26 de Junho – Dia da Aviação de Busca e Salvamento
A origem da atividade de busca e salvamento na Força Aérea Brasileira remonta aos tempos da criação do ministério da aeronáutica, na década de 1940, sendo efetivamente estruturada nos anos 50. Desde então, incontáveis missões foram realizadas e inúmeras vidas foram salvas.
Uma missão, no entanto, marcou para sempre a história do SAR no Brasil: as buscas ao C-47 FAB 2068. Comemora-se hoje 54 anos da sua localização.
Sua triste saga teve início no dia 15 de junho de 1967, quando o destacamento de Cachimbo, ao sul do Pará, recebeu informes de que um ataque indígena era iminente e poderia tomar o campo. Reforços urgentes foram pedidos à primeira zona aérea.
O 2068, ainda que a meteorologia desaconselhasse o voo naquela noite, após decolar de Belém e pousar em Jacareacanga para reabastecimento, seguiu rumo ao seu destino. Entretanto, ao não encontrar o campo, mesmo tentando várias vezes o avistamento e com uma sequência dramática de mensagens, às 4 horas e 52 minutos da madrugada silenciou-se na imensidão da floresta amazônica.
Após 7 horas e 55 minutos, os possantes motores do C-47 começaram a falhar. Todos a bordo sabiam que aquilo poderia acontecer a qualquer momento: o combustível estava se esgotando.
Voando muito próximo ao topo da floresta, a aeronave começou a perder altura e a curvar-se lentamente. Em seguida, houve um leve roçar dos galhos na fuselagem, seguido do toque brusco sobre as grandes árvores e, por último, da inevitável colisão das asas contra os troncos maiores. Rapidamente a aeronave guinou e mergulhou na floresta.
Teve início, então, a maior operação de busca e salvamento da história da aviação brasileira e, no dia 26 de junho DE 1967, após serem voadas cerca de 1.100 horas por diversas aeronaves, o Albatroz 6539 decolou para aquela que seria a derradeira e marcante missão.
Investigando uma revoada de urubus, intencionalmente espantados com um tiro de pistola disparado pelo 2º Sgt. Botelho, sobrevivente do FAB 2068, o Albatroz avistou os destroços nas proximidades do município de Tefé e logo fez ecoar, vibrantemente, pela frequência do rádio de comunicação:
“Achamos o 2068!”
A euforia pelo sucesso da missão contagiou todos que estavam engajados naquela difícil tarefa.
No entanto, assim que o SH-1D FAB 8530 lançou por rapel a equipe de resgate no local do sinistro, a alegria se confundiu com a dor de um cenário desolador. Das vinte e cinco pessoas a bordo, apenas cinco conseguiram sobreviver até aquele momento.
Em meio às grandes dificuldades do acidente, destacou-se a abnegação do Cabo Barros que, com o corpo totalmente queimado, abastecia os sobreviventes com água, sem lamentar-se de absolutamente nada. Às vésperas da chegada do socorro, o Cb Barros, depois de cumprir mais uma vez o ritual de saciar a sede dos companheiros, deitou-se silenciosamente ao chão. O derradeiro suspiro do Cb Barros totalizou em vinte a quantidade de mortos.
No momento do socorro, o Ten Esp CTA Luiz Velly conseguiu traduzir em uma única frase todo o sentimento que expressa a certeza do resgate e que passou a permear a vocação e o espírito SAR daquele momento em diante:
“Eu sabia que vocês viriam!”
A tragédia do FAB 2068 escrevia, então, a história da maior operação de busca e salvamento da aviação brasileira até então. Participaram dessa missão trinta e três aeronaves. Foram voadas mil e cinquenta e três horas e cinquenta minutos.
Coube ao Presidente da República, Arthur da Costa e Silva, dimensionar a tragédia e a vitória da aviação de busca e salvamento da Força Aérea Brasileira com as seguintes palavras: “o resgate dos sobreviventes do avião 2068 transcende a história e a atmosfera da força aérea brasileira, impregnada do espírito heroico de nossa juventude, para sugerir-nos um símbolo de bravura, da energia e da perseverança de todo povo brasileiro, no desbravamento da selva amazônica e na afirmação cada vez mais vigorosa, de nossa soberania, em uma das mais vastas e fabulosas regiões da terra. é um episódio que nos enche de emoção, como seres humanos, e de orgulho, como habitantes deste país”.
Passados 54 anos deste episódio, a busca e salvamento continua mostrando-se imprescindível. As missões humanitárias proporcionam a alegria do reencontro a tantas vítimas de catástrofes naturais no Brasil e no exterior, auxiliando irmãos compatriotas e de nações amigas em suas dificuldades.
Dessa forma, homens e mulheres da busca e salvamento, um novo e ainda mais promissor horizonte se aproxima! Para tanto, é imprescindível que:
A convicção do Ten Velly, expressa na frase: “eu sabia que vocês viriam!” continue viva nos corações e nas mentes de todos que, diuturnamente, labutam na nobre missão de salvar vidas!
Se olhe para o futuro confiando, a exemplo do memorável 26 de junho de 1967, que novos cenários estão sendo descortinados na incessante labuta pela excelência de nossas atividades.
Se honre nossos antecessores, pois, brava e heroicamente, conduziram a bandeira do SAR, não importando o destino, mas sim a constante força interior. O tempo, que avança ligeiro, traduzirá sempre a premência do compromisso que…
“Por uma vida é preciso lutar!”
“lutar!”
“Para que outros possam viver”!
Edição feita por Eduardo Alexandre Beni com o texto elaborando em comemoração ao DIA DA AVIAÇÃO DE BUSCA E SALVAMENTO. Palavras do então Comandante de COMGAR, Ten Brigadeiro Ar Nivaldo Luiz Rossato e do Ten Brigadeiro Ar, Gerson Nogueira Machado de Oliveirs, Comandante-Geral de Operações Aéreas.
Leia também: