Comissão Nacional de Treinamento apresenta Manual do Instrutor de Voo no CNPAA

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Estimular a padronização do processo ensino-aprendizagem nas organizações, prover mais confiança no desempenho do instrutor de voo, além de promover um legado de bons profissionais para a aviação brasileira são os objetivos que motivaram a criação do Manual do Instrutor de Voo (MIV), único do gênero no país. Profissionais responsáveis pelo setor de aviação da SENASP-MJ participaram da Comissão Nacional de Treinamento e colaboraram com a elaboração desse manual, contribuindo com informações e experiências da Aviação de Segurança Pública.

Acesse aqui o Manual

Na avaliação do Chefe do CENIPA, Coronel Aviador Frederico Alberto Marcondes Felipe, “o manual é uma importante ferramenta que contribui para a prevenção de acidentes na Aviação de Instrução. Por meio de seu estudo, os instrutores de voo podem tomar conhecimento de informações extremamente relevantes, que os auxiliará na realização de voos de instrução mais seguros eficazes”, afirma.

capa-do-manual-07112016O Manual do Instrutor de Voo foi apresentado na 66ª reunião do Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA), que aconteceu nos dias 8 e 9 de novembro, em Brasília. O Chefe do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V), Tenente-Coronel Aviador Luis Renato Horta de Castro, fez a apresentação do trabalho aos participantes do CNPAA, instância máxima de discussão de temas relativos à segurança operacional no Brasil. A proposta, que culminou com a realização do primeiro Manual do Instrutor de Voo, surgiu na 63ª reunião do Comitê, em 2015.

O MIV é resultado da união de um grupo de profissionais focados e comprometidos com os ideais da aviação brasileira. São profissionais de várias áreas do setor aéreo e que fazem parte da Comissão Nacional de Treinamento, a qual destacou um subgrupo, coordenado pelo SERIPA V, para a elaboração do Manual. O trabalho foi construído a distância, com raras reuniões presenciais, porém favorecido pelo intercâmbio de ideias e informações online.

INSTRUTOR – Defensor incansável do processo ensino-aprendizagem na padronização do Instrutor de Voo, o Chefe do SERIPA V, Tenente-Coronel Renato, acumulou conhecimentos acerca dos problemas que afetam a Aviação de Instrução, principalmente em relação aos fatores contribuintes mais presentes nas ocorrências. A experiências vem das inúmeras investigações de acidentes realizadas no Estado de São Paulo (SERIPA IV) e na Região Sul (SERIPA V).

“A Aviação de Instrução, que teve origem nas décadas de 40 e 50, encontra-se carente de atenção especial, com uma frota de diferentes tipos de aeronaves considerada obsoleta. O piloto-aluno constrói seu caminho na aviação à margem da informalidade. O segmento não dispõe de uma gestão exclusiva e funciona pela alta rotatividade de instrutores, o que tem sido um problema crônico na formação dos novos profissionais que se preparam para competir no mercado de aviação”, explica o Tenente-Coronel Renato.

“O instrutor inicia a carreira, sem chance de crescer em um ambiente profissional de excelência. O círculo vicioso estabelecido não permite questionamentos, já que o jovem piloto de hoje será o futuro instrutor. As investigações apontam incompatibilidades nas avaliações de desempenho dos alunos e instrutores em um modelo de instrução, cuja credibilidade está em cheque”, ressalta o Chefe do SERIPA V.

“O instrutor sabe que o instruendo se espelha mais no exemplo que nas atitudes. Nesse sentido, o ofício de instruir é um privilégio e uma excelente oportunidade para exercitar o profissional ético e responsável que gostaríamos de encontrar em todos os segmentos da sociedade. O comportamento e a postura do instrutor influenciam diretamente gerações de profissionais da aviação, embora ele nem se dê conta disso”, disse o Tenente-Coronel Renato.

MANUAL – O Manual do Instrutor de Voo apresenta requisitos e conhecimentos fundamentais para o exercício de bem instruir. Trata-se de um guia direcionado aos jovens instrutores que assumem a função de ensinar, convidando-os a refletir sobre orientações e experiências de profissionais de longos anos de prática em busca da eficiência e da eficácia na atividade aérea.

Inicialmente, o manual foi pensado para atender instrutores da indústria da aviação (pilotos, mecânicos, comissários de voo, despachantes, controladores e afins), porém, em determinado momento, o debate focou as necessidades do Instrutor de Voo, explica o Tenente-Coronel Renato. O êxito do trabalho contou com a experiência do Estágio de Padronização da Instrução Aérea (EPIA), que nas cinco edições realizadas na Região Sul, confirmou a enorme lacuna didática existente entre o requisito regulamentar e a prática do instrutor.

Um guia é simples, com 93 páginas, subdividido em nove seções que abordam temas relacionados à didática, comunicação, avaliação, planejamento, brifim e debrifim, preenchimento de ficha de avaliação, boas práticas e responsabilidade na instrução, julgamento e tomada de decisão, além de incluir um estudo específico relacionado às ocorrências de instrução.

O trabalho levou aproximadamente 18 meses, entre sugestões e revisões sustentadas pela ampla experiência operacional dos participantes de diversas instituições, públicas e privadas, que se engajaram na criação de um bem maior à comunidade aeronáutica. Sem fins lucrativos, a elaboração do Manual do Instrutor de Voo é um exemplo da capacidade de criação de um grupo que decide produzir o resultado.

Além do SERIPA V, participaram da parceria a Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (ABRAPAC), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Faculdade de Ciências Aeronáuticas (PUCRS), Aeroclube de Eldorado do Sul, Abordo Fatores Humanos (Psicologia) e Centro de Treinamento de Helicópteros (Helipro) e outros.

INSTRUÇÃO– Na visão do Diretor de Ensino, da EFAI Escola de Aviação Civil, Comandante Nilton Cícero Alves, o manual auxilia na elevação do processo de ensino-aprendizagem. “O manual é um marco para a Aviação de Instrução. Ele condensa em documento único as orientações a respeito das atividades do processo ensino-aprendizagem, sem tomar para si a aura da solução de todos os problemas relacionados à instrução. O MIV é uma ferramenta útil para a disseminação e padronização de conhecimentos, técnicas e boas práticas”, afirma.

Na opinião do Comandante Nilton, o brifim e o debrifim são os pontos altos do manual e, por conseguinte, a seção que merece maior atenção por parte do instrutor. “Um bom debrifim propicia condições para tirar o máximo proveito da missão, além de permitir ao instrutor identificar os aspectos a serem mais trabalhados com o aluno. O debrifim, por sua vez, fornece subsídios, visando o melhor preparo da próxima missão”, destaca.

O representante da ABRAPAC (Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil), piloto Eduardo Morteo Bastos, destacou a sinergia como extremamente relevante para a indústria da aviação. “O manual representa um salto na qualidade da formação não só do instrutor, mas também de seus futuros alunos. Seu conteúdo é tão abrangente que pode ser utilizado na instrução básica e nas salas de empresas aéreas e centros de treinamento,” afirma.

“O MIV é uma ótima iniciativa. Ele destaca aspectos da instrução muita vezes esquecidos ou pouco trabalhados pelas instituições de ensino. Uma ferramenta que contribui para a formação de profissionais mais conscientes em um ambiente organizado. É a reafirmação do compromisso do SERIPA V com a melhoria contínua da segurança operacional”, declara o piloto Rodrigo Carvalho, do site RS Safety, com atuação na Escola de Aviação RS-Santo Angelo, localizada no Estado gaúcho.

Fonte: CENIPA

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