MARCUS VINICIUS BARACHO DE SOUSA
Em muitas oportunidades citamos algumas ações em prol de uma gestão mais eficiente das OASP. Nunca é demais lembrar que a atividade aérea de segurança pública é cara e requer planejamento para uma aplicação eficiente.
São muitas as preocupações de um Gestor de OASP, diversos fatores vão influenciar a capacidade de atender as demandas pela aplicação de aeronave. A disponibilidade da frota com certeza é um desses fatores.
Ainda é comum que OASP em formação ou que desejam ampliar sua frota, vejam na doação, apreensão e fiel depósito de aeronaves, uma oportunidade de crescimento e potencialização de seus serviços. Sendo assim acaba recebendo aeronaves de todo tipo, modelos e nos mais variados estado de conservação. Tudo isso pode ocorrer sem considerar o emprego prático do equipamento que pode não atender as necessidades da OASP ou só atender em parte.
Essa prática também colabora para um processo de despadronização da frota, deixando a OASP com vários modelos diferentes de equipamentos para gerir, dificultando a gestão na hora de elaborar contratos de manutenção, seguro, entre outros. A formação também é afetada, quando pensamos nos pilotos, mecânicos e tripulação.
Não podemos esquecer que a dificuldade de estabelecer procedimentos operacionais aumenta, sendo a configuração de cada aeronave diferente, como exemplo, a forma de amarração de um rapel, pode variar conforme o tipo de helicóptero.
Ter muitas aeronaves pode criar expectativa para o usuário dos Serviços Aéreos de Segurança Pública, de um atendimento rápido e para qualquer situação, mas pela falta de recursos (contratos de Manutenção que prosperaram para alguns modelos de aeronaves e para outros não, por exemplo), a frustração pode ocorrer e o descrédito na Organização surge, prejudicando a imagem perante a sociedade. Essa expectativa também pode existir por parte das autoridades locais que passam a não se preocupar mais com a aquisição de aeronaves que realmente sirvam aos propósitos da OASP.
A indicação que faço é o estudo prévio da área de atuação da OASP, fazendo a seguinte pergunta: “Qual é a nossa missão?”, partindo daí poderá definir qual helicóptero, avião é o mais indicado para a prestação do serviço. Busque a padronização de sua frota, facilitando a capacidade que a OASP tem de formar pilotos, mecânicos, tripulantes, cuidar da manutenção, seguro, combustível e homologações necessárias. Isso facilita a aquisição de acessórios que somarão esforços aos processos produtivos da Organização (aquisição de equipamento infravermelho ou farol de busca), pois poderão ser utilizados em todas as aeronaves, sendo essas do mesmo modelo.
Não significa que vamos deixar de lado oportunidades que apareçam ou adquirir modelos diferentes, mas uma análise criteriosa por parte dos gestores vai prevenir não conformidades na prestação de serviços para a Sociedade. Boa sorte!
O autor é Capitão da Polícia Militar de São Paulo, trabalha no Grupamento de Radiopatrulha Aérea – “João Negrão”.