As incertezas quanto aos regulamentos e as preocupações com a privacidade impedem muitos Departamentos de Polícias nos EUA a adotarem a tecnologia.
As agências de aviação policial na área de Baltimore, em Maryland, e em todo o país (Estados Unidos), estão pesquisando os VANTs – interessados nles por terem o potencial de contribuir para os empregos táticos de alto risco e na coleta de informações para a inteligência.
Mas, as incertezas quanto às regulamentações federais, as preocupações com as questões de privacidade e outros fatores têm desencorajado muitas agências de aquirir as aeronaves não tripuladas.
“Ainda existem muitas perguntas sem resposta em relação ao futuro uso do avião teleguiado e também como a [Administração Federal de Aviação – FAA] regulará esses esforços,” disse Cristie Kahler, porta-voz do escritório do xerife do Condado de Harford. Recentemente, a agência lançou sua primeira unidade de aviação, mas não tomou medidas em relação à tecnologia dos aviões teleguiados. “Quando a FAA definir internamente as suas diretrizes, precisaremos avaliar como os aviões teleguiados se encaixarão em nossos planos operacionais”.
As autoridades policiais do Condado de Baltimore discutiram demonstrações de aeronaves não tripuladas com uma empresa em Maryland, no entanto eles dizem que não têm planos imediatos para investir em um avião teleguiado. Enquanto isso, as autoridades policiais do Condado de Howard acompanham as demonstrações em uma conferência do setor e as autoridades em Anne Arundel estão tomando uma posição de esperar para ver. A polícia de Baltimore não respondeu as perguntas sobre os seus planos.
Os defensores dizem que a pequena e leve aeronave — já aceita por amantes da fotografia, agentes imobiliários e entusiastas — poderia oferecer muitos benefícios à polícia. As câmeras dos aviões teleguiados podem ajudar em missões de busca e salvamento, gravar rapidamente imagens de cenas de acidente e fornecer informações essenciais às autoridades, como no caso de situações voláteis como, por exemplo, tiroteios em massa e monitoramento de cercos.
O Capitão Don Roby, da polícia do Condado de Baltimore escreveu às autoridades do departamento que a tecnologia seria útil para a unidade tática durante as situações de cercos e no serviço de busca de alto risco. Os aviões teleguiados “podem ser uma opção mais prática e acessível para esta agência. (Principalmente para as missões de cenas de crime e acidentes),” ele escreveu em um memorando obtido pelo The Baltimore Sun, através de um pedido de Ato Público de Acesso à Informação.
Roby, comandante da Divisão de Investigação Criminal do Condado, tem trabalhado em um comitê nacional para sistemas de pequenas aeronaves não tripuladas e dará uma palestra sobre como as agências podem integrar as tecnologias na conferência da Associação Internacional de Chefes de Polícia em outubro.
Mas, muitas agências estão esperando a FAA expedir os regulamentos sobre o uso de aviões teleguiados. Os interesses na aeronave também podem diminuir à medida que a pressão aumenta sobre os departamentos de polícia de todo o país para reduzirem o uso de equipamentos que são utilizado pelas forças armadas — uma questão que entrou em destaque após recentes confrontos entre manifestantes e unidades de força tática em Ferguson, em Missouri.
Muitos departamentos também estão lutando com as diretrizes internas para tratarem de preocupações referentes à privacidade, incluindo o uso e o armazenamento de imagens.
“É claro que esta questão está por vir. Está claramente nas telas dos radares da aviação policial”, disse David Rocah, advogado sênior dos funcionários da União Americada pelas Liberdades Civis (ACLU) de Maryland. “Agora é a hora de tranquilizar o público, assim não acordamos e encontramos centenas de aviões teleguiados nos mantendo sob vigilância constante.”
O Chefe do Condado de Baltimore, James W. Johnson, “está preocupado com o potencial que esta ferramenta tem de invadir a privacidade das pessoas — independentemente dela ser usada no setor público ou privado,” disse em um email a porta-voz Elise Armacost. Ela acrescentou que a agência não tem planos de investir na tecnologia no “futuro próximo”.
De acordo com Roby, os proponentes sugerem que os pequenos aviões teleguiados possam ser usados de diversas formas, desde para a “coleta de inteligência/vigilância de cercos policiais,” até para incêndios, incidentes com materiais perigosos e apoio às outras necessidades do governo, como zoneamento. Um avião não-tripulado não substituiria a atual unidade de aviação do condado, mas “a complementaria com uma solução de missão mais eficiente e tática”, disse ele no e-mail às autoridades do departamento.
Roby recusou, através de seu porta-voz, em ser entrevistado.
E-mails adicionais entre as autoridades policiais do Condado de Baltimore discutiram sobre a necessidade de se ter uma demonstração pela UAV Solutions, uma empresa baseada em Jessup que constrói sistemas aéreos não tripulados. As demonstrações seriam realizadas em Denton porque as regulamentações da FAA não permitiriam demonstrações nas instalações da empresa BWI, escreveu um tenente do condado.
Mas, Armacost disse que as autoridades do condado ainda não assistiram ou agendaram uma demonstração
A empresa, que prega em seu site “Uma solução Para Cada Missão”, oferece diversos modelos de aviões teleguiados. O leve Phoenix 15, que pesa apenas 0,72 kg, tem uma cobertura de 0.80 quilômetro e voa até 15 minutos, é descrito como “ideal para militares, socorristas e aplicações civis.” O Talon 240 da empresa, que se assemelha a uma aeronave pequena e branca, pesa cerca de 51 quilos e tem um tempo de voo de até 8 horas.
Fonte: The Baltimore Sun/ Reportagem: Jessica Anderson