Águia de São José do Rio Preto/SP se prepara para resgate em enchentes

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Desde que chegou a São José do Rio Preto, no dia 12 de agosto, o helicóptero Águia da Polícia Militar tem mostrado serviço diferenciado. Agora está se preparando para atender possíveis resgates de vítimas das enchentes que, infelizmente, assustam os moradores da cidade durante o Verão.

A aeronave entregue foi o Águia 17, mas a que está em atuação hoje é o Águia 2, que mesmo sendo um pouco mais antigo, cumpre as mesmas funções. O rodízio de manutenção é praxe entre os helicópteros que atendem as 10 Bases de Radiopatrulha Aérea do Estado. Isso acontece porque, embora a estrutura local faça a manutenção de primeiro escalão diariamente, a cada 100 horas de voo é necessária uma revisão geral, na capital paulista.

Aguia 02 em São José do Rio Preto

Todos os dias o Águia sai do chão por pelo menos 30 minutos, com o objetivo de atuar na prevenção da sua região de cobertura que abrange 96 cidades, em um perímetro de 25.476 Km², e uma população estimada em 1,4 milhão de pessoas.

Entre suas missões estão: policiamento ostensivo, de choque, de trânsito e ambiental, combate a incêndios, buscas, resgates e salvamentos, transporte de órgãos, resgate e remoção aeromédica, entre outros.

Para saber mais sobre esses dois meses de atuação, e os próximos objetivos do Águia, que receberá mais tripulantes para a equipe, conversamos com o Capitão da Polícia Militar, Marcus Vinicius Baracho de Sousa, responsável pela Base local, que sentencia “procuramos fazer o melhor para atender nosso cliente, que é a população.”

Domínios (D): Estamos nos aproximando da época das chuvas, quando a cidade geralmente enfrenta problemas com enchentes e alguns incidentes com a população. Como o Águia poderá ajudar nessas ocorrências?

Capitão Baracho (CB): Programamo-nos para atender ocorrências específicas em cada época do ano. As enchentes são comuns no Verão. O primeiro passo é o estudo geográfico para uma base de apoio, que são áreas para preparação da aeronave. Por exemplo: sempre existem problemas na avenida Alberto Andaló, então precisamos ter um ponto onde a aeronave possa pousar e se preparar para o resgate. O cesto de salvamento fica acoplado ao helicóptero por um gancho. Tem formato de tubo, é trançado de cordas, com uma portinhola também de corda. Dentro vai um tripulante. O piloto, sob coordenação do tripulante de cima, posiciona a aeronave para que o cesto fique junto à vítima. O tripulante vai ancorar essa vítima e trazê-la para dentro do cesto, depois a tiramos do local de perigo e a levamos para um local seguro. Existem também locais que ficam inundados e as pessoas ilhadas, sem acesso à água potável e alimentação, e o helicóptero pode tanto tirar a pessoa do local, como levar mantimentos até ela. Estudamos as principais áreas de risco, junto com o Corpo de Bombeiros que tem um planejamento, e acompanha a meteorologia. Ele sabe quando terá uma tromba d’água, e já se posiciona nos locais estratégicos. Agora estaremos juntos.

D.: Outra atividade diferenciada e sazonal foi o combate aos incêndios nas matas, fale um pouco sobre como foi isso.
C.B.: Foram sete atendimentos durante o período da seca. Nesse tipo de ocorrência levamos um oficial do Corpo de Bombeiros para fazer a avaliação do local. Temos um equipamento chamado bambi-bucket – um cesto com capacidade para 500 litros de água, que vai acoplado embaixo da aeronave. Chegando ao local do incêndio você procura um ponto de capitação de água (lago ou piscina, porque tem que ser local de água parada), enche o cesto, e com a orientação do tripulante despeja onde está o foco do incêndio. Nossa preocupação é proteger o meio ambiente.

D.: Atualmente, dentro das missões do Águia, a única que não é desenvolvida é o resgate aeromédico. Por que isso acontece?
C.B.: Para esse trabalho é preciso ter uma estrutura hospitar preparada, para receber o helicóptero, e médicos e enfermeiros capacitados para o voo, porque eles atuam também como tripulantes, e passam por curso em São Paulo. Em Rio Preto ainda não temos esses profissionais. Nossa equipe está pronta para oferecer o serviço e o faremos quando a estrutura estiver preparada. Mas, de qualquer forma, já temos condições de colocar dentro do helicóptero uma equipe médica e levar, por exemplo, a um local da rodovia onde aconteceu um acidente. Ou seja, fazer o pronto atendimento.

D.: Quantas pessoas integram o efetivo atualmente?
C.B.: Hoje dispomos de quatro pilotos e nove tripulantes, que era o efetivo disponível e preparado quando a Base foi inaugurada. Somos de São Paulo e optamos pela transferência para Rio Preto. Até janeiro vamos receber mais 11 tripulantes, e o efetivo ficará ideal para o trabalho que fazemos, que pode ser acionado nas 24 horas do dia. Seremos 27 pessoas: quatro pilotos, três mecânicos de aeronave e 20 tripulantes. Para integrar a equipe, policiais de diversas áreas (ambiental, policiamento, corpo de bombeiros) fizeram um concurso público interno e depois passaram por curso de especialização para operar na aeronave. Somos treinados para atuar em todas as ocasiões que são da nossa competência.

D.: Da altura que o helicóptero fica é possível ter uma visão ampla do que está acontecendo?
C.B.: Voamos, normalmente, a 150, 130 metros do solo, sempre respeitando os obstáculos (antenas, prédios) onde subimos um pouco mais. É possível ver, por exemplo, pessoas em atitude suspeita, mexendo em um carro. Também dá para ver quando alguém sinaliza um cumprimento, e até respondemos com um “tchauzinho”.

D.: Todos os dias o Águia ganha o céu da região durante o trabalho de policiamento ostensivo/preventivo. Como funciona essa atividade?
C.B.: O policiamento é ostensivo porque somos facilmente identificados, a aeronave é vermelha, preta e branca, e vem escrito Polícia Militar. É preventivo porque quando um infrator pensa “eu vou roubar”, e vê um policial por perto, geralmente desiste. Todo dia o helicóptero faz um voo na região de Rio Preto. Definimos alguns setores, concentramos em zonas específicas e fazemos rodízios com base nas informações do Centro de Operações da Polícia, que tem um controle de quantas ocorrências teve em uma determinada área, então damos prioridade a ela. Em época de pagamento por exemplo, que você tem muita concentração de dinheiro, nos bancos e as pessoas vão fazer compras e pagar contas, é o centro da cidade.

Associado a isso nós recebemos a visita da população, escolas, grupos de escoteiros. Hoje fazemos parte do roteiro turístico da cidade, porque o helicóptero não deixa de ser uma coisa interessante.


Fonte : Revista Domínios


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