No dia 1º de janeiro de 2010, na região de São Luiz do Paraitinga, em razão das fortes chuvas, o nível dos rios começaram a subir. Num primeiro momento não houve muita preocupação da população, pois nessa época do ano é normal a elevação dos rios pelas fortes chuvas. A região possui a seguinte hidrografia: Rio Paraitinga, Rio Paraibuna e Ribeirão Chapéu (estes foram os rios mais afetados pela enchente) e, rapidamente, as águas começaram a invadir as ruas, nas zonas urbanas e os campos e casas, nas zonas rurais.
No final da tarde, imaginando que poderiam ocorrer muitos problemas, as empresas de rafting da cidade prepararam os botes e demais equipamentos, e ficaram alertas à elevação do nível do rio paraibuna, inclusive fizeram contato com muitos moradores, alertando quanto ao perigo, mas somente algumas pessoas fecharam as casas e foram para as casas de amigos e parentes.
À noite, a enchente chegou ao nível máximo, muitas pessoas ficaram “ilhadas” sobre as casas e somente saíram com ajuda de botes. Os bombeiros chegaram e, de imediato, iniciaram o apoio com os profissionais do rafting. As aeronaves do GRPAe de São Paulo foram acionadas, entretanto, as aeronaves que se encontravam em São Sebastião e Ubatuba não conseguiram transpor a Serra do Mar, em virtude da péssima visibilidade e condiçaõ meteorológica. O mesmo ocorreu com a aeronave de São Paulo.
No dia 02, pela manhã, as aeronaves conseguiram chegar ao local afetado pelas fortes chuvas, a fim de realizarem os apoios necessários: Águia 07, 11 e 15. Inicialmente, o Águia 07, em apoio à Defesa Civil de São Paulo, Companhia de Energia Elétrica e Departamento de Estradas de Rodagem, realizou avaliação da região até o município de Cunha, que também havia sido assolado pelas fortes chuvas, ocorrendo queda de barreiras, mais de trezentas pontes foram danificadas e muitas pessoas ficaram ilhadas.
Assim, iniciou-se, com o uso dos helicópteros, a retirada de dezenas de pessoas que se encontravam sobre casas e em regiões ilhadas, nas zonas urbanas e rurais, transporte de pessoas feridas ou com algum problema de saúde, além do transporte de alimentos, água, produtos de higiene pessoal e remédio.
Uma dificuldade apresentada nos trabalhos com as aeronaves foi o local de pouso no município de São Luiz do Paraitinga, visto que o campo de futebol ficou embaixo d’água, entretanto, em um morro próximo havia um platô, que havia sido preparado pelo CAVEX há alguns meses, para uma manobra naquele município. Este local serviu como base das aeronaves utilizadas na missão. Chegaram a ficar pousadas 04 aeronaves (uma aeronave Pantera do CAVEX e três Esquilos do GRPAe de São Paulo).
Um dos momentos críticos ocorreu em São Luiz do Paraitinga, onde um homem, auxiliando na retirada de terra de uma estrada, em companhia de dois amigos, foram vítimas de outro deslizamento no mesmo local, dois deles conseguiram sair, um com escoriações leves nos braços e pernas, e outro com fratura no tornozelo, entretanto, o terceiro permaneceu sob a terra por cerca de doze dias, pois cada vez que se cavava, mais terra descia. Somente no 12º dia, após a ocorrência e muito trabalho, os bombeiros localizaram o corpo.
Em Cunha foram computadas seis vítimas, sendo cinco fatais e uma politraumatizada, socorrida pela aeronave do CAVEX.
As aeronaves permaneceram no apoio aos municípios de São Luiz do Paraitinga e Cunha até o dia 14/01/2010. As doações não param de chegar às unidades da Polícia Militar e Policia Civil, havendo uma triagem criteriosa, separação e envio às duas cidades.
Os trabalhos foram realizados pelo Exército, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros (inclusive bombeiros civis de empresas próximas), além de voluntários e profissionais do rafting. Uma grande mobilização em prol da vida humana.
FOTOS DAS AERONAVES E DA DESTRUIÇÃO CAUSADA PELA ENCHENTE
( clique sobre a foto para vê-la em tamanho original)
Fotos: André Luís de Castro Vieira, Juraci Alves de Toledo (Águia pousado no Trevo) e Aparecido Papareli Júnior (helicópteros Águia e o Pantera no platô)