Alex Mena Barreto
Visitando o Office of Air Unit e a base da Golden Gate Division da California Highway Patrol, na Califórnia/EUA.
Toda a atividade aérea da CHP é coordenada pelo Office of Air Operations, chefiada por um Capitão. O Capitão do Office of Air Operations (OAO) seria ao equivalente ao Comandante de uma unidade aérea com bases descentralizadas.
O Office of Air Operations (OAO) é subordinado ao Assistant Commander Field, equivalente ao subcomandante geral da CHP, e tem o mesmo nível hierárquico que um comandante de divisão territorial (Division Commanders).
O Office of Air Operations (OAO) tem como missão prover o assessoramento em todos os assuntos relacionados à aviação, bem como criar, implantar e fiscalizar padrões e manuais de operações, bem como programas de segurança operacional, treinamento de pessoal, realização e acompanhamento de contratos de manutenção aeronáutica.
Também é responsável pela administração do orçamento do programa, especificação e aquisição de aeronaves, equipamentos e alterações técnicas, conduzir investigações de acidentes/incidentes aeronáuticos do departamento e lidar com assuntos ligados a aviação junto a FAA.
O Office of Air Operations é composto pelo comandante, chefe dos pilotos de helicópteros, chefe dos pilotos de aviões, coordenador de manutenção aeronáutica (aviões e helicópteros), coordenador de segurança operacional, coordenador aeromédico / paramédico, coordenador de projetos especiais e pessoal de suporte administrativo. Apesar da extensa lista de atribuições o efetivo do Office of Air Operations (OAO) envolve uma equipe de menos de dez pessoas no escritório.
O Chefe dos Pilotos (Chief Pilots) – existe um para asa fixa e um para helicópteros – é responsável por coordenar e acompanhar todo o treinamento inicial e recorrente dos pilotos, que é feito pelos instrutores de voo das próprias bases. O Chefe dos Pilotos é responsável pela padronização dos instrutores das bases e, na medida do possível, pelo voo anual de recheque dos pilotos.
O escritório físico que gerencia toda a atividade aérea fica no prédio do QG da CHP, na cidade de Sacramento, Califórnia/EUA. E quebrando um paradigma brasileiro, não fica em um aeroporto!
Diferentemente dos exemplos no Brasil, os comandantes territoriais (Division Commanders) são diretamente responsáveis por suas operações aéreas (bases) e pela fiscalização de que as mesmas estejam de acordo com os manuais e padrões emitidos pelo Office of Air Operations.
Base da Golden Gate Division
A infraestrutura aeroportuária nos Estados Unidos, em especial na Califórnia, é primorosa. Independente do aeroporto ser doméstico ou internacional, aviação executiva ou aviação geral, eles são enormes.
Logo, a base operacional da Divisão Golden Gate da CHP fica localizada em um “pequeno” aeroporto na cidade de Napa, a cerca de 60 km a nordeste de San Francisco.
A base também não poderia deixar de ser “pequena”, com duas grandes edificações, sendo uma para a parte administrativa e outra para a hangaragem das aeronaves. As instalações são bastante adequadas e primam pela funcionalidade.
Estão designadas para a base 4 aeronaves, sendo dois helicópteros AS350B3 (designativo H-30 e H-32) e dois aviões Cessna T206H (designativo A-31 e A-37).
Todas as aeronaves são completamente equipadas. Destaca-se aqui que todas as aeronaves de asa fixa são completamente equipadas para o cumprimento de missões de patrulhamento, com sistemas de imageamento térmico, downlink, moving maps e uma grande suíte de rádios policiais.
O sistema de imageamento térmico utilizado são os L-3 Wescam’s MX-15, que possui uma excelente capacidade operacional.
Um problema observado pela unidade foi acerca do “pod” de instalação de sistema de imageamento térmico nas aeronaves Cessna T206H, onde as primeiras aeronaves foram equipadas com o “pod” do imageador (“gimbal”) junto a fuselagem, mas verificou-se que tal instalação acarreta muito arrasto e turbilhonamento, prejudicando a atuação aerodinâmica do estabilizador horizontal.
Após identificado o problemas, as instalações das aeronaves posteriores foram efetuadas em um “pod” junto da asa esquerda das aeronaves, onde não ocorre mais esse problema.
Apenas para se ter uma ideia da capacidade do sistema de L-3 Wescam’s MX-15, o avião a cerca de 800 pés AGL consegue uma aproximação de zoom capaz de identificar as características de uma arma de fogo. Impressionante.
Já os helicópteros, são completamente equipados para atividade policial no estilo “multimissão”, o que inclui moving maps, rádios policiais, sistema de imageamento térmico Axsys, guincho elétrico, gancho de carga, farol de busca, radar altímetro e completamente equipado para operações aeromédicas.
Devido a característica americana de tripular os helicópteros policiais com apenas piloto e tripulante (Tactical Flight Officer), no caso da CHP esses últimos possuem uma formação bem eclética, que inclui o treinamento para operação dos aviônicos em missões policiais, treinamento em operações de salvamento a altura e também são paramédicos.
Além de terem um treinamento chamado de “pitch-hit”, que os habilita a pilotar a aeronave no caso de incapacidade do piloto.
Uma das características mais impressionantes em relação às operações aéreas brasileiras é a forma de abordagem na missão aeromédica com o helicóptero.
No caso de acionamento para uma missão desse tipo, a aeronave é reconfigurada pelo próprio tripulante (Flight Officer) antes da decolagem, ou até mesmo no local da ocorrência.
Essa reconfiguração inclui a retirada dos comandos do posto do 2P, retirada do banco e instalação da maca longitudinal. Posteriormente o banco do 2P é instalado nos trilhos atrás do banco do 1P, onde o paramédico irá prestando a assistência à vitima em voo. Apesar de parecer complicado, a reconfiguração não leva mais de cinco minutos.
Os helicóptero da CHP atualmente operam sistemas de imageamento de duas marcas, uma da Axsys e outra da FLIR. Segundo os operadores, o primeiro sistema chama a atenção pela qualidade da imagem, mas peca pela falta de funcionalidades voltadas para a atividade policial, enquanto que o sistema da FLIR destaca-se pela existência dessas funcionalidades mas possui uma imagem aquém do primeiro.
A base opera com um efetivo de 13 pilotos e 13 tripulantes, sendo 7 também paramédicos, além de um mecânico contratado. A base mantém uma operação 24/7 com helicópteros e das 06h às 16h com as aeronaves de asa fixa. Os turnos das tripulações são de dez horas diárias, quatro turnos por semana, completando 40 horas semanais.
Toda a manutenção e inspeção é em regra efetuada na própria base por um mecânico particular contratado em regime de exclusividade. Via de regra, esse mecânico é contratado como o equivalente a uma pessoa jurídica, e não como funcionário da CHP.
A base presta suporte aéreo policial para os Departamentos policiais da região da Baia de San Francisco, abrangendo 12 condados. Apesar de ser estranho essa extrapolação da área de atuação, ela é baseada nas metas principais da CHP, sendo a primeira a proteção da vida, prevenção de acidente e danos, e complementarmente maximizar o serviço público e prover assistência e apoio a outras agências de segurança pública.
Leia também:
- CHP Air Operations – Visão geral – Parte 1
- CHP Air Operations – Conhecendo a unidade – Parte 2
- CHP Air Operations – Treinamento e seleção – Parte 3
- CHP Air Operations – Operações Multimissão – Parte 4
- CHP Air Operations – Segurança de Voo e Manutenção – Parte 5
- CHP Air Operations – Últimos detalhes – Parte 6