Espírito Santo – Ser piloto do Núcleo de Operações e Transportes Aéreos (Notaer) da Policia Militar do Espírito Santo (PMES) é um desejo que está próximo de se concretizar para a tenente Elizabeth Pereira Bergamin, de 29 anos.
A militar é a única mulher da Corporação capixaba a se preparar para ser piloto de helicóptero e, segundo ela, a iniciativa e a dedicação pela área foram fundamentais para isso. A policial dedica horas do seu dia para ter um bom desempenho durante as aulas de navegação, que já vem sendo realizadas desde 2009.
“Comecei a me interessar por aviação em 2007, quando participei de um curso sobre técnicas de ensino fora do Estado e, na ocasião, um oficial do grupamento aéreo da PM de São Paulo detalhou um pouco das atividades do setor. Fiquei curiosa e aos poucos foi surgindo um interesse maior. Foi aí que procurei o Notaer e fui informada sobre o que estudar para concluir o curso de piloto. Percebi então que eu era a única mulher da Corporação a me interessar pela área”, diz a tenente que ingressou na PM há dez anos.
Após horas de estudos teóricos, a militar adquiriu o Certificado de Habilitação Técnica (CHT) emitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Após esta etapa, em janeiro do ano passado, Elizabeth concluiu também o curso de Piloto Privado de Helicóptero (PPH), em Belo Horizonte, que teve duração de três meses. Atualmente, está em treinamento para a próxima fase da formação que é a habilitação de Piloto Comercial de Helicóptero (PCH).
Com 85 horas de vôo, a militar garante que recebe o apoio da família e dos colegas de trabalho para ingressar nesta nova atividade. “Não faltou estímulo para começar. Assim que surgiu o interesse, procurei o Notaer e não perdi tempo. Me informei sobre os caminhos que teria que seguir e recebei muitos conselhos sobre estudos e dicas de navegação. Minha família me dá todo apoio do mundo e meu filho, de 4 anos, já fica muito entusiasmado com tudo isso”, conta.
Para assumir a função de piloto comandante de operações policiais no Notaer, a militar ainda terá que passar por várias etapas. Entre elas concluir, no mínimo, 500 horas de voo, operadas nas aeronaves HV30 (Schweizer) e AS350 (Esquilo). Esta última mais comumente usada em operações policiais.
“Para nós é uma novidade, já que no universo da aviação, e, especificamente, no Notaer, o setor é dominado por homens. Não existe diferença tecnicamente para homens ou mulheres pilotarem. As normas existem para todos. Porém, não podemos negar que a suavidade e o zelo nas manobras executadas por mulheres são maiores”, disse o comandante do Notaer, major Marcos Novaretti.
Os oficiais que estão sendo preparados para compor o quadro de pilotos do Notaer são avaliados em diversos requisitos como, por exemplo, a desenvoltura em voos que exigem mais perícia, como os voos policiais, em que são necessários mais proximidade com obstáculos. “Além disso, é preciso conhecimento técnico sobre legislação e conhecer bem o helicóptero”, diz Novaretti.
Para alcançar bons resultados, a policial administra o tempo disponível com estudo intenso sobre teoria de voo e tráfego aéreo, meteorologia e navegação, além de instruções sobre voos policiais. Em um ambiente em que os homens são absolutos, a tenente Elizabeth está prestes a ser tornar a primeira mulher da Corporação militar a se tornar piloto. E se depender da dedicação da militar, isso irá acontecer em breve.