No final de maio de 2012, profissionais do Atendimento Pré-Hospitalar do Distrito Federal (SAMU e CBM) participaram do lançamento, no Brasil, de estudo sobre a utilização de tecnologia que promove massagem cardíaca por meio de aparelho automático a vítimas de Parada cardiorrespiratória (PCR).
No “CIRC Trial”, o desempenho da RCP realizada por humanos e da RCP mecânica (feita através de um equipamento de compressões automáticas) foram analisados e comparados. Os pacientes que apresentaram PCR fora do hospital eram atendidos por equipes de saúde de atendimento pré-hospitalar, que promoviam a tradicional massagem cardíaca manual ou faziam uso de um dispositivo automático de massagem cardíaca (AutoPulse® Resuscitation System).
O estudo foi conduzido pelo médico e PhD Lars Wik (National Competence Center of Emergency, Oslo University Hospital) entre 2008 e 2011 em três países diferentes – EUA, Áustria e Holanda. Para realizar os estudos clínicos comparativos entre a RCP manual versus RCP automática, o Dr. Wik contou com a ajuda de cerca de 5 mil profissionais do APH, que atenderam mais de 4 mil pacientes com PCR até a conclusão do CIRC.
Foram usadas metodologias científicas, critérios e supervisionamentos que garantiram que a RCP manual fosse realizada em sua melhor qualidade, com desempenhos que raramente são vistos em equipes de emergência no dia-a-dia. Regras e metodologias também foram aplicadas nos testes de RCP automática, que utilizava o dispositivo mecânico.
Ao final do estudo apresentado pelo Dr. Wik na conferência, diversos resultados e conclusões foram evidenciadas. Dentre as mais importantes destacam-se:
- O CIRC Trial obteve a maior taxa de sobrevivência já alcançada em um estudo do gênero, passando dos 10%. As frações de RCP (proporção do tempo em que as compressões são realizadas em relação ao tempo total do atendimento) também atingiram níveis jamais vistos, passando dos 80%. Em comparação às frações de RCP humanas alcançadas no dia-a-dia pela maioria dos serviços de emergência, o AutoPulse® é possui taxas de sobrevivência 3,5 vezes maior.
- O desempenho do AutoPulse® no CIRC Trial foi equivalente ao da RCP de máxima qualidade (considerada Classe I), mas o equipamento de RCP mecânica se mostrou superior à RCP manual em diversos fatores, reforçando vantagens que já eram conhecidas.
- O AutoPulse® consegue manter as compressões na qualidade máxima durante horas, sem interrupções e em qualquer ambiente, enquanto os socorristas sofrem com a fadiga e com a dificuldade de realizar compressões de qualidade dependendo do local de atendimento.
- Os serviços de emergência ficam com um socorrista a mais, pois com o equipamento realizando a RCP automática não há necessidade de ninguém se revezar nas compressões.
- Os socorristas não correm mais riscos de se machucarem tendo que realizar a RCP dentro de uma ambulância em movimento.
- Além do mais, alguns diferenciais da técnica já eram apontadas pela literatura, como conhecidas vantagens às equipes de atendimento (otimizam o atendimento em muitos pontos, destacando-se os fatos de liberar um componente da equipe para realização de outras intervenções e o de diminuir o desgaste físico da equipe) e aos pacientes (massagem de alta qualidade com regularidade, intensidade auto-ajustada, interrupção programada e efetividade). Além do mais, os dispositivos têm fácil instalação e manuseio e não são invasivos (ou seja, não necessita de procedimento médico avançado para ser instalado).
O SAMU-DF foi pioneiro em utilizar a tecnologia. Desde janeiro de 2010 todas as suas ambulâncias possuem o dispositivo, e quase todas as vítimas de PCR podem se beneficiar da técnica. Mais recentemente, o SAMU-DF canalizou seus esforços para adquirir as versões mais sofisticadas da tecnologia.
Oito unidades da mais moderna versão (AutoPulse® Plus) em breve se somarão às 40 unidades atuais dos modelos em uso no serviço (AutoPulse® Resuscitation System Model 100 Platform). A nova versão possibilita a sincronização do choque (desfibrilação) com a massagem cardíaca, sem a necessidade da interrupção da massagem, maximizando a probabilidade do sucesso do choque, mantendo o tempo da pausa ou da ausência de fluxo de forma mínima, fato não possível mesmo durante a utilização da RCP manual.
Nota do Site: O equipamento descrito nesta matéria é um dos itens que se encontra a bordo da Unidade de Suporte Avançada – Bell 407 – Helicóptero PRF/SAMU/DF.
Fonte: Glayson Verner – Serviço de Pesquisa do SAMU-DF, via Aviação PRF.