NÁDIA TEBICHERANE
Bicho extremo
Fez o homem voltar a entender que é pequeno
Bicho zangado
Colocou o mundo todo do mesmo lado
Calado
Bicho espantalho
Tirou das ruas, dos parques, dos bares, do trabalho
De volta para o ninho reaprender o caminho
Bicho democrático, deprimente
Pega rico, pega pobre, intelectual, analfabeto
Todo mundo doente
Bicho papão
Passa a régua
No peão, no patrão
No irmão
Bicho que dá risada
Do adulto sério
Na roda da criançada
Bicho sem coração
Tanta comoção…
Exigiu submissão, respiração…
Oração
Bicho sem piedade
Mostrou que é preciso olhar o coletivo, demonstrar humanidade
Solidariedade
Bicho demente
Que mostrou que gente
Depende de gente
Para não morrer sozinho
Nesse mundo indigente.
