ALEX MENA BARRETO
A recomendação da utilização de capacete de voo em operações aéreas com helicópteros pressupõe a mitigação de dois riscos principais: as lesões causadas por colisão com pássaros e as lesões causadas pelo impacto em caso de pouso de emergência.
Colisão com pássaros
A colisão com pássaros é muito mais comum do que se pensa. Muito embora, normalmente, mas não rotineiramente, os pássaros se afastem ao identificar a aeronave, pode acontecer a colisão, especialmente nos casos de visão comprometida, já que helicópteros e aves voam em alturas similares.
Quando a colisão acontece os riscos e estragos são grandes e proporcionais ao porte da ave e à velocidade da aeronave. Uma colisão frontal, em alta velocidade, com uma ave com peso aproximado de 500 gramas pode gerar uma força superior à 2 toneladas. Urubus, por exemplo, costumam ser sinônimo de problema neste caso.
Além do susto, as aves podem danificar o helicóptero e em casos mais graves, atingir o piloto e provocar uma fatalidade, principalmente se o piloto não estiver acompanhado de outro piloto e com o duplo comando instalado.
A Aviação do Exército (AvEx) já teve mais de 34 colisões com pássaros, algumas com danos estruturais consideráveis à aeronave. O fato que chama a atenção é que apesar da colisão com pássaros ser o tipo de ocorrência aeronáutica mais frequente na AvEx, ela é também uma das mais difíceis de se prevenir e evitar.
O uso dos óculos de segurança ou a viseira do capacete de voo pode contribuir na prevenção de lesão graves ao tripulantes no caso de uma colisão com pássaros, mas atenção nunca é demais.
Pouso de emergência, colisão com fio
Em 18/01/00, a aeronave PP-EOG do GRPAe de São Paulo envolveu-se em um acidente, conforme abaixo :
O helicóptero decolou do Campo de Marte – SP, para uma operação de apoio policial a uma perseguição de criminosos, transportando quatro policiais militares. Próximo ao município de Mairiporã, na vertical da Rodovia Fernão Dias, a aeronave colidiu com fios de uma rede de alta tensão, que se encontrava sem os dispositivos de balizamento, chocando-se em seguida com o solo. Os ocupantes sofreram ferimentos leves e a aeronave teve danos graves.
Após a investigação do CENIPA, dentre várias recomendações, uma delas foi justamente sobre a necessidade de realização de estudos com vistas a utilização de luvas e capacetes de voo pela tripulação, conforme segue:
Tal recomendação se baseou no fato de que, devido ao pouso de emergência, todos os tripulantes tiveram lesões decorrentes do impacto da cabeça contra o interior da cabine.
Logo, fica a “dica” :
Capacete afivelado, viseira abaixada e bons voos !
Referências:
(1) Air Safety Group
(2) ANAC
(3) GRPAe/PMESP
(4) GoAir