EUA – Para transportar pacientes feridos, os pilotos de resgate voam à noite, em baixas altitudes, em terrenos acidentados e com mau tempo. Infelizmente, em comparação com todas os outros modelos da aviação, os helicópteros aeromédicos e de resgate estão envolvidos no dobro do número de acidentes fatais por 100.000 horas de voo, mostraram as pesquisas.
Richard Simonson, Ph.D. na Embry-Riddle Aeronautical University, trabalhou com os mentores do corpo docente Joseph Keebler e Alex Chaparro para identificar os cenários de acidentes HEMS (Helicopter Emergency Medical Services) associados a uma maior probabilidade de fatalidades.
A pesquisa, publicada em 1º de julho pela revista Aviation Medicine and Human Performance, analisa os registros de acidentes ao longo de um período de 35 anos (1983-2018). Identificam que voar à noite, de acordo com as Regras de Voo por Instrumentos (IFR), e incêndios pós-colisão estão todos associados a uma maior probabilidade de morte.
Embora esses resultados possam parecer óbvios, Simonson e seus co-autores esperam que a pesquisa aumente a conscientização sobre os riscos elevados enfrentados por helicópteros EMS.
- Estudo: A Bayesian Approach on Investigating Helicopter Emergency Medical Fatal Accidents.
- Dados NTSB: An Analysis of HEMS Accidents and Accident Rates
Os pilotos de resgate seguem diretrizes de segurança específicas, disse Simonson, mas também têm o objetivo de transportar rapidamente os pacientes que precisam de cuidados médicos urgentes, voando para terrenos perigosos e zonas ativas, mais perto do solo.
Os pesquisadores exemplificam com um acidente que aconteceu em 1996. Documento do National Transportation Safety Board (NTSB) apresentou todos os elementos mais comuns de acidentes HEMS fatais, disse Simonson. Nesse caso, um helicóptero aeromédico caiu e explodiu enquanto tentava levar um caçador ferido da cidade de Jerusalém no condado de Yates, Nova York, para um hospital a 64 quilômetros de distância.
O acidente, que matou o piloto, um paramédico e o paciente, aconteceu à noite, com um único piloto e um paciente a bordo, em condições meteorológicas por instrumentos, resultando em incêndio pós-colisão.
Um par de olhos e orelhas
Apesar de tais cenários perigosos, os helicópteros aeromédicos podem voar com um único piloto a bordo, ao contrário de muitos outros tipos de aviação comercial que exigem dois pilotos em cada voo. Como resultado, Simonson disse: “Você só tem um par de olhos e ouvidos para observar os obstáculos ou outros perigos”.
A pesquisa Embry-Riddle sugere que pode ser hora de reavaliar as medidas de segurança HEMS, especialmente porque o uso de helicópteros no transporte de emergência aumentou nas últimas décadas. De acordo com Keebler, professor associado de Fatores Humanos: em 1980, os helicópteros aeromédicos tinham menos de 25.000 horas de voo, em comparação com quase 600.000 horas de voo em 2017.
“Questões de segurança para discussão podem incluir a situação de piloto único, bem como como tornar os sistemas de combustível mais resistentes ao fogo”, disse Keebler.
Chaparro, professor de Fatores Humanos, concorda. “As tendências são uma preocupação e justificam o exame das recomendações de segurança anteriores propostas pelo NTSB, evidências de sua implementação e avaliação de sua eficácia”, disse ele.
O estudo Embry-Riddle aproveitou o banco de dados NTSB e outros registros de acidentes HEMS ocorridos entre 1º de janeiro de 1983 e 26 de abril de 2018. Os pesquisadores então aplicaram um método chamado estatística Bayesiana, que analisa a probabilidade de um evento, como fatalidades, dados outros fatores.
O grupo descobriu que um helicóptero que sofre acidente durante o voo noturno tem 3,06 vezes mais chance de sofrer uma fatalidade, em comparação com helicópteros que voam durante o dia. Pilotos de helicópteros aeromédicos voando em IFR têm 7,54 vezes mais probabilidade de se envolver em um acidente fatal. Finalmente, um incêndio pós-acidente tem 18,73 vezes mais probabilidade de resultar em fatalidade, em comparação com um acidente sem incêndio.
O estudo abrangeu acidentes envolvendo 398 pessoas, incluindo 127 mortos e 94 feridos ao longo de um período de 35 anos.
Além de Simonson, Keebler e Chaparro, contribuíram para a pesquisa Levi Demaris, que foi aluno de mestrado no programa de Fatores Humanos, e Eileen Frazer, que é diretora executiva da Comissão de Credenciamento do Sistema de Transporte Médico (CAMTS).