Seguindo com o custo-benefício de operar aeronaves teleguiadas sem piloto.
Colocar uma aeronave teleguiada no céu por longos períodos é uma tática de guerra. Se formos discutir a substituição dos helicópteros tripulados por aeronaves não tripuladas, então acredito que precisamos ter a mesma base de comparação.
Vamos dar uma olhada rápida no que é necessário fazer para operar a aeronave teleguiada mais básica sobre um território hostil.
A primeira coisa que é preciso deixar claro é que o Predator Drone cai do céu com uma certa frequência por várias razões, mas quase nunca devido à ação do inimigo. Ouvi dizer que o MQ-1 Predator não possui sistemas redundantes a bordo. Isto é, se o computador sofre um despejo de memória e reinicia-se, essa aeronave em particular acabará em apuros. A informação abaixo retirada da Wikipédia parece confirmar isto.
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Mas, observe que apesar da discussão parecer cair sob o argumento da segurança ela também usa o argumento do custo-benefício, como você verá. Fazer uma aeronave teleguiada não tripulada com inúmeros sistemas redundantes é caro.
“No ínicio da campanha militar dos Estados Unidos no Afeganistão, em 2001, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) tinha adquirido 60 Predators e disse que havia perdido 20 deles em ação. Poucas dessas perdas ocorreram devido à ação inimiga, o problema maior, ao que parece, foi o mal tempo e as condições bastante frias. Apenas alguns dos Predators da USAF receberam sistemas de degelo, junto com um motor turboalimentado avançado, e aviônicos melhorados.
Em março de 2009, a USAF possuía 195 MQ-1 Predators e 28 MQ-9 Reapers em operação. Os Predators e Reapers dispararam mísseis 224 vezes no Iraque e Afeganistão entre 2007 e 2008. Um relatório de março de 2009 revelou que as Forças Aéreas dos EUA haviam perdido 70 Predators em acidentes aéreos durante a sua história operacional. Cinquenta e cinco foram perdidos devido a falhas de equipamento, erros de operação ou condições climáticas. Quatro foram abatidos na Bósnia, em Kosovo ou no Iraque. E onze foram perdidos devido a acidentes operacionais em missões de combate. Em 2012, o Predator, Reaper e Global Hawk foram classificados como “… as aeronaves mais propensas a acidentes na frota da Força Aérea.”
Aqui é onde entraremos na parte do custo-benefício
Então, qual é o preço atual de uma única aeronave teleguiada MQ-1 Predator? A mais básica, com motor a pistão que a General Atomics fabrica, custa entre US$4.5 e 5 milhões. Mas, lembre-se, estamos comparando uma aeronave teleguiada de asa fixa com motor a pistão a um helicóptero da polícia com motor a turbina. Não começamos a comparar ainda helicópteros teleguiados com helicópteros da polícia.
Agora que temos alguma compreensão das fraquezas de algumas aeronaves teleguiadas, e com isso em mente, vamos dar uma olhada no que é preciso fazer para pôr a aeronave teleguiada nos céus de uma zona de combate.
De acordo com um artigo dos EUA de 2012, as aeronaves teleguiadas são, no geral, um pouco mais baratas que as aeronaves de caça.
“Mas, um novo relatório lançado nesta semana pelo Projeto Americano de Segurança [American Security Project] ou ASP, conclui que a maior parte das aeronaves teleguiadas militares são, geralmente, apenas ‘um pouco mais baratas, tanto para adquirir quanto para operar, do que as aeronaves de caça convencionais’.”
“Apesar das alegações contrárias, as aeronaves não tripuladas necessitam de uma grande tripulação: Precisa-se de um piloto remoto, um outro tripulante remoto para operar as valiosas câmeras e ‘como as aeronaves teleguiadas não são operadas individualmente, mas como parte de um sistema composto por várias aeronaves, sensores, controles do solo e conexões por satélite, estima-se que o número do pessoal necessário para operar um Predator Combat Air Patrol (CAP) exceda 80 pessoas’, afirma o relatório. O artigo refere-se às aeronaves não tripuladas Predator que foram usadas no Afeganistão, no Iraque, no Paquistão e, supostamente, no Iêmen. O número de tripulantes necessários para operar frotas de aeronaves teleguiadas compostas por quatro aeronaves podem chegar a 130, conclui ASP.”
Observe que a aeronave teleguiada Predator tem sido sempre vendida em grupos de 4, juntamente com uma estação de controle do solo e equipamentos associados. O valor de US$4.5 e 5 milhões é por unidade e não inclui quaisquer equipamentos associados, como a estação de controle do solo. Ao dividir os números mencionados acima por 4, pode-se ver que ainda seria necessário uma média de 20 a 40 pessoas para operar uma única aeronave teleguiada, pois elas são operadas atualmente em zonas de combate.
Lembre-se também de que o MQ-1 Predator e o seu predecessor, o a MQ-1C Grey Eagle, são as aeronaves teleguiadas militares mais básicas de todas. A próxima aeronave na linha da General Atomics é a MQ-9 Reaper que possui um motor turboélice Honeywell TPE331-10GD com 900 cavalos de potência do eixo. Apesar de estarmos falando ainda sobre as aeronaves teleguiadas de asa fixa, o Reaper nos permite comparar agora as aeronaves teleguiadas de motor a turbina com os helicópteros da polícia também de motor a turbina.
Com certeza o Reaper possui um pacote eletrônico mais robusto e versátil para as suas missões de guerra, mas quanto custa o Reaper ? O valor mais recente da unidade de um MQ-9 Reaper está em US$16.9 milhões. É claro que uma versão para a aviação policial civil não precisaria dos sistemas de detecção de armas e tal, portanto o preço sairia um tanto mais barato. Mas, aqueles que pensam que uma aeronave teleguiada capaz de substituir totalmente a tripulação de um helicóptero da polícia será uma solução acessível provavelmente não conduziram uma pesquisa séria sobre este assunto.
O artigo conclui que as aeronaves teleguiadas possuem uma “tendência maior para acidentes” do que as aeronaves de guerra pilotadas. Lá vem o fator de segurança mais uma vez.
Então, vamos voltar às duas primeiras perguntas do início desta seção. Qual é a finalidade de substituir as tripulações dos helicópteros da polícia? Estabelecemos que não há uma necessidade real de substituir as tripulações por conta dos ambientes hostis.
O único motivo, na minha opinião, que somos deixados a levar em consideração pela substituição da tripulação dos helicópteros da polícia seria para “matar o tempo sobre uma cidade”. Acredito que mostramos que a combinação das preocupações referentes à segurança (por agora) e dos custos de tentar matar o tempo com aeronaves teleguiadas em zonas de combate e de tentar matar o tempo sobre uma cidade povoada, é proibitiva tanto do ponto de vista dos custos quanto da segurança. Já respondemos as nossas duas primeiras perguntas então, certo?
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Fonte: Police Helicopter Pilot/ Reportagem: Darryl Kimball