Rio Grande do Sul – Em entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta-feira (03), o governador Eduardo Leite garantiu que não faltarão recursos estaduais para a prestação de socorro às vítimas e para a reconstrução das cidades após o desastre ambiental que afeta o Rio Grande do Sul desde segunda-feira.
Um helicóptero do Corpo de Bombeiros e da Brigada Militar estão em operação de salvamento desde o início do desastre natural, que, segundo o governador gaúcho Eduardo Leite, é o pior da história do Rio Grande do Sul. Já foram afetados 235 municípios. Estão desalojadas ou desabrigadas mais de 24 mil pessoas. O número de mortes chegou a 37 e outras 74 pessoas seguem desaparecidas.
“O Estado tem suas restrições financeiras, mas não serão poupados recursos para prestar o atendimento necessário para salvar vidas e permitir a reconstrução do patrimônio público e das famílias gaúchas. Não permitiremos que os afetados sejam vítimas do desalento e da desatenção nos dias seguintes da enchente”, afirmou.
Leite revelou que o governo retomará a transferência direta de recursos para os municípios, simplificando a burocracia por meio de um sistema de transferência fundo a fundo. O mecanismo permite que as prefeituras acessem o dinheiro rapidamente para atender às necessidades mais críticas.
O governador também anunciou a continuação do programa Volta por Cima, gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), que destina verbas a famílias extremamente pobres atingidas pelas inundações. Os beneficiados receberão os fundos por meio do Cartão Cidadão, utilizado na compra de diversos itens e serviços.
Ajuda dos estados
Além das instituições federais de saúde, segurança e defesa, como a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Força Aérea Brasileira (FAB) e Exército, os estados, mais uma vez, realizam mobilização para ajudar os desabrigados e vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
O Paraná enviou 32 bombeiros militares, nove viaturas e quatro embarcações. Um helicóptero do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) está no local e seu primeiro resgate foi em Lajeado. Uma das operações foi no telhado de uma casa, com a retirada de uma família inteira que estava isolada.
São Paulo enviou equipes do Comando de Aviação da Polícia Militar (CAVPM) com os helicópteros Águia 12, Águia 24 e Águia 33 (aeromédico). As aeronave são equipadas com guincho elétrico, maca de montanha e equipamentos de resgate. A Secretaria da Segurança Pública também mantém um avião King Air em condições de apoiar o transporte de equipes e cães farejadores, além de mais materiais para ações de salvamento e ajuda humanitária.
O Rio de Janeiro enviou nove bombeiros militares a bordo do helicóptero AW169, bimotor da corporação, equipado com guincho elétrico e capaz de operar por instrumentos. A força-tarefa contará com outros 40 bombeiros militares, especialistas em salvamentos em desastres e atuação em estruturas colapsadas.
Santa Catarina enviou uma equipe do Batalhão de Aviação da Polícia Militar (BAPM) para apoiar a força tarefa de resgate, envio de alimentos, roupas e agasalhos aos atingidos. A operação conta com 34 profissionais, um helicóptero, oito viaturas, doze embarcações e equipamentos específicos para resgate e deslizamentos.
Minas Gerais enviou 28 bombeiros militares e um avião Cesna Caravan, levando parte da equipe, com estrutura para o transporte de eventuais vítimas. Uma segunda aeronave, um helicóptero AS350 B3 também foi enviado, levando bombeiros e equipamentos especializados para salvamento.
O Mato Grosso enviou equipes do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT) com mergulhadores, operadores de desastres e cães farejadores, além de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER) com dois pilotos e três tripulantes.
Outros estados também participam da ajuda humanitária com apoio de equipes de saúde e de salvamento, além de envio de donativos aos desabrigados.
Salvamentos
Durante a coletiva, que contou com a presença do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, do titular do Comando Conjunto Sul da Operação Taquari II, general Hertz do Nascimento, e do secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, Leite informou que mais de 8.600 pessoas foram resgatadas através de operações aéreas, marítimas e terrestres realizadas pelas forças de resposta integradas.
“Estamos buscando todos os meios, todas as formas de acessar as comunidades e salvar vidas. Muitas delas ainda estão inacessíveis. Ainda assim, o efetivo está sendo incansável. Por isso, quero agradecer o apoio de cada um dos homens e mulheres que estão cumprindo uma missão em um momento histórico, que estão à altura do que este momento exige”, disse.
Monitoramento das barragens
Segundo o chefe do Executivo, as equipes do governo seguem monitorando a situação da barragem 14 de julho, que sofreu uma ruptura parcial na quinta-feira. As forças de segurança do Estado transportaram técnicos da represa até o local para a realização da abertura de comportas, ação que diminui a pressão sobre a barragem.
Estrutura dos hospitais de campanha
De acordo com o general Hertz, o primeiro Hospital de Campanha (HCAMP) do Exército Brasileiro será instalado no município de Estrela, no Vale do Taquari, onde foi observada uma demanda maior de atendimento médico. A montagem da estrutura será feita assim que as equipes conseguirem acessar o local. A localização de um segundo hospital de campanha ainda será definida.
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