São Paulo – Transportar um órgão para que ele chegue em condições de ser transplantado em um paciente é uma corrida contra o tempo. A agilidade desse serviço também é crucial para aumentar as chances de sucesso do procedimento. Por isso, as aeronaves da Polícia Militar são empenhadas no deslocamento, já que encurtam o tempo de chegada do material nos hospitais possibilitando a realização das cirurgias.
Em São Paulo, esse tipo de apoio é realizado há 23 anos pelos helicópteros Águia. Até setembro, o Comando de Aviação da PM realizou 937 transportes de órgãos em mais de 370 horas de voo. Todos os dias há uma equipe do Comando de Aviação (CAVPM) de prontidão para realizar o transporte.
O acionamento das aeronaves é feito pela Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do estado. Quando surge a oportunidade de um transplante, na maioria das vezes, o receptor está em uma cidade diferente do doador. Nesses casos, a urgência no transporte é dada pelo “tempo de vida” do órgão. Ao ser retirado do doador, o órgão passa por um tempo de isquemia — período em que fica sem receber sangue. Quanto menor for o tempo, mais rápido precisa ser feito o deslocamento entre os hospitais.
“O coração, por exemplo, tem um tempo de isquemia de quatro horas. Ou seja, ele tem esse período para ser retirado do doador, transportado, transplantado e funcionar no corpo do receptor”, explica o tenente médico Régis Marques, do Comando de Aviação da Polícia Militar.
“Quanto mais próximo o órgão chega desse prazo final, maior é o grau de rejeição do órgão no receptor. Quanto mais rápido chega, maior é a taxa de sucesso da cirurgia”, complementa o tenente, que realiza o serviço há mais de um ano e meio na unidade.
O órgão é levado dentro de uma caixa térmica lacrada, com gelo e substâncias para preservar a temperatura. Além do coração, o pulmão e o fígado, que tem 4 e 12 horas de isquemia, respectivamente, são os órgãos mais transportados pelos helicópteros da PM. “É um dos trabalhos mais gratificantes que realizo aqui”, conclui Marques.