Aeromédico do Brasil – O portal Resgate Aeromédico iniciou uma série de entrevistas com os protagonistas do aeromédico brasileiro para conhecer melhor o funcionamento dos operadores aeromédicos públicos e privados.
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Dessa vez vamos conversar sobre a Archangelus Group e saber um pouco mais sobre os projetos inovadores na atividade de busca e salvamento no mar. Entrevistamos o professor Raphael Lemgruber de Carvalho, CEO da empresa, e abordaremos assuntos que evolvem operações de resgate, busca, salvamento no mar e capacitação desses profissionais.
O assunto é tratado pela Lei Nº 7.273/84 e pelo Código Brasileiro de Aeronáutica (Art. 49 a 65) e como no Brasil é possível que esse serviço seja concedido pelo Poder Público, a Archangelus surge com o objetivo de incrementar e auxiliar as atividades de busca e salvamento realizadas pela Marinha, Força Aérea e Forças Auxiliares. Essa é uma atividade muito comum em outros países, mas ainda inédita no Brasil.
RA: O que é a Archangelus Group ?
Raphael Lemgruber: A Archangelus Group foi idealizada em 2010 na Nova Zelândia, com o objetivo de incrementar o mercado de serviços de resgate offshore. Atualmente, a Archangelus envolve atividades de treinamento e operação nas áreas de busca, salvamento e resgate no mar. Em 2000 idealizamos a criação de um centro de treinamento integrado, chamado de Centro Internacional Subaquático Brasileiro (CISB) e em 2014 idealizamos a criação das Bases de Resposta Rápida a Emergências (RERB – Rapid Emergency Response Base).
RA: O que vem a ser o CISB e qual sua finalidade?
Raphael Lemgruber: A ideia surgiu com a perspectiva da necessidade de profissionais com qualificações multidisciplinares, como mergulhadores de resgate, preparados para atuar em áreas inóspitas, cuja abordagem pudesse ser feita tanto por helicóptero, quanto na costa brasileira.
Com o tempo o CISB tornou-se um centro de estudos e pesquisa que integrará atividades de resgate, salvamento, saúde e subaquáticas, viabilizando o treinamento de profissionais em um único local, com excelência reconhecida internacionalmente em educação e padrões de segurança.
A DEEP 60 será uma piscina inspirada na Nemo 33 situada em Bruxelas, Bélgica e na Y-40 situada em Abano Montegrotto Terme, Pádua, Itália. Teremos uma piscina com um “pitch” de 5 metros de diâmetro que chega à 60 metros de profundidade e que terá 3 níveis de cavernas, 2 naufrágios, 3 plataformas de treinamento (5 metros, 10 metros e 14 metros de profundidade) e um “parque temático” aos 18 metros de profundida.
Haverá uma plataforma de saltos estáticos (com “pranchas” de salto à 3, 6 e 9 metros de altura) além de um sistema artificial de ondulações. A DEEP 60 conta com 3 simuladores realísticos sendo eles, HUET, BUET e um cockpit de helicóptero projetado para treinamento de salto de mergulhadores de resgate avançado, tripulação aeromédica (médicos e enfermeiros), tripulação de voo (piloto, copiloto e fiel) e para técnicas de içamento.
Além da piscina, teremos um centro de treinamento de resgate e saúde inspirado em centros de treinamento como a A-School da Guarda Costeira Americana (USCG), que incluem salas de simulação realística e possibilitem, por exemplo, a criação de cenários para treinamento do ITLS Tático (International Trauma Life Support) ou APH Tático (Atendimento pré-hospitalar).
RA: Nesse cenário, quando e como surgiu a ideia das Bases de Resposta Rápida a Emergência?
Raphael Lemgruber: As RERBs (Rapid Emergency Response Bases) foram idealizadas em 2014. Ao voltar ao Brasil, notei grande oportunidade de incremento no serviço de resgate marítimo e costeiro, pois no Brasil não existe a atividade específica de Guarda Costeira para atuar em caso de acidentes ou desastres no mar. Por isso criamos a Archangelus Rescue Group que terá como objetivo atuar nas áreas de resgate offshore e dar suporte costeiro utilizando helicópteros para busca e salvamento, além de “ambulanchas” e motos aquáticas.
As RERBs foram inspiradas nas unidades da Royal New Zealand Coastguard, onde prestei serviços como tripulante de busca e salvamento marítimo, cuja missão é buscar, encontrar e salvar.
Um dos nossos grandes diferenciais é a implantação do Centro Integrado de Monitoramento e Emergência (CIME) que fará o monitoramento de ocorrências de forma instantânea diminuindo significativamente o tempo de resposta a emergências.
As obras do CISB e da primeira RERB estão previstas para iniciar em Dezembro de 2019, entretanto esse prazo e sua finalização é estimada e poderá sofrer alterações. O projeto já possui aprovação de órgãos governamentais e privados e deverá ser construída na área do Aeroporto de Angra dos Reis. A segunda RERB está sendo negociada para ser implantada em Recife (PE), podendo atuar em portos, aeroportos, plataformas de petróleo, com a possibilidade de responder a emergências em Fernando de Noronha.
RA: As ações de resgate ocorrerão apenas em algumas áreas ou em todo o Brasil?
Raphael Lemgruber: O projeto abrange todo o litoral brasileiro, ao longo do qual estão previstas até o momento a implantação de 10 RERBs posicionadas estrategicamente para atendimento não somente do mercado offshore mas também de aeroportos próximos ao mar, portos e outros.
RA: Quais meios de transporte vocês pretender ter nas RERBs ?
Raphael Lemgruber: A previsão é utilizarmos em cada RERB, seis embarcações para remoção e apoio às operações de resgate aquático, sendo uma “ambulancha”, uma lancha rápida e quatro motos aquáticas, além de duas aeronaves, uma para serviço aeromédico e outra para operação SAR/Aeromédico. Contaremos ainda com um veículo 4×4 para apoio costeiro, drones, duas motocicletas e um Veículo de Intervenção Rápida.
RA: Serão realizados cursos e treinamentos ?
Raphael Lemgruber: No CISB serão realizados diversos cursos que abrangem todas as áreas de mergulho, além de cursos voltados para a área da saúde e trabalhos em altura.
RA: O CISB será aberto ao público ou de frequência restrita para militares e algumas empresas específicas?
Raphael Lemgruber: O CISB será aberto ao público, sem restrições, porém alguns cursos possuirão pré-requisitos.
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