dia 17 de junho de 1996. Era um dia nublado que, por volta das 06:30 horas, mal acabara de nascer. Como rotineiramente fazemos, naquele dia cheguei ao nosso hangar no Campo de Marte, vesti meu macacão de voo e respectivos acessórios e me dirigi até minha aeronave, a fim de fazer o pré-voo1. Como sempre, as aeronaves já estavam devidamente inspecionadas pelos mecânicos de serviço e prontas para a operação daquele dia, que aparentava ser mais um dia normal, sem grandes diferenças dos anteriores.
Estava escalado como Comandante de Aeronave2 da equipe “A”3, motivo pelo qual fazia o pré-vôo do Águia Seis, preparando-o para a execução do vôo de trânsito4. O Tenente Peixoto, Comandante de Operações e meu segundo piloto, procedia o briefing5 ao tripulante e passageiros não habilitados, no caso, um oficial do Comando de Policiamento de Trânsito e um engenheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET, da Prefeitura do Município de São Paulo.
Neste ínterim, o Capitão Monte Oliva, Comandante da Aeronave da Equipe “B”, fazia o pré-vôo do Águia Dois, enquanto o Tenente Médico Galetti e o Sargento Enfermeiro Pimentel checavam todos os kits de emergência e equipamentos médicos da aeronave. O Tenente Beni estava na sala de rádio, nossa Central de Comunicações, pois fora chamado pelo Tenente Joseval, chefe da equipe de tripulantes operacionais, para acompanhar o desenrolar de uma ocorrência com possível existência de vítimas em um prédio em chamas na favela Heliópolis, zona sul da cidade de São Paulo.
O APOIO DA IMPRENSA
A informação foi passada pelo Comandante Luchesi 6, piloto da aeronave da Rede Globo, a qual fazia seu rotineiro voo de reportagem para aquela emissora de televisão, juntamente com a repórter Eleonora Paschoal e o repórter cinematográfico Edson Silva. Disse que, no local, havia várias vítimas e o fogo era muito intenso, sendo que até aquele momento não havia nenhuma viatura do Corpo de Bombeiros e o trânsito estava muito complicado na região. Notou-se que o mesmo estava muito emocionado ao passar as informações.
O ALARME É ACIONADO
Prontamente, às 07:20 horas, foi acionado o alarme, fazendo soar duas vezes a sirene, indicando que se tratava de ocorrência de resgate, quando decolou o Águia Dois, cerca de um minuto depois.
Tendo em vista a possibilidade de o Águia Seis ser utilizado em apoio a essa ocorrência, uma vez que havia informações não confirmadas de vítimas no teto do prédio em chamas, solicitei ao Tenente Peixoto que acompanhasse a fonia do Águia Dois, na sala de rádio, orientando os mecânicos na preparação do material que poderia ser usado para o potencial salvamento, adiando o vôo de trânsito.
Para mim, esse foi um momento de ansiedade, uma vez que passou em meus pensamentos que as únicas vezes em que helicópteros foram usados no Brasil em incêndios em edificações elevadas foram nas tragédias dos edifícios Andraus e Joelma. Comecei a pensar, apesar de nada confirmado ainda, como fazer para tirar as pessoas de cima de um prédio com os meios e técnicas que dispúnhamos. Não sabia a real extensão das chamas nem qual seria a reação da aeronave nessa situação. Nada escrito existia, nem ainda existe, sobre este tipo de emprego do helicóptero. O que eu tinha de informação eram apenas especulações e suposições. Afinal, naquela época o Grupamento de Radiopatrulha Aérea nem sequer estava nos planos da Corporação.
Finalmente, por volta das 07:27 horas, veio a confirmação, seis minutos após a decolagem do Águia Dois. Informaram que nossa decolagem deveria ser o mais rápido possível, uma vez que havia mais de vinte pessoas na última laje do prédio em chamas, sem a menor possibilidade de descerem com o auxílio dos bombeiros, já que era impossível o acesso ao local, devido ao fato de o fogo ser muito intenso.
Sobre a situação, esclareceu o Tenente Beni, pelo rádio:
“Ao chegarmos ao local, já havia várias viaturas do Corpo de Bombeiros, e a aeronave da Rede Globo filmando tudo. O Capitão Monte Oliva aproximou-se da laje do prédio, que estava com muita fumaça, quando então vimos várias pessoas sobre ele. Com a nossa aproximação, a fumaça dispersou e as vítimas conseguiram respirar. O Cap Monte Oliva verificou que o AB7 estava jogando água no segundo andar (o prédio tinha cinco andares), pois não viram as pessoas no teto, devido a fumaça. Imediatamente acionei o COBOM8 e solicitei que jogassem água no teto, pois havia várias vítimas, cerca de vinte. Em fração de segundos, o fluxo da água foi desviado e percebi que, pelo menos naquele momento, as vítimas estavam salvas, pois não agüentariam mais nem um minuto. Elas foram de encontro à água e se molharam desesperadamente, enquanto que, do chão, saía muita fumaça devido à vaporização pela alta caloria. Não sei quanto tempo elas agüentam. Venham logo com tudo o que puderem para fazer o salvamento, pois não podemos sair daqui.”
Conforme as orientações do Tenente Joseval, nosso mais experiente tripulante operacional, mandei instalar o material para o Rapel9 / McGuire10 e colocar o Cesto11 dentro da aeronave.
Chegando ao local, analisaríamos a situação e decidiríamos quais os meios e métodos seriam utilizados.
O APOIO CHEGA
Decolamos por volta das 07:35 horas, e quatro minutos após estávamos no local do sinistro. No caminho solicitei às aeronaves da imprensa que se afastassem do local para facilitar nossa operação e não haver a menor possibilidade de se criar uma situação de falta de segurança devido à proximidade com as mesmas, o que fizeram prontamente, desejando-nos boa sorte.
A cena presenciada é indescritível. De longe se via uma enorme nuvem de fumaça, tão densa que chegou realmente a preocupar. Chegando mais perto, avistamos o Águia Dois fazendo um voo pairado próximo ao canto superior esquerdo do edifício em chamas, mantendo-se cerca de dez metros das labaredas. As chamas saíam por todos os cantos do edifício e, no último pavimento, quase que “abraçavam” o prédio.
O prédio ficava num dos cantos da enorme favela. Tinha cinco andares e seu esqueleto de concreto parecia muito frágil naquele momento. Paredes só se viam algumas, de madeira e papelão, colocadas pelos “moradores”, uma vez que tudo já tinha sido consumido pelo fogo. Do segundo andar para cima, tudo era só concreto e ferros retorcidos no meio do fogo e fumaça intensos.
Próximo ao canto superior esquerdo, onde estava o Águia Dois, avistamos as pessoas aflitas, desesperadas, tentando se molhar na pouca água que o Corpo de Bombeiros conseguia jogar. Eram mais de vinte seres humanos. O Capitão Monte Oliva não podia sair dali, uma vez que, por acaso, verificou que a proximidade da aeronave afastava o fogo daquele lado. Por esse motivo, todas as pessoas se juntaram ali. Caso ele saísse, o fogo imediatamente atingiria aquelas pessoas. No entanto, minha aproximação ficaria muito restrita, pois a laje era pequena e nossas aeronaves correriam o risco de colidirem.
Pela fonia, o Capitão Monte Oliva me informou:
“Falconi, não posso sair daqui, porque o fogo está sendo mantido afastado devido à ação do vento do rotor12. Se eu me afastar daqui, certamente o fogo vai atingir as pessoas e elas vão acabar morrendo queimadas. Vá depressa, pois não sei quanto tempo poderemos ficar nesse pairado13, pois a aeronave está muito instável!”
Vimos várias crianças, e me lembro de ter visto uma senhora grávida, em estágio bem avançado. Essa senhora tentou saltar de lá de cima, mas um senhor a segurou. Todos pulavam como se estivessem proibidos de pisar no chão, o qual fervia de tal modo que a água jogada pelos bombeiros mal tocava o piso e já se evaporava, gerando muita fumaça.
Disse o Tenente Beni, após operação:
“Um momento que não esqueço foi quando uma mulher tentou pular. O Tenente Galetti (médico) gritava e gesticulava compulsiva e desesperadamente para alguém segurá-la. O Capitão Monte Oliva aproximou ainda mais a aeronave quando, então, a mulher foi segura por um homem e estava salva”.
Lembro que naquele momento cheguei a pensar que não seria possível fazer mais nada. Perguntei ao Capitão Monte Oliva, piloto muito mais experiente, como estava se comportando a aeronave naquele calor. Ele disse:
“Falconi, o helicóptero está bastante instável e exigindo bastante a potência do motor. Estou com o NG14 entre 97 e 98%. Acho que é melhor você usar o McGuire.”
Porém, decidi tentar antes uma aproximação com a aeronave, como se estivesse com o Cesto, com o objetivo de testar sua reação, uma vez que este equipamento é mais fácil de operar, mais rápido para instalar e é capaz de retirar mais pessoas ao mesmo tempo, se comparado com o McGuire.
Infelizmente, não foi possível. Constatei que o calor era muito intenso e, na distância necessária para colocar o Cesto no topo do prédio (cerca de seis metros), corríamos o risco de as chamas atingirem a aeronave, com conseqüências desastrosas.
Nesse mesmo momento,informou o Tenente Beni pelo rádio:
“Peixoto, não sei de que maneira, mas um bombeiro conseguiu chegar no topo do prédio. Ele está tentando acalmar as pessoas e está conseguindo controlar a situação.”
O USO DO McGUIRE PARA O SALVAMENTO
Pousei, então, em um prédio em frente ao que estava em chamas, para proceder a instalação dos cabos e preparar a aeronave para o McGuire. Tripulavam a aeronave o Tenente Joseval e o Sargento Adão. Solicitei ao Tenente Joseval que fosse embarcado, devido a sua experiência. Precisaríamos, portanto, de mais um tripulante para ser levado no McGuire com o Sargento Adão. Imediatamente, por solicitação do Tenente Peixoto, o Sargento Januário (do Corpo de Bombeiros) se apresentou para a arriscada missão. Nesse momento o Tenente Peixoto me falou:
“Falconi, pedi a um Sargento do Corpo de Bombeiros que fizesse o McGuire juntamente com o Sargento Adão. Ele nunca atuou em uma missão real, mas já o orientei sobre como proceder. O Adão está um pouco nervoso, mas disse que vai enfrentar a situação. Todos já foram orientados também pelo Joseval, e está tudo pronto para decolarmos.”
Era a primeira vez que uma missão desse tipo seria realizada. A mesma consistia em içar os dois sargentos por meio de cabos conectados à parte interna da aeronave e colocá-los em cima do prédio. Cada qual iria com um cinto extra para conectar, com segurança, mais duas pessoas, repetindo-se a operação até tirarmos todos do prédio. Os cabos escolhidos foram os de cinqüenta metros, uma vez que permitiria realizar um vôo pairado de longa duração, exigindo o máximo de potência da aeronave, devendo mantê-la o mais distante possível do fogo e da fumaça.
Lembro do momento da decolagem do playground daquele prédio, cerca de dez minutos após (07:50 horas). A aeronave subia, subia e o cabo parecia não ter fim. As pás passavam muito próximas ao edifício. Finalmente, o cabo esticou e o Tenente Joseval deu “livre deslocamento”. Iniciei deslocamento à frente.
A teoria foi muito boa e o procedimento adotado, já treinado em outras situações sem a presença de fogo, foi o correto. No entanto, foi muito difícil a condução da aeronave até o local. O ar em torno do edifício era muito rarefeito e turbulento, devido ao calor. A visibilidade era muito prejudicada devido à fumaça, restringindo muito o uso de pontos de referência para fazer o pairado. Fiquei muito preocupado com aquelas vítimas e com a segurança da operação.
Após fazer a perna base 15, já na aproximação final para a colocação dos tripulantes no teto do edifício, iniciou-se um pêndulo 16 longitudinal e depois circular, motivo pelo qual tive que arremeter 17 e fazer novo circuito, uma vez que a situação não permitia mais ganhar velocidade. Novamente ocorreu o pêndulo e novo circuito foi necessário. Comecei a ficar impaciente, pois não conseguia tirar o pêndulo, mesmo com toda a calma passada pelos tenentes Joseval e Peixoto. O ar estava muito turbulento e quente, e os parâmetros da aeronave chegavam a todos os limites operacionais. Suava bastante, e a responsabilidade que imputei a mim aumentou, afinal aquelas pessoas estavam dependendo de nós.
Na terceira tentativa, finalmente, conseguimos colocar os tripulantes no teto do edifício.
A fumaça, por várias vezes, tirava minha visibilidade e, constantemente, tinha que mudar meus pontos de referência. O calor era, mesmo naquela altura, insuportável. Os parâmetros ficaram mais próximos ainda dos limites.
O Tenente Joseval passava a todo instante as informações necessárias: “aeronave à frente”, “aeronave à esquerda” etc., até que, em determinado momento, disse que os dois tripulantes estavam ancorados 18 as duas primeiras vítimas, ambas crianças.
Disse, depois, o Sargento Adão:
“Tenente, nunca estive numa situação tão difícil. Ao mesmo tempo que queria salvar aquelas pessoas, via que poderia morrer se o senhor cometesse alguma falha. As pessoas viram em nós sua tábua de salvação. Todos queriam ser os primeiros a serem socorridos e tive até de agir com energia, dizendo que a prioridade eram as crianças, depois mulheres e homens adultos. Houve até uma certa confusão, mas tudo acabou correndo bem. Selecionei as duas crianças menores e que estavam aparentemente piores. Coloquei umas delas em meus braços ancorada ao meu equipamento, o mesmo fazendo o Sargento Januário. Quando dei o sinal ao Tenente Joseval para abandonarmos o local, o senhor não imagina o alívio que senti, apesar de saber que deveria estar lá novamente para tirar as outras vítimas.”
Depois de ancoradas as crianças, o Tenente Joseval, finalmente, após “horas de ansiedade”, as quais duraram exatamente cinco minutos, deu “livre, aeronave para cima” e “livre deslocamento”. Durante aqueles cinco minutos, cheguei a pensar em abortar a missão, pois estava muito crítica, mas algo superior me acalmava. Pensei nos tripulantes que estavam arriscando suas vidas, sabendo que um pequeno erro em minha ação nos comandos e qualquer vacilo em superar aquelas dificuldades poderiam causar uma tragédia.
Nesse meio tempo, devido à ação do vento das duas aeronaves e à chegada de uma viatura do Corpo de bombeiros com uma escada alta o suficiente para jogar água no prédio, é que foi possível também àquele bombeiro, devidamente equipado com capa, capacete, bota e proteção respiratória, chegar ao topo, pelo o qual passou a coordenar a seqüência das pessoas que seriam socorridas pelos helicópteros.
O USO DO CESTO PARA O SALVAMENTO
Enquanto desembarcávamos as duas primeiras vítimas no estacionamento do prédio em frente, a fim de serem atendidas pelo pessoal do Resgate, o Capitão Monte Oliva saiu do local para pegar o Cesto que havíamos deixado no playground do mesmo edifício. Essa parte nós não vimos, porém ele me disse depois:
“Você não imagina com que aflição eu estava enquanto vocês não chegavam. Eu estava vendo as vítimas pulando feito pipocas na frigideira e não podia fazer nada. Até tentei aproximar a aeronave no teto, mas foi impossível. Vi então que não poderia sair mais dali, pois o pairado provocou o afastamento do fogo que abraçava a laje. Quando vi as dificuldades enfrentadas por você ao fazer o salvamento com o McGuire, achei que várias pessoas morreriam. Porém, o fogo foi diminuindo aos poucos com a chegada de mais água e a ação do vento do seu helicóptero. Então, para ganhar tempo, resolvi instalar o Cesto e tentar resgatar algumas vítimas, enquanto você fazia a operação com o McGuire.”
Verifiquei então que o mesmo já estava em aproximação final para o topo do prédio, com o Cesto. Não entendi muito bem como o faria, uma vez que ele não tinha nenhum tripulante a bordo para fazer o lançamento, afinal tripulavam a aeronave, além dele, o segundo piloto, o oficial médico e o sargento enfermeiro. Depois o Tenente Beni me explicou:
“Resolvemos pousar no playground e instalar o Cesto. O Capitão Monte Oliva me perguntou se eu seria capaz de fazer o lançamento e eu, claro, disse que sim. O Sargento Pimentel, prontamente se ofereceu para ir no Cesto. Fizemos a instalação, um pequeno briefing e decolamos. Só depois fui ver como a situação era difícil. Fiquei deitado no piso da aeronave, e a sensação foi muito estranha, pois nunca tinha feito aquilo antes, apesar de ter participado, como segundo piloto, em várias situações e saber perfeitamente como proceder. No entanto, a situação assim o exigiu. Vi que a responsabilidade foi transferida toda para mim no que dizia respeito à orientação da aeronave, à vida do Sargento Pimentel e à vida das vítimas colocadas no Cesto.”
Disse depois o Sargento Pimentel:
“Nunca estive numa operação com Cesto, nem dentro dele. Mas a confiança que temos em Deus e na perícia dos pilotos, me deixou tranqüilo. Só não esperava que o Cesto, apesar de não pendular, girasse tanto. Achei que ia cair do topo do edifício na hora que desci do Cesto, pois eu estava muito tonto. Cheguei até a tropeçar. Ao colocar o pé na laje, minhas botas foram encobertas pela água fervente; foi quando senti a real situação daquelas pessoas. Colocamos mais três pessoas no Cesto, as que estavam piores, de acordo com minha avaliação de enfermeiro, entre elas a senhora grávida que quis se jogar de lá de cima. Percebi, então, que vários bombeiros já estavam conseguindo chegar ao teto e começaram a evacuá-las pela escada, protegidas pela água lançada pelo caminhão de bombeiros. Dei, então, o sinal ao Tenente Beni para decolarmos.”
Como os bombeiros já haviam conseguido chegar à laje e começavam a retirar as vítimas, uma vez que o fogo já havia baixado, o Capitão Monte Oliva resolveu pousar e suspender a operação de Cesto com seu helicóptero. O risco já não mais compensava, e a situação já estava sob controle dos bombeiros, apesar de ainda muito intenso o fogo. Continuou, então, com o apoio da equipe médica, na remoção dos feridos.
Enquanto o Capitão Monte Oliva fazia o salvamento com o Cesto, fiquei no pairado observando e avaliando a situação, quando o Tenente Peixoto, que já foi do Corpo de Bombeiros, notou que o combate ao incêndio estava prejudicado, pois os bombeiros não tinham acesso à parte dos fundos da favela, para onde o fogo se propagava. O vento estava levando as labaredas para os barracos próximos e ao outro prédio em construção, também invadido e não evacuado.
Que fique claro que isso não foi uma falha dos bombeiros, uma vez que a favela tem muitas ruelas estreitas e a distância da rua mais próxima, pela qual seria possível terem acesso as viaturas de bombeiros, era muito grande.
Também nos foi comunicado que a água das viaturas AT19 estava acabando e os hidrantes mais próximos, existentes no local, não estavam funcionando, o que aconteceu, provavelmente, devido ao fato de o local ter sido invadido, e as obras não terem sido concluídas. Tentaram coletar água do prédio em frente, mas a vazão era insuficiente.
O USO DO BAMBI BUCKET PARA DEBELAR AS CHAMAS
Apesar de já não haver vidas humanas potencialmente em risco, a não ser no caso de as chamas atingirem o outro prédio, decidi me deslocar com o Águia Seis ao Campo de Marte para instalar o Bambi Bucket20.
O Águia Cinco, tendo como Comandante o Tenente Henrique, como segundo piloto o Tenente Gaspar e Tripulante Operacional o Sargento Minozzi, já tinha decolado com equipamentos de salvamento Rapel / McGuire e Cesto para apoiar, se necessário. Eles compunham a Equipe “C”. Enquanto eu me deslocava para apanhar o Bambi Bucket, o Tenente Henrique começou a procurar algum manancial próximo ao local do incêndio que permitisse a coleta rápida de água.
As aeronaves da imprensa, que não perdiam nenhum detalhe, se prontificaram a também procurar, no entanto, quem acabou encontrando foi a própria tripulação do Águia Cinco. Tratava-se de um reservatório da SABESP próximo a divisa com Diadema. O Tenente Gaspar plotou o local através do GPS 21 e passou as coordenadas para nós, no Águia Seis.
Sugeri, então, que o Águia Cinco também retornasse a base para pegar outro Bambi Bucket para auxiliar nos lançamentos, diminuindo, assim, os intervalos entre os mesmos.
Chegando ao campo de Marte, solicitei a torre aproximação direta para o pátio do hangar da Policia Militar, procedimento não rotineiro. A torre marte imediatamente autorizou, uma vez que foi informada da emergência.
Os mecânicos já estavam a postos, com Bambi Bucket para 100% (580 litros), uma vez que estava com apenas 30% de combustível e o peso permitido. Depois de dois minutos devido a presteza dos mecânicos, o mesmo já estava instalado. Solicitei a torre decolagem imediata com carga externa (o Bambi) e, após autorizado, retornamos ao local, chegando lá por volta das 08:40 horas.
Cerca de dez min depois, o Águia Cinco decolou com o Bambi Bucket a 70% (cerca de 410 litros), visto o mesmo estar com limitação de peso, pois estava com cerca de 50% de combustível.
Encontrei, sem problemas, o local para abastecimento do Bambi Bucket graças às coordenadas geográficas fornecidas anteriormente. Efetuamos cinco lançamentos cada um, alternadamente, acabando por extinguir, quase que totalmente, o fogo e afastando de vez o perigo de o mesmo atingir as circunvizinhanças.
Enquanto fazíamos a extinção do fogo, o Águia Dois retornou à sua missão inicial de fazer o socorro de vitimas que aguardavam para serem removidas ao hospital Heliópolis, com os cuidados de nossa equipe médica.
O BOM FILHO À CASA TORNA
Retornamos todos ao campo de marte, a tempo de ver os comentários das varias emissoras de televisão, cujos jornalistas não se cansavam de tecer elogios a atuação de nossa corporação.
A operação foi divulgada ao vivo nas principais emissoras televisivas do território nacional e para todo mundo através da CNN e diversas outras empresas internacionais.
Em momento algum tivemos expoentes de atuação, executando todas as ações de maneira coordenada, não se desperdiçando um segundo sequer de tempo. Tudo funcionou como um relógio: enquanto uma aeronave fazia uma coisa, a outra fazia outra, todos se comunicando e se entendendo perfeitamente. Pela primeira vez, numa única operação, foram tão diversificadas as técnicas e meios para o combate a um incêndio em edificações elevadas, além dos convencionais.
UMA OPERAÇÃO DE RISCO
Existe um risco real do emprego da aeronave próximo ao fogo ou em ambientes próximos devido a vários motivos técnicos 22. Angustiava-me saber que a única solução seria arremeter o mais rápido possível, a fim de salvar minha tripulação embarcada e não causar estragos maiores. No caso de Heliópolis, se isso acontecesse, teríamos que primeiro cortar os cabos ou alijar o cesto, para depois arremeter, sendo este o principal risco que correram os tripulantes, verdadeiros Heróis.
Com relação às cenas presenciadas por mim e por todos os que participaram da operação, as mesmas nunca mais serão esquecidas, cenas que mostraram momentos de verdadeiro horror e angustia, por não se ter certeza do que e como fazer para controlar a situação. Sempre vou lembrar aquelas crianças chorando, daquelas pessoas gritando e gesticulando para nós, aquela senhora que tentou pular e foi salva por aquele homem que, muito calmo, a segurou. Lembro-me de todos saltitando de tão quente o chão e de um senhor que ficou o tempo todo agachado, até ser retirado por um bombeiro, enquanto o outro helicóptero ficava no pairado no meio do fogo e da fumaça. Coisas que só vemos em filmes.
Nada foi tão emocionante e gratificante quanto a retirada das primeiras vitimas, após todas as tentativas frustradas de aproximação com pendulo. Achei que não iria conseguir, mas depois de pousar, aquela tremedeira nas pernas acabou e pude respirar aliviado ao ver que tudo dera certo. Naquele momento, tivemos que ultrapassar vários limites dos helicópteros e principalmente pessoais, o que fizemos com absoluto sucesso. Tão apreensiva foi a operação realizada com McGuire, a operação de lançamento de água com Bambi Bucket, normalmente tensa, chegou a ser até uma atividade “agradável”.
OS HERÓIS
Gostaria de referenciar e agradecer aqui a atuação dos Sargentos Adão e Januário (do Corpo de Bombeiros), que ficaram no McGuire, salvando as primeiras vitimas e do Sargento Pimentel, que desceu no cesto, salvando mais três vitimas. Esses profissionais são os verdadeiros Heróis que arriscaram suas vidas, uma vez que, pelo bem daquelas pessoas, se expuseram às chamas, enfrentaram o risco particular das operações de cesto e McGuire sem hesitar e se submeteram ficar à mercê dos comandantes das aeronaves, os quais pouco poderiam fazer caso as mesmas perdessem a sustentação, a não ser alijá-los.
UM DEPOIMENTO
No dia seguinte ao ocorrido, a equipe de reportagem da Rede Globo compareceu a nossa sede, no campo de marte, somente para nos agradecer e cumprimentar pela atuação. Recebi pessoalmente a equipe quando a repórter Eleonora Paschoal deu o seguinte depoimento:
“Vocês são demais! Estávamos fazendo um sobrevôo sobre o Osasco Plaza Shopping, onde, aliás, vocês tiveram uma brilhante atuação, fazendo umas tomadas para verificar se estavam fazendo alguma obra no local, com as imagens ao vivo. Ao terminarmos,o Luchesi perguntou para onde iríamos e, não sei o motivo, pedi para irmos para a zona sul, ver a favela da vila prudente. Quando lá chegamos fomos afastando a aeronave para melhorar o ângulo das tomadas. Em determinado momento o repórter cinematográfico Edson Silva avistou, na direção do Ipiranga, uma fumaça muito grande e resolvemos verificar o que era. Qual nossa surpresa quando, mais próximo do local, na favela Heliópolis, avistamos um fogo imenso. Solicitei a central da emissora para colocarmos as imagens ao vivo no ar, a fim de que alguém, bombeiros, policiamento, CET, Grupamento Aéreo, etc. as visse e tomasse as melhores providencias. Enquanto isso, o Luchesi tentava fazer contato pela fonia aeronáutica com o Solo Águia23, quando solicitou que mandassem imediatamente uma aeronave para o local e acionassem o Corpo de Bombeiros, que até o momento, não havia conseguido chegar. O Transito estava complicado demais. Depois de Termos conseguido o contato com vocês, chegando mais perto, avistamos aquelas pessoas correndo de um lado para o outro. A impressão que eu tinha é de que podíamos pegá-los com a mão, mas era mera ilusão. Emocionei-me muito nesse momento, e é uma cena que nunca mais vou esquecer. Senti-me totalmente impotente ante a situação e achei que as vitimas iriam morrer, pois ninguém chegava ao local. Havia um civil com uma mangueira de jardim, do edifício em frente, jogando água e varias pessoas gesticulando e gritando desesperadas.
O Edson Silva chegou até a dizer que não poderia mostrar ao vivo aquelas imagens de terror, mais era preciso, pois poderíamos ajudar em alguma coisa no planejamento da operação de salvamento.
Quando a emissora colocou no ar nossas imagens, já estávamos lá há cerca de quinze minutos. Ninguém chegava, e comecei a entrar em desespero. Foram minutos que pareceram eternos até vocês chegarem, quase junto com uma viatura do Corpo de Bombeiros. Ficamos torcendo muito e, no meio aquela situação confusa, não entendi muito bem o que seria feito, quando vi que o helicóptero de vocês se colocou próximo ao fogo, afastando as labaredas do teto, como se fosse um enorme ventilador. Achei isso sensacional, uma idéia magnífica. Menos de cinco minutos depois chegou o outro helicóptero e se aproximou mais ainda do teto, no meio do fogo e da fumaça, de tal modo que não podíamos nem vê-los direito de onde estávamos. E o resto você já sabe, pois estava lá.
Minha sensação de impotência ia aos poucos desaparecendo à medida que vocês atuavam. Tudo era perfeitamente coordenado, como se vocês tivessem ensaiado aquilo. Ficamos sabendo que nada semelhante no mundo havia sido feito anteriormente. Ficamos maravilhados com a atuação de vocês e dos bombeiros. O tempo todo vocês nos passavam informações da situação, através do Luchesi, as quais transmitíamos ao vivo para a televisão. Fiquei muito gratificada por isso, pois de impotente ante a situação passei a me sentir útil novamente. A maior recompensa foi ver, no final, que ninguém havia morrido pelo fogo, a não ser aquelas crianças intoxicadas que não saíram a tempo do prédio.
O trabalho de vocês foi fantástico. Já havia visto vocês operarem todos aqueles equipamentos isoladamente em outras ocasiões. A criatividade, a sensibilidade, a rapidez nas decisões acertadas me deixou extasiada. A troca de informações entre vocês e as aeronaves da imprensa foi bárbara.
Vocês são realmente heróis, pois não é qualquer um que teria a coragem de fazer o que fizeram. Sempre que precisarem contem com a gente, e que Deus os proteja!”
O ENSINAMENTO
Dentre os vários ensinamentos que certamente assimilei naquele fatídico dia, um deles é que nada é absolutamente verdadeiro, a não ser que se prove na prática. Nunca sabemos realmente quais são nossos limites, apesar de sempre respeitá-los.
Acabamos, todos, cravando na história de nossa gloriosa Corporação mais uma página de um relevante serviço prestado à comunidade paulista, que serviu de exemplo ao Brasil e ao mundo. Certamente, sem a presença Divina, nada poderíamos ter feito.
NOTAS
1. Inspeção realizada em aeronave, por mecânicos e pilotos, antes do vôo.
2. Funções a bordo dos helicópteros do GRPAe: Comandante da Aeronave (primeiro piloto). Comandante de Operações (segundo piloto) e Tripulantes Operacionais (observadores, mecânicos, médicos e enfermeiros).
3. As equipes são divididas de acordo com as missões: “A” atende o policiamento aéreo (apoio em ocorrências, trânsito, rodoviária, buscas etc.), “B” atende o resgate (missões aeromédicas) e “C” atua complementarmente.
4. Vôo diário realizado nos períodos matutino e vespertino, nos horários de rush, objetivando melhorar a fluidez do tráfego, através do fornecimento de informações.
5. Instruções e recomendações transmitidas aos tripulantes e passageiros antes de qualquer voo ou missão.
6. Cel Res PM Sérgio Luchesi, ex-comandante do Grupamento de Radiopatrulha Área.
7. Viatura de grande porte equipada com tanque de capacidade aproximada de 4.000 litros de água e uma bomba d’água acoplada ao motor.
8. Centro de Operações do Bombeiro.
9. Técnica utilizada para as descidas controladas de homens em locais de difícil acesso, partindo de uma plataforma fixa (no caso o helicóptero no vôo pairado), onde são utilizados cabos e dispositivos ou esquemas para a frenagem durante a descida.
10. Técnica que leva o nome do sargento americano que a idealizou. Consiste no transporte de pessoas ancoradas na extremidade de cabos, normalmente tripulantes especializados, possibilitando aos mesmos ter acesso às vítimas para resgatá-las do local isolado.
11. Equipamento desenvolvido no GRPAe, idealizado a partir de um filme americano, que consiste numa gaiola de náilon com dois aros de alumínio que, quando suspensa, tem a forma cônica. Conectada ao gancho do helicóptero, permite o transporte de até quatro pessoas com segurança.
12. Disco formado pelo movimento circular das pás do helicóptero.
13. Vôo estacionário sobre um determinado ponto, tomando por base referências (horizontais, verticais e laterais) em relação ao solo.
14. Abreviatura utilizada para indicar o Regime do Gerador de Gases no grupo turbo motor (turbina), proporcional à potência a ele exigida.
15. Uma das frases do circuito de tráfego durante o procedimento de pouso, que é composto de perna do vento (quando a aeronave está se deslocando a favor do vento), perna base (curva de 180º mantendo ângulo constante, após a perna de vento) e aproximação final (quando a aeronave se coloca contra o vento para pouso).
16. Oscilação da carga colocada externamente à aeronave, podendo ser longitudinal, lateral e circular. O último é o mais perigoso por ser o mais difícil de ser revertido, devendo o piloto arremeter ou ganhar velocidade, nessa situação.
17. Abandonar a operação de aproximação.
18. Ato de conectar o equipamento de salvamento da vítima ao equipamento do Tripulante Operacional.
19. Viatura de grande porte, equipada com tanque de capacidade aproximada de 8.000 litros de água, cuja função principal é o transporte de água para o local do sinistro.
20. Equipamento canadense desenvolvido para combate a incêndios, consiste num cesto de náilon conectado ao gancho do helicóptero. Através desta técnica, coleta-se água e, através de acionamento elétrico feito pelo piloto, alija-a sobre o fogo.
21. Global Positioning System (Sistema de Posicionamento no Globo), aparelho navegador/localizador que usa satélites existentes na órbita terrestre para dar informações de latitude/longitude (coordenadas geográficas).
22. O ar fica turbulento devido às correntes ascendentes que existem no local: fica também rarefeito, diminuindo a sustentação e consequentemente exigindo maior potência do motor. A sustentação diminui, uma vez que é diretamente proporcional à massa de ar existente e à velocidade da superfície aerodinâmica. Como a tendência da aeronave é se deslocar para o local mais quente (que tem menor resistência ao movimento), no caso de aeronave começar a descer, o piloto aplica instintivamente o coletivo aumentando a potência. Com isso o ângulo de ataque das pás aumenta e ocorre o fenômeno do “stol de ponta de pá”, que é a perda de sustentação, pois a mesma faz com que a camada de ar que passa por ela se desloque a partir da extremidade do disco do rotor. Resumindo, quanto mais potência se aplica, mais sustentação se perde.
23. Nome operacional da Sala de Rádio do Grupamento de Radiopatrulha Aérea.
O autor atualmente é Coronel da Reserva da PMESP, Piloto de Helicóptero do Grupamento de Radiopatrulha Aérea. Formado em Eletrotécnica pela Escola Técnica Federal de São Paulo, em Direito pela Universidade Mackenzie e em Análise de Sistemas pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo.
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