Em um helicóptero com um único rotor principal, uma das principais funções do empuxo do rotor de cauda é o de controlar o rumo do helicóptero. Se o empuxo do rotor de cauda for insuficiente, uma guinada inesperada e descontrolada pode ocorrer. Este fenômeno tem sido um fator preponderante em um determinado número de acidentes envolvendo helicópteros, sendo comumente chamado de LTE (Loss of tail-rotor effectiveness).
Pode-se definir LTE como um empuxo insuficiente do rotor de cauda associado a uma margem insuficiente de controle, pois isso pode levar a uma velocidade de guinada rápida não controlada. Esta velocidade de guinada não pode diminuir naturalmente e, na ausência de correção, ela pode causar a perda do helicóptero.
Quando uma LTE ocorre?
Uma LTE é mais provável de ocorrer quando o pedal de controle de guinada crítica está próximo de sua posição de fim de curso. O pedal de controle de guinada, que é considerado mais crítico, é o pedal direito para um rotor principal girando no sentido horário e o pedal esquerdo para um rotor girando anti-horário.
Uma LTE geralmente ocorre em uma velocidade baixa à frente, normalmente inferior a 30 kts, quando:
a) A deriva traseira tem uma baixa eficiência aerodinâmica;
b) O fluxo de ar e o efeito de deflexão gerados pelo rotor principal interferem com o fluxo de ar que entra no rotor de cauda;
c) Uma regulagem de potência elevada demanda uma posição do pedal de controle de guinada próxima do fim de curso, e
d) As condições de vento turbulento exigem comandos de guinada e coletivo importantes e rápidos.
A seguir estão listadas algumas das operações em que os pilotos podem geralmente se encontrar a baixa altura, velocidade baixa e potência elevada, e com uma velocidade de vento difícil de determinar, durante as quais o piloto está frequentemente preocupado com o posicionamento do aparelho para realizar a tarefa de:
a) Setores de patrulha de linhas de transmissão e gasodutos;
b) Carga externa;
c) Operações de guincho;
d) Combate ao fogo;
e) Reconhecimento do local de pouso;
f) Uso de câmera/fotografia aérea em baixa velocidade;
g) Polícia e serviço médico de urgência (HEMS);
h) Pouso e decolagem em Altitude Densidade (DA) elevada; e
i) Pouso e decolagem do convés de um barco.
Como evitar uma LTE?
Durante a preparação de um voo, os pilotos devem considerar o Manual de Voo do aparelho, mais especificamente no que diz respeito aos desempenhos em função dos azimutes de vento críticos, da altitude densidade em que voam, do peso bruto na decolagem do helicóptero e das características de voo.
Durante o voo, os pilotos devem estar sempre cientes das condições do vento e da margem de empuxo do rotor de cauda disponível, que é representada pela posição de pedal crítico.
Sempre que possível, os pilotos devem evitar uma combinação das seguintes condições:
a) Condições de ventos desfavoráveis em baixa velocidade.
b) Guinada não comandada.
c) Comandos de guinada e coletivo importantes e rápidos em velocidade baixa.
d) Voo em baixa velocidade em condições de vento turbulento.
Reconhecimento e recuperação do controle após uma LTE
Os pilotos devem estar cientes de que, ao se encontrarem em um regime de voo em que uma ou mais condições das acima ocorrerem, poderá haver situação de perda de eficiência do rotor de cauda, devendo ser capazes de reconhecer o início do fenômeno aerodinâmico e de começar imediatamente as medidas efetivas de recuperação do controle. As ações de recuperação do controle variam de acordo com as circunstâncias, se a altura permitir, atingir a velocidade à frente sem aumento de potência (se possível, através da redução de potência), geralmente resolve a situação.
Portanto, como essas ações podem implicar em perda de altitude considerável, é recomendado aos pilotos identificá-las de forma clara, antes de efetuar as operações mencionadas.
Para sair de uma LTE:
a) Pressionar totalmente o pedal oposto à direção da curva;
b) Adotar uma atitude de aceleração para aumentar a velocidade à frente; e
c) Se a altitude permitir, reduzir a potência.