ALEX MENA BARRETO
A atividade policial é quase sempre uma atividade anônima. Dia e noite, em todos os rincões do Brasil, existe agora, exatamente neste segundo, um policial ou um bombeiro salvando uns, levando atendimento a outros, enfim, tranquilizando todos.
Muitas vezes, sequer olhamos para o rosto do nosso “anjo”, sequer dizemos obrigado !
O sentimento de insegurança e de emergência passam e, assim, pressupõe-se que a razão da existência de nosso “anjo” também passa.
Esquece-se que para ele estar ali, justo ali, naquele momento, foram anos de treinamento árduo, desgastes emocionais imensos, muito sol e chuva, só para estar ali ao seu lado quando você precisou !
Na aviação policial, nada muda. Todos se admiram pela aeronave, mas poucos olham nos nossos olhos…
São dias e noites em claro, estudando, treinando, checando, rechecando, enfim, uma miríade de atividades de vários profissionais, em várias atividades. Pilotos, mecânicos, tripulantes, enfermeiros, médicos, etc, todos preparados e prontos para aquele voo.
Tudo pronto para realizar aquilo que você torce para não precisar fazer.
Sim, existe a contradição.
Queremos estar prontos, mas queremos nunca precisar decolar !
Mas vivemos em um mundo real, onde coisas indescritíveis acontecem.
Eis que toca o alarme !
E como diz o caipira : “Dou um boi para não arranjar uma briga, e uma boiada para não sair dela !”
E decolamos ao socorro do “desconhecido”. Para nós mais uma jornada, para alguém “A JORNADA” ! A pressão de ser o último fio de luz para alguém sempre paira no ar. Somos profissionais, mas continuamos humanos. Aprendemos a cada dia, máxima atenção com cada detalhe, e muitas vezes pagamos com nosso próprio sangue por uma fração de segundo de dúvida.
Mas seguimos em frente ! Podemos fazer a diferença, todos depositam em nós suas esperanças, a verdadeira solução “vinda dos céus” !
Fazemos o nosso melhor possível, mas as vezes o destino é cruel demais !
Como seria bom ver nosso helicóptero enferrujando no pátio…
E o alarme toca novamente…
Um relato de Jonne Roriz:
“No dia que fiz essa foto tomei um susto quando vi um helicóptero descendo na minha frente no meio da rua!
A causa foi a mais justa do mundo! O resgate de um bebê de colo que estava tentando cruzar a cidade, numa ambulância velha, num dia de caos em SP, para receber um transplante de orgão que tudo indicava ser compatível com a criança. Graças ao eficiente trabalho da Policia Militar, a criança chegou a tempo e foi transplantada com exito!
A noticia ruim chegou no outro dia. Eu estava embarcando numa viagem de trabalho quando a minha chefe me avisou que a criança tinha morrido por incompatibilidade do órgão.
Não consegui fazer essa pauta, mas fiquei muito triste com o ocorrido.”
Jonne Roriz, fotógrafo da Agência Estado, autor da foto e da parte final do texto.