Os últimos artigos forneceram explicações importantes sobre o diagrama altura X velocidade (A-V) dos helicópteros monomotores. Agora, vamos um pouco além disso: entrar no campo dos helicópteros multimotores.
Assim como com os monomotores, normalmente você encontrará um diagrama A-V para os helicópteros multimotores no manual de voo. No entanto, ao contrário dos monomotores, o diagrama A-V para os multimotores serve para assegurar um pouso seguro com um motor inoperante (OEI) e não para casos de autorotação.
Além disto, a questão de se o diagrama A-V será mesmo aplicado ou não depende de quão bem a aeronave consegue funcionar com um motor inoperante. Este desempenho é definido a partir de uma série de categorias. Se o multimotor pertencer à Categoria B e for totalmente operacional (assim como todos os monotores), ou à Categoria B, mas parcialmente operacional, então uma limitação do diagrama A-V será aplicada; ao passo que, se ele pertencer à Categoria A, não. Basicamente, a Categoria A é onde o desempenho OEI é tão bom que o diagrama A-V não é aplicável. Compararemos três helicópteros multimotores muito diferentes para destacarmos essas diferenças.
O BO105CBS pertence à Categoria B e é totalmente operacional, com um desempenho OEI fraco. Mesmo em condições ideais (peso leve em altitude de densidade baixa), ele mal consegue manter a altitude com um motor. A velocidade aerodinâmica variada de Vy em somente alguns nós resultaria em uma queda. As operações de aproximação e de partida com todos os motores funcionando (AEO) precisam ser tais que uma rápida transição possa ser realizada conforme o diagrama A-V, no caso de falha de motor.
O Bell 412 é um exemplo de multimotor que, pode ser operado em Categoria A ou Categoria B, dependendo do peso, da altitude e da temperatura. Em temperaturas, altitudes e pesos mais baixos, ele tem um desempenho OEI bom suficiente para qualificar-se como uma aeronave de Categoria A. Mas, na maioria das operações do dia a dia, ele é tipicamente uma aeronave de Categoria B, o que significa que o diagrama A-V seria aplicado.
O helicóptero da AgustaWestland 139 é uma verdadeira aeronave de Categoria A embora, como muitas outras, seja possível encontrar condições que a levaria para a Categoria B. O AW139 foi concebido para operar como Categoria A, em um ambiente de apoio offshore de exploração de petróleo com alta carga útil (passageiros, mercadoria e combustível). Ele é capaz de pousar e decolar de heliportos, transportando até 15 passageiros, com o desempenho da Categoria A.
Pois bem, o que é, então, a Categoria A? A Categoria A é quando a aeronave tem uma capacidade de desempenho adequada para um voo seguro e contínuo no caso de uma falha do motor, independentemente de quando essa falha ocorrer. Apesar dos helicópteros monomotores e dos multimotores da Categoria B não terem tais garantias, a aeronave de Categoria A é capaz de assegurar que um pouso seguro e normal possa ser realizado com um motor inoperante em um aeroporto ou heliporto.
No caso de uma falha do motor, os tipos ou as categorias diferentes de helicópteros ditam os diferentes cursos de ação em busca da mesma coisa: preservar as rotações por minuto (RPM) do rotor. Não importa o helicóptero e o seu número de motores, o que importa é a asa e ela deve ser preservada. O monomotor deve entrar, obviamente, em autorotação.
O multimotor de Categoria B precisa voar em ou acima de Vy (melhor velocidade ascensional OEI) para manter ou aumentar a altitude e depois voar para uma área onde possa ocorrer um pouso seguro. Durante a decolagem e o pouso, enquanto perto do solo e abaixo de Vy, uma falha do motor em Categoria B resultará, provavelmente, em um pouso forçado. Apesar de não ser tão ruim quanto uma autorotação, é um tipo de acontecimento que não ocorreria com um helicóptero de Categoria A.
A diferença em relação à Categoria A é que uma falha de motor não significa um pouso forçado. No caso de uma falha de motor durante a decolagem, a Categoria A tem a capacidade de voltar e parar com segurança na área de decolagem ou de continuar a decolagem, subir e estabelecer o voo adiante. Já no caso de uma falha de motor durante o pouso, a Categoria A pode pousar na área de pouso desejada ou abortar a aproximação e restabelecer o voo adiante. Ao contrário da Categoria B, não há exposição à possibilidade de um pouso forçado, portanto não há diagrama A-V.
Fonte: AOPA Hover Power/ Reportagem: Markus Lavenson