Alagoas – Quando acontece um grave acidente em rodovias, ou uma pessoa se em encontra em estado crítico de saúde em um pequeno hospital no interior do Estado, e a transferência por meio de uma ambulância não é uma opção, a aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Alagoas é acionada para salvar vidas.
O Falcão 05, helicóptero do Samu Alagoas, é usado exclusivamente para realizar atendimentos médicos e de resgaste. De acordo com o Major Dárbio Alvim, supervisor do Samu, em Alagoas a aeronave é custeada pela Secretaria de Estado da Saúde, e existe um acordo de cooperação técnica com a secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) para que o helicóptero possa fazer todos os voos pelo Estado.
“A SSP é a operadora da aeronave, porque somente helicópteros da Secretaria de Segurança podem fazer pousos em qualquer local do Estado, como, por exemplo, nas rodovias. Mas a manutenção e a equipe médica são de responsabilidade da Sesau”, afirmou o supervisor.
O Samu Aeromédico de Alagoas foi criado em julho de 2010 e, desde então, já realizou 1.439 atendimentos. Até o mês de outubro de 2017 foram salvas 131 pessoas. Em cada voo alçado pelo Falcão 05 uma equipe de quatro tripulantes compõe a aeronave, sendo, um piloto, um médico, um enfermeiro e um tripulante que faz parte do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, para a proteção da aeronave e analisar local de pouso.
Para Christian Teixeira, gestor da saúde estadual, a aeronave, usada somente pela Sesau, mostra a determinação do Governo de Alagoas com a saúde do cidadão, prestando um serviço eficiente e seguro. “Com o Falcão 05 a equipe médica consegue dar uma resposta praticamente imediata para os pacientes que se encontram em um estado crítico, garantindo um tempo resposta muito menor, o que garante uma recuperação mais rápida e eficiente, além da redução de possíveis sequelas”, salientou Christian Teixeira.
Desatenção na Estrada
Era uma quarta-feira à tarde, quando o jovem Rodrigo da Silva, 16 anos, foi fazer um simples favor para um vizinho: encher dois botijões de água em uma fonte, distante cerca de um quilômetro de onde ele estava.
“Subi na moto, e coloquei os botijões em cada suporte de ferro. Quando cheguei na estrada comecei a perceber que os botijões estavam balançando muito e pensei que iriam cair. Olhei duas vezes para trás e arrumei os dois, na terceira vez que fiz isso puxei a moto para a contramão da estrada e acabei acertando a lateral de um carro. Depois disso, só lembro de acordar em cima de uma cama de hospital sem meu braço esquerdo e com o joelho quebrado”, contou o adolescente.
O acidente aconteceu no dia 9 de agosto desse ano, na AL-105 (AL-465), no município de Porto Calvo, Região Norte de Alagoas. No momento da solicitação, foi liberado de imediato o Samu Aeromédico e uma Unidade de Suporte Básico (USB), da Base Descentralizada de Porto Calvo.
Um dos primeiros a chegar ao local do acidente foi Clésivan Bonfim, 39 anos, vizinho de Rodrigo. “A primeira coisa que vi foi o braço dele no meio da pista, e o Rodrigo deitado no asfalto poucos metros à frente. Ele estava acordado, muito tranquilo e preocupado com o estado da moto e do carro, eu apenas falei: ‘não se preocupe, vamos cuidar de você’”, disse Clésivan, que é irmão dos donos dos dois estabelecimentos onde o garoto ajudava.
Segundo o médico Kléber Santana, coordenador do Samu Aeromédico, nessa ocorrência o Falcão 05 se encontrava em Maragogi para fazer uma transferência de paciente quando foram chamados pela central. “Assim que pousamos em Maragogi, recebemos a ligação de que havia acontecido uma colisão entre moto e carro, com a vítima no local e provável amputação de membro. Nesse momento abortamos a transferência que seria realizada e partimos para Porto Calvo”, lembra o médico.
A aeronave chegou em aproximadamente quatro minutos após a solicitação, no mesmo momento em que a USB do município começava a fazer a remoção do garoto da pista. “Nós pousamos em uma fazenda poucos metros do local. A ambulância levou Rodrigo imobilizado até a porteira da propriedade. Colocamos ele e o membro devidamente acondicionado para a tentativa de reimplante na aeronave e partimos para o Hospital Geral do Estado, fazendo o trajeto em cerca de 20 minutos”.
“Esse resgate não poderia ter sido feito sem a presença do helicóptero. Caso o menino tivesse ido de ambulância, possivelmente não teria sobrevivido. Foi mais uma vida salva graças ao trabalho do Samu Aeromédico”, afirmou Kléber Santana.
A mãe de Rodrigo, Vera Lúcia Barbosa, 38, mãe de seis filhos e viúva, conta que o garoto se desesperou em um primeiro momento, mas que está lidando bem com a situação. “Só tenho a agradecer a toda a equipe do Samu por ter salvo a vida do meu filho e também a todos os meus vizinhos que têm nos ajudado muito nesse momento difícil que estamos passando”, relatou a mãe.
Rodrigo passou oito dias internado na UTI do HGE. No total foram 41 dias na unidade hospitalar, onde teve que passar por diversos procedimentos como uma raspagem no que restou do braço, já que não foi possível reimplantar o membro, e uma cirurgia no joelho esquerdo fraturado.
“O acidente está muito recente, pouco mais de três meses, ainda vou precisar fazer outra cirurgia no joelho, mas quando eu me recuperar quero voltar a jogar bola”, disse Rodrigo.
Preparação para o voo
“Ao recebermos uma ocorrência, conferimos as informações da vítima para saber se a patologia se encaixa nos protocolos da aeronave, ou se uma ambulância pode fazer esse atendimento. Também analisamos se existe um local adequado para o pouso, e as condições climáticas naquele momento”.
“Sempre pedimos para a central um apoio em solo, seja de uma Unidade de Suporte Básico ou de Suporte Avançado. E quando chegamos, fazemos a triagem com os pacientes, no caso de múltiplas vitimas, para saber como proceder em seguida, se será preciso de outra ambulância, outro helicóptero – as aeronaves da SSP também estão capacitadas para realizar esses procedimentos”, explicou Kesley Garcia, médico do Samu aeromédico.
Ainda de acordo com Kesley Garcia, os equipamentos que são encontrados dentro do helicóptero são os mesmo de uma UTI. “No Falcão 05 nós temos a estrutura de um suporte avançado de vida, assim como em uma UTI, como desfibrilador, maca ou incubadora, cilindro de ar comprimido e oxigênio, uma maleta de vias aéreas para os casos onde seja necessário entubar o paciente, maleta de acesso venoso para a administração de medicamentos e os equipamentos de atendimento como óculos, máscaras e luvas”, contou o médico.
Nessa UTI aérea também existem um desencarcerador e uma serra, equipamentos utilizados pelo bombeiro da aeronave para situações onde seja necessário retirar vítimas presas em ferragens. Além dos atendimentos, o Samu Aeromédico realiza operações de patrulhamento, sobrevoando um trajeto entre a Barra de Santo Antônio e a Barra de São Miguel, nos feriados e finais de semana, quando as praias estão cheias, para evitar situações de afogamento.
Fonte: Agência Alagoas