O tempo fechou para o Serviço Nacional de Polícia (NPS) do Quênia após a compra de um helicóptero no valor de milhões de dólares. Os especialistas em aviação e segurança afirmam que esta escolha é inadequada para as operações policiais.
A aquisição do helicóptero AW139 bimotor de 15 assentos levantou outros questionamentos com alguns membros da comissão de aquisição e licitação do NPS indagando o porquê dos fornecedores quererem que os custos de manutenção e treinamento dos pilotos fossem arcados pelo governo.
A informação disponível da fabricante do helicóptero, a AgustaWestland italiana, conta que, em 2013, o preço da unidade de um novo helicóptero AW139 era de US$12 milhões, enquanto os usuários deste tipo de aeronave dizem que, atualmente, ele custa US$15 milhões. Apesar da polícia precisar urgentemente de novas aeronaves para respostas rápidas a emergências e ataques terroristas do Al-Shabaab, a escolha do helicóptero AW139 dispertou suspeitas entre os especialistas em segurança e aviação.
A máquina errada
Especialistas em helicópteros concordaram com os membros da comissão de licitação do NPS que se opuseram à compra. Eles destacaram que o helicóptero AW139 não é a máquina mais adequada para a vigilância e segurança das regiões de alta altitude, como Nairóbi, Rift Valley e o Norte e o Oeste do Quênia.
O helicóptero está sendo adquirido depois de uma licitação anunciada pelo NPS para a compra de três helicópteros ter sido cancelada no início deste ano.
A polícia havia anunciado em jornais locais as licitações internacionais para o fornecimento e entrega de um helicóptero de transporte militar e quatro helicópteros multimissão.
Uma outra razão da compra do helicóptero AW139 ter causado um desconforto no serviço de polícia foi a sua não conformidade com a especificação multifuncional ou de “multimissão”.
Os especialistas dizem que o helicóptero é ideal apenas para as operações de baixa altitude. Segundo as informações provenientes da fabricante, o helicóptero está limitado a uma altitude de 8.130 pés (2.478 metros) acima do nível do mar.
Um especialista em aviação que conversou com o The Standard descreveu a compra como imprudente e a máquina como a ferramenta errada para o trabalho.
“Os AW139 são especialmente fabricados para operações offshore. Eles não podem operar nas partes internas do país afastadas da costa porque são sensíveis à poeira e o peso da máquina dificulta as operações em altas altitudes”, disse o especialista de uma empresa regional líder em aviação que preferiu não se identificar.
Ao ser contactado, o Inspetor Geral (IG) da Polícia, Joseph Boinett, negou ter conhecimento sobre o plano de comprar o helicóptero AW139. “Isto é novidade pra mim. Não estou sabendo disto. Então, não posso comentar.”, escreveu em resposta.
O The Standard tinha procurado o IG para saber o porquê da polícia ter obtido o helicóptero dois meses depois de cancelar uma licitação internacional para helicópteros multimissão e peças de reposição para os quatro helicópteros MI-17 fabricados na Rússia que estão paralisados.
Tempestade levantada
O IG também não revelou se a polícia compraria todos os três AW139 que, segundo as fontes, estão sendo oferecidos pelo fornecedor e quem arcaria com os custos dos treinamentos de pilotos e engenheiros, já que os helicópteros são os primeiros deste tipo a serem usados pela polícia.
As fontes disseram que a questão gerou preocupações dentro da comissão de aquisição do NPS, com alguns membros pedindo a investigação do processo.
Antes da licitação internacional ter sido cancelada, o NPS tinha convidado oito empresas que haviam respondido para fazer apresentações, entre elas estão a Unidade de Defesa e Espaço da Airbus, Schiebel Aircraft GMBH e Frequentis Defence Incorporation.
Fonte: Standard Digital/ Reportagem: Juma Kwayera