Por meio de treinamento, manutenção de habilidades, cooperação internacional e missões operacionais, o Grupo de Treinamento da Força Aérea Nacional da Gendarmaria da França trabalha em todas as frentes.
A Base Aérea 120 em Cazaux, perto de Bordeaux, no sudoeste da França, é uma das maiores do país e está, certamente, em uma das localizações mais atraentes. Fica próxima às longas praias do Atlântico e a região ainda oferece um conjunto de lagos para esportes aquáticos e atividades de lazer. Para os membros da tripulação, o espaço aéreo é vasto e pouco movimentado, o que o torna um ambiente de trabalho perfeito assim como um ambiente ideal para as práticas da escola.
É na Base Aérea 120 que ficam a Escola de Transformação Operacional da Força Aérea, um destacamento de uma escola em Cingapura, que se estabeleceu há bastante tempo em Cazaux, e o Grupo de Treinamento do Comando da Força Aérea Nacional da Gendarmaria (GI/CFAGN).
“Mudamo-nos da base de Villacoublay, perto de Paris, para cá no verão de 2010”, explica o Tenente Coronel Thierry Chapelier, atual Comandante do Gl/CFAGN. “O espaço aéreo em volta de Villacoublay era muito restrito, com aeroportos internacionais nas redondezas, e a poluição sonora sempre foi uma questão importante em um ambiente altamente urbanizado. Ao mesmo tempo, os prédios para os quais nos mudamos estavam livres devido à saída da Divisão Aérea e dos seus dois helicópteros para o Aeroporto de Bordeaux-Merignac.”
Do Mar às Montanhas
O Grupo de Treinamento da Força Aérea Nacional da Gendarmaria da França (GIFAG) atualmente emprega 25 funcionários comissionados e não-comissionados. De fato, a Gendarmaria é a única força armada francesa a oferecer carreiras na aviação aos seus funcionários não-comissionados. Ela possui e opera quatro aeronaves: um Ecureuil BA, dois EC135 e um EC145. O Grupo também comanda o destacamento da cidade de Dax (dois instrutores de voo na Escola de Aviação do Exército francês – EAALAT) e o Centro de Voo em Montanhas (CVM) em Briançon, nos alpes franceses.
E como veremos adiante, apesar da distância geográfica dos dois lugares, o trabalho em montanhas é uma das prioridades do Gl/CFAGN. As missões realizadas em Cazaux são muitas e variadas e vão bem além dos treinamentos. “Por exemplo, conduzimos o recrutamento dos nossos pilotos, 80% deles vêm de outras forças armadas”, acrescenta o Tenente Coronel Chapelier. “Os outros 20% vem da Gendarmaria. Realizamos as entrevistas introdutórias aqui e depois conduzimos os testes em solo e de voo nas nossas aeronaves”.
No entanto, a maioria do trabalho do Gl/CFAGN concentra-se nos treinamentos, que respondem por 1.700 a 1.800 horas de voo todo ano. No total, o Grupo oferece 17 programas de treinamento diferentes e parte do Grupo fornece, desde 2007, o status ATO (Organização de Treinamento Aprovada) da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).
“Os membros de tripulação que acompanham o treinamento básico com as unidades de Aviação do Exército francês passam por treinamentos conosco nas nossas aeronaves e aprendem técnicas e táticas diferentes que são específicas à Gendarmaria”, observa o Tenente Coronel Chapelier. “E durante as suas carreiras, estes tripulantes retornam com regularidade à escola para manter as suas qualificações e ganhar outras.”
Uma característica especial da Gendarmaria é que ela trabalha, muitas vezes, com tripulações pequenas, por ex. um piloto e um engenheiro de voo. Para missões complexas, a tripulação inclui um terceiro membro que atua como o capitão. Mas, em todas as circunstâncias, o engenheiro de voo ajuda a aeronave a voar (lidando com rádios e navegação), ao mesmo tempo que é responsável pelos equipamentos opcionais (câmera, farol de busca, guincho, etc. ). Este papel dual assegura que as tripulações conservem um nível bastante alto de autonomia durante as suas missões.
Testes Teóricos e Práticos
Um outro aspecto do trabalho do Gl/CFAGN envolve o monitoramento das habilidades. Durante todo o ano, os examinadores da unidade visitam as diferentes Divisões Aéreas da Gendarmaria (SAG) para avaliar o trabalho dos seus colegas (existem, atualmente, 29 divisões e destacamentos operacionais, incluindo 23 na França e 6 em departamentos e territórios franceses fora do país).
“Realizamos testes teóricos e práticos com as aeronaves das divisões nos seus próprios ambientes”, explica um piloto em Cazaux. “Analisamos a evolução das missões e o desempenho das aeronaves nos níveis técnico e tático. Também avaliamos os membros da tripulação quanto às suas capacidades de controlar acidentes. Esta prática de estender qualificações é bastante nova no setor da aviação civil, mas é algo que sempre fizemos… Trata-se de um hábito na Gendarmaria”.
A presença de alunos internacionais nas salas de aula do Gl/CFAGN prova uma outra missão da unidade: a cooperação com a polícia estrangeira e com as forças policiais militares. “Conduzimos auditorias em Namíbia e Botsuana em resposta aos pedidos das autoridades locais, compartilhamos habilidades e experiências na África do Sul e no Cazaquistão, estamos atualmente treinando as forças policiais do Gabão e, naturalmente, mantemos conexões muito próximas com os nossos colegas na Gendarmaria Marroquina Real”, observa o Tenente Coronel Chapelier.
Todo ano o GI/CFAGN recebe um pouco mais de 300 estagiários, incluindo um número crescente de estagiários estrangeiros. Isto reflete a merecida reputação internacional da unidade que desempenha um papel discreto, mas essencial, na Gendarmaria francesa.
As Montanhas, o Campo de Excelência do GIFAG.
Em 1954, a Gendarmaria foi a primeira a executar o pouso de um helicóptero no pico mais alto da Europa, o Monte Branco [Mont Blanc]. As marcas dos esquis do Alouette podem ter desaparecido há muito tempo do topo da montanha, mas ao longo das décadas, os gendarmes nunca deixaram de manter e desenvolver as suas habilidades em trabalhos relacionados a helicópteros nas montanhas. Isto é feito, muitas vezes, em cooperação com os Pelotões de Gendarmaria de Alta Montanha (PGHM).
O Gl/CFAGN é responsável pelo treinamento de pilotos (voluntários) que desejam ganhar a qualificação em montanha com o objetivo de servir a longo prazo uma das oito unidades de montanha das Forças Aéreas da Gendarmaria (FAG). No máximo trinta pilotos possuem esta cobiçada qualificação, considerando os três pilotos em cada unidade, mais os instrutores GI/CFAGN.
Antes de começar o treinamento, os futuros pilotos devem registrar cerca de 1.000 horas de voo. O curso começa com um teste de uma semana, em Briançon, nos alpes. Usamos esta primeira semana para verificar se os pilotos têm as habilidades para melhorar o conhecimento deles em ambientes montanhosos, com as suas condições aerológicas e ambientais altamente específicas, explica um funcionário em Cazaux.
O curso, então, envolve quatro sessões de duas semanas em janeiro, março, junho e outubro para assegurar que os pilotos experienciem condições e situações meteorológicas diferentes cada vez. No geral, as sessões fornecem um mínimo de, aproximadamente, 80 horas de voo. A primeira quinzena cobre os princípios básicos de voar nas montanhas com pousos em zonas aprovadas (DZ).
As duas sessões seguintes dedicam-se ao trabalho em todas as condições de voo, ao uso complexo de guinchos nas áreas mais sensíveis, ao equilíbrio nos esquis e etc. E as duas últimas semanas cobrem todos os aspectos relacionados à organização e realização de missões de resgate complexas. Com a conclusão do programa, os pilotos podem entrar direto para uma das oito unidades de Gendarmaria responsáveis pelas missões em montanhas.
O GI/CFAGN também organiza cursos de treinamento anuais para pilotos baseados perto de cadeias montanhosas baixas na França (ex. Jura, Vosges, Massif Central). Estes programas cobrem os princípios fundamentais de voar em montanhas, mas não levam à obtenção de um diploma completo. Por fim, os cursos são oferecidos a cada dois ou três anos para pilotos “de planície” para dar-lhes uma ideia das condições específicas dos voos nas montanhas e do poder limitado dos voos, mas estas não são vistas como disciplinas especializadas.
Missões Operacionais
Além das suas missões de treinamento, o GI/CFAGN mantém a sua capacidade de desempenhar um papel operacional nas seguintes situações:
– na participação em importantes intervenções nacionais para apoiar unidades operacionais. Quando necessário, o GI/CFAGN fornece as suas aeronaves e equipes e suspende os seus treinamentos durante toda a operação.
– durante o verão, quando os turistas chegam em massa às praias de Landes e Gironde, o GI/CFAGN opera um serviço de resgate marítimo 24 horas/ 7 dias em uma área entre Biscarosse e Le Grand Crohot. Da sua base em Cazaux, os helicópteros conseguem rapidamente alcançar qualquer parte deste trecho litorâneo.
A Força Aérea de Gendarmaria – Fatos & Números
- 19 divisões aéreas & 11 destacamentos
- 56 helicópteros: 26 Ecureuil, 15 EC135, 15 EC145
- Uma equipe de 472 pessoas, incluindo 410 tripulantes (cerca de 150 pilotos, 200 engenheiros de voo e 60 operadores aerovigilantes)
Fonte: Helicopter Magazine Europe/ Reportagem: Frédéric Lert.