Aeromédico do Brasil – O portal Resgate Aeromédico iniciou uma série de entrevistas com os protagonistas do aeromédico brasileiro para conhecer melhor o funcionamento dos operadores aeromédicos públicos e privados.
No Brasil, segundo a ANAC, o serviço aeromédico privado é explorado por cerca de 44 empresas de táxi-aéreo (RBAC 135). A Líder Aviação é uma delas. Nesse setor há também operadores públicos e que seguem regulamentação específica (RBAC 90). Os Corpos de Bombeiros Militares, SAMU, Secretarias de Saúde, Polícias Militares, Polícias Civis, Polícia Rodoviária Federal e Secretarias de Segurança Pública realizam atividades de resgate e transporte aeromédico.
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Dessa vez vamos falar sobre a operadora aeromédica Líder Aviação e conversamos com Bruna Assumpção Strambi, Superintendente de Manutenção, Fretamento e Gerenciamento de Aeronaves da Líder Aviação e sua equipe.
Vamos conhecer a Líder Aviação
Uma emergência não avisa quando vai acontecer e em muitos casos o transporte aeromédico, ou UTI aérea, é a solução mais viável para salvar a vida de pacientes que necessitam de um cuidado especial. Trata-se de um serviço que demanda total segurança, agilidade e pontualidade, voltado para o transporte de pacientes entre dois hospitais, seja dentro do Brasil ou no exterior.
A Líder Aviação, com mais de 40 anos de experiência neste serviço, conta com uma frota de mais de 60 aeronaves para serviços de táxi-aéreo e também para operações de helicóptero no setor de óleo e gás.
O serviço de transporte aeromédico da Líder é homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), de acordo com os critérios estabelecidos pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), a Agência Nacional de Saúde (ANS) e o Conselho Regional de Enfermagem (COREN). Além disso, rotineiramente, passam por auditorias internas e de órgãos regulamentadores para atestar a qualidade do serviço.
Além disso, a Líder atende ao requisito de manter uma equipe médica formada por profissionais, médicos e enfermeiros, qualificados e selecionados para cada tipo de atendimento.
Para Bruna Assumpção Strambi, Superintendente de Manutenção, Fretamento e Gerenciamento de Aeronaves da Líder Aviação, “o principal valor da nossa empresa é a segurança das nossas operações e levamos isso muito a sério em todos os serviços oferecidos. No transporte aeromédico não pode ser diferente e sabemos de toda dedicação que esse tipo de serviço demanda.”
“Nossa tripulação é selecionada de forma rigorosa e todos os profissionais são capacitados e treinados no programa de transporte de enfermos, exigência da ANAC”, complementou.
Aeronaves e equipamentos
Nas operações de UTI Aérea, a Líder possui uma diversificada frota própria, com aviões e helicópteros. Empregam os helicópteros AS350B2 Esquilo, AW119 Koala, Sikorsky S-76, Sikorsky S-92, Airbus H135 e o Bell 212, além dos aviões LearJet 35A e o Phenom 300.
Todas são homologadas com os equipamentos médicos de uma UTI Aérea. Como exemplo de suporte oferecido, o Kit LifePort conta com maca, rampa, ventilador pulmonar, sistema compressor de ar, sistema de vácuo, sistema de oxigênio, monitor, desfibrilador, marca-passo externo, monitor multiparâmetros, entre outros. Os equipamentos podem variar conforme a operação.
“Cada aeronave possui uma especificação e seguimos à risca todas as exigências para uma operação segura. Ou seja, o Phenom 300 e o LearJet 35A exigem uma operação com dois pilotos, já os helicópteros Esquilo e Koala são operados somente com um piloto”, afirmou Bruna.
Treinamentos e Certificação
Os tripulantes passam por treinamentos anuais em simulador e participam de um programa interno de treinamento que envolve doutrina de segurança da empresa, tráfego aéreo internacional, RVSM/TCAS, EGPWS/CFIT, Crew Resource Management (CRM), artigos perigosos e emergências gerais.
“Nossos profissionais participam, constantemente, de treinamentos e a empresa está sempre em busca de certificações que atestem e comprovem seu nível de segurança”, disse Bruna.
A Líder Aviação é certificada pela International Business Aviation Coouncil (IBAC), um dos mais conceituados órgãos do setor e pela IS-BAO, com estágio III de excelência, concedido às organizações que cumprem um código de boas práticas e que têm a segurança como um pilar importante em todos os níveis hierárquicos da empresa. Possui também a certificação Proud Wivern Wingman da Wingman Council e a certificação BARS da Flight Safety Foundation.
Equipe aeromédica
A equipe aeromédica é formada por um médico e um enfermeiro, qualificados e habilitados para atendimento de UTI Aérea. A especialidade do médico é definida de acordo com o quadro clínico do paciente a ser transportado.
Existe ainda a presença de um chefe-médico, responsável por todo cuidado e bem-estar do paciente desde o hospital de saída até o hospital de destino. O profissional também é responsável por conferir e assegurar todos os equipamentos e materiais apropriados para cada caso e por todos os atos médicos praticados durante a operação.
Ambulância aérea: como funciona?
Os cuidados para a remoção de um paciente na UTI Aérea começam antes do voo. Uma das etapas é a realização de uma triagem médica prévia para avaliar as condições clínicas do paciente e se ele está apto a viajar. É preciso também repassar todas essas informações à tripulação, para que eles possam avaliar a necessidade de se alterar ou não os padrões de voo.
“Em casos graves, por exemplo, a aeronave deve voar sempre abaixo de cinco mil pés. Sem contar a decolagem e pouso que também exigem um cuidado à parte para evitar impactos”, explica Bruna.
Apesar de as cabines serem pressurizadas, quanto mais um avião sobe, mais rarefeito o ar fica, ou seja, menos oxigênio disponível. Essa baixa oxigenação pode provocar alterações no organismo do paciente, como sonolência e outros sintomas. Por isso, as aeronaves que realizam UTI Aérea precisam estar equipadas com UTI completa para garantir o quadro de saúde do paciente. Vale lembrar que decolagens e pousos com pacientes a bordo têm preferência em relação aos voos comuns.
Ganhando tempo
Nesse tipo de fretamento, a agilidade é um fator crítico, pois qualquer demora pode levar a um agravamento clínico do paciente. Bruna explica que o tempo para a realização de todos os trâmites do processo de cotação é bem mais curto que em operações convencionais.
“Enquanto a cotação é realizada, já existem pessoas resolvendo questões necessárias para liberar a parte médica, embarque, desembarque e demais procedimentos”, explica a diretora superintendente. O transporte em terra também é executado pela empresa, desde o local de origem até o hospital de destino, com ambulâncias próprias ou contratadas pelo próprio cliente.
Em todos esses anos, a Líder Aviação já transportou quase 10 mil pacientes. “É um serviço para atendimento 24 horas, que precisa contar com a disponibilidade de todos os profissionais. A Líder foi a primeira empresa do Brasil a obter homologação da ANAC para realizar transporte aeromédico e conta com grandes parceiros do setor”, frisa Bruna.
Bases de operação
A Líder conta com mais de 20 bases operacionais de norte a sul do país, além dos transportes intercontinentais que realizam.
Um fato que marcou época para a empresa, em março de 1989, a Líder fez seu mais longo voo de UTI Aérea. O trajeto foi iniciado em São José dos Campos, com escala em Recife, Ilha do Sal, África do Sul e Estocolmo (Suécia). O jato Learjet 35 percorreu 26.550 quilômetros até Estocolmo para levar um funcionário de uma multinacional, portador de agranulocitose e leucopenia.