- Anúncio -

Marcus Vinícius Baracho de Sousa

O Resgate Aeromédico é um dos processos produtivos do Serviço Aeromédico, relevante nas ações para preservação de vidas. Nas cidades brasileiras, o cidadão já se habitou ao pouso repentino de aeronaves nas ruas estreitas e demais áreas urbanas, que não chegam a ser apropriadas às manobras, mas que servem de acesso para que equipes médicas cheguem, pelo ar, e prestem o necessário socorro aos acidentados mais críticos.

O voo da vida, como pode ser designado o Resgate Aeromédico, se reveste de complexo processo de decisão, desde o seu início, até o fim com a entrega do acidentado, no hospital regulado. É de meu entendimento que todas as informações produzidas no decorrer da missão, independente da origem (tripulação, rádios, instrumentos da aeronave e observação do ambiente externo), acabam sendo direcionadas para o piloto que está na função de comandante de aeronave, o qual fará a triagem em poucos segundos, convertendo tais dados em uma  tomada de decisão.

Conforme pesquisa que fiz, há algum tempo, no Panorama Estatístico da Aviação Brasileira, publicado pelo CENIPA em 2016 e que avaliou as ocorrências aeronáuticas de 2006 a 2015, identificou que foram 03 (três) os fatores contribuintes dos acidentes aeronáuticos, que mais apareceram: Julgamento de Pilotagem, Supervisão Gerencial, Planejamento do Voo. Esses fatores representaram 31,7% do total de fatores contribuintes identificados.

No caso dos incidentes graves, os 03 (três) fatores contribuintes foram: Julgamento de Pilotagem, Supervisão Gerencial, Manutenção de Aeronave. Esses fatores representaram 36,9% do total de fatores contribuintes identificados.

Percebe-se que há um denominador comum, ou seja, o Julgamento de Pilotagem. Como disse acima, é o Comandante de Aeronave que vai receber diversas informações, em compressão de tempo (poucos segundos), diante de um cenário crítico e para realizar um pouso em área que conhecemos como restrita e não homologada, portanto, sem a preparação adequada, para o pouso de uma aeronave.

Sugiro então, que se invista mais no estudo do Processo Decisório, aplicado aos Comandantes de Aeronave e demais tripulantes, procurando desenvolver a análise dos cenários críticos, revestidos de incertezas, comuns às ocorrências aeromédicas.

Cabe destacar que nem todas as variáveis chegarão ao conhecimento da tripulação, durante a realização da missão, e por isso há que se tomar muita cautela, ao decidir, sendo de interesse institucional, capacitar as equipes aeromédicas, para a busca de soluções aceitáveis e que levem a resultados positivos.

A tomada de decisão, é uma habilidade que pode ser desenvolvida nos pilotos, com foco na Missão Organizacional, de modo a agregar segurança operacional e valorar a imagem organizacional. Trata-se de uma iniciativa fácil de ser implementada e que contribui com a busca pela excelência na prestação desse serviço.

Bons voos, com boa gestão!

- Anúncio -