Eduardo Alexandre Beni
O homem sempre buscou descobrir o oculto, desvendar o desconhecido e na aviação isso não foi diferente, o homem sempre almejou galgar os ares e poder ter a visão dos pássaros. Essa visão poética da possibilidade do homem voar imperou nesses primórdios. Neste afã de desvelar o ignoto inicia-se a conquista do proibido.
Essa busca se inicia na mitologia grega com a lenda de Dédalo e Ícaro. A história diz que o Rei Minos ao desobedecer ordem de Poseidon, deus do mar, é castigado por ele, através da gravidez de sua esposa, que dá luz a um monstro, o minotauro. O Rei Minos, para deixá-lo preso e isolado, convida Dédalo e seu filho Ícaro para construírem um labirinto, onde ficaria preso o minotauro.
O Rei Minos prende Dédalo e Ícaro no labirinto e como Dédalo era um grande inventor ateniense, cria dois pares de asas feitas com penas e cera. Antes de voarem Dédalo orienta o filho para que não voasse próximo do sol, pois esse derreteria a cera e ele cairia.
Durante o vôo, Ícaro, embriagado pela sensação de voar, quis ir mais alto, quando, próximo do sol, observou as penas de sua asa soltarem uma a uma. Ícaro caiu e morreu.
Dédalo ao perceber, retorna e conduz seu filho a uma pequena ilha, onde o enterra. A ilha passa a ter o nome de Içaria.
Com a evolução dos tempos várias histórias foram escritas e contadas, passando para as gerações seguintes, como, por exemplo, aquela que relata uma viagem à Lua , ou aquela em que Ulisses, içado aos céus por uma tromba d’água chega à Lua e encontra seus habitantes em preparativos para guerrear contra os moradores do Sol.
Neste caminho da história temos relatos sobre uma viagem à Lua , usando, como estrada, um corredor formado pela sombra da terra, ou ainda a aventura do ibero Domingo Gonzalez, perdido na ilha de Santa Helena, onde domestica cisnes selvagens, que, tracionando uma carroça, leva-o à Lua.
Passando para a história da aviação, foram vários os inventores e pensadores que proporcionaram à humanidade a possibilidade de se poder voar, utilizando um objeto mais pesado que o ar, fato que até então parecia ser impossível.
Dentre tantas invenções podemos citar:
- Criação do helicóptero, pára-quedas, trem de pouso e asas a pedal por Leonardo da Vinci.
- A invenção do balão a ar quente em 1709 pelo Padre Bartholomeu de Gusmão, mais de 70 anos antes do épico voo (2.000 m) dos irmãos Montgolfier em Paris, no ano de 1783.
- Do dirigível, quando Alberto Santos Dumont voou, em 19 de outubro de 1901, com o balão-dirigível n.º 6, com 33 metros de comprimento e 622 m³.
- Do avião, quando os irmãos Wilbur Wright e Orville Wright voaram em 17 de dezembro de 1903, nos EUA, utilizando uma catapulta rudimentar (com uso de um plano inclinado) para lançarem em vôo o biplano Flyer, o qual deu um salto de 40 metros (vôos subseqüentes melhoraram esta distância até pouco mais de 200 metros).
- Do avião, quando Alberto Santos Dumont alçou vôo no campo de Bagatelle, Aeroclube de França, por seus próprios meios motrizes, com o 14-bis, que rolou por 100 metros e levantou vôo, tendo percorrido 60 metros em 7 segundos, em um vôo nivelado a poucos metros do solo. A aeronave possuía uma envergadura das asas de 12 metros e a fuselagem tinha 10 metros, sendo equipado com um trem de pouso triciclo.
- Do avião, quando o nº 19, chamado inicialmente de “Libellule“, posteriormente de “Demoiselle”, um pequeno avião monoplano de asa alta com 5,10m de envergadura, 8m de comprimento e pesando pouco mais de 110 Kg com Santos-Dumont a bordo, alcançou facilmente 200m de distância e velocidade de mais de 100 Km/h, sendo a última aeronave construída por Santos Dumont.
- Do helicóptero, construído no final da década de 30, sendo o helicóptero Bell 47 o primeiro produzido em série.
Todos esses objetos mais pesados que o ar, foram criações de homens ilustres que mudaram o rumo da história da humanidade, iniciando-se uma trajetória de glórias e que não teria mais volta.
Nesta longa caminhada em busca do sonho de voar diversos acidentes e incidentes ocorreram, onde muitas pessoas morreram e muitos equipamentos foram destruídos.
Nos primórdios da aviação prevalecia o erro e o acerto, a correção muitas vezes era empírica, baseada na sensação do construtor, pois, conforme dizia Edward Murphy, Capitão da Força Aérea Americana, que desenvolveu essa teoria em 1949 e que sobrevive até os dias de hoje, que: “se houvessem duas maneiras de se construir determinado equipamento, as pessoas sempre iriam optar pelo jeito errado de construí-lo”.
E foi por causa desses pioneiros que foi possível voar.
Lembrando os ensinamentos de Alexander Graham Bell: “Inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com as coisas como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É perseguido por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa enquanto não materializa seus projetos.”