Paraná – O serviço aeromédico do SAMU Campos Gerais completou 6 anos de atividade no mês de março. Neste período, foram cerca de 2.400 pacientes atendidos e 3.400 horas voadas, em diferentes tipos de atendimentos, como vítimas de trauma, casos clínicos e transporte de órgãos. Isso equivale a um paciente por dia atendido pelo aeromédico no período.
Para o Dr. Rafael Brandão, que coordena o serviço aeromédico nos Campos Gerais, o atendimento mais eficaz e imediato reflete no melhor acesso da população à saúde e na sua qualidade de vida. “A principal importância do aeromédico é a possibilidade de levar atendimento primário no menor tempo possível para lugares que antes não teriam essa possibilidade”, afirmou.
“Atender um infarto mais rapidamente pode, por exemplo, evitar uma posterior insuficiência cardíaca, que resultaria em menos qualidade de vida e prejudicaria todo o contexto da vida da pessoa, em suas atividades cotidianas, além de mitigar os impactos econômicos para o SUS e o Seguro Social que teriam de arcar com os custos de um contribuinte que poderia ter sequelas e limitações para trabalho para o resto da vida”, ponderou.
Os profissionais do aeromédico do SAMU Campos Gerais, além de muito qualificados, também são experientes e preparados para todas as situações. O enfermeiro Adalberto Kusdra, que está no serviço desde o seu início, conta que a dedicação e o amor pelo trabalho são essenciais.
“O principal diferencial de quem atua no serviço aeromédico, além de muita expertise no atendimento pré-hospitalar, é a dedicação, gostar do que faz e estar preparado para as mais diversas situações que podem ser enfrentadas, desde uma transferência de um paciente instável, até casos onde o profissional deve, literalmente, rastejar por entre ferragens para ter acesso à vítima”, relatou Kusdra.
“Nos atendimentos de resgate, com mais urgência, nos deslocamos até o local da ocorrência, e oferecemos, em muitos casos, o primeiro atendimento às vítimas. Isso requer muito mais atenção e cuidado, pois não sabemos exatamente o que iremos encontrar durante o atendimento”, explicou. “Neste caso, já durante o voo vamos sempre esperando situações complexas e nos preparando para os casos mais graves”, acrescentou.
Tanto o Dr. Rafael Brandão como o enfermeiro Adalberto Kusdra relatam que salvar vidas é a missão de quem atua neste serviço e os profissionais o fazem com muita dedicação e amor. “O trabalho é satisfatório, emocionante e gratificante, apesar de ser cansativo e exigir fisicamente, além de estado de alerta constante”. “Nos sentimos numa função importantíssima prestando atendimento rápido e de excelência para salvar vidas”, disse Brandão.
“A principal motivação de trabalhar no serviço aeromédico é poder ajudar quem necessita. Também não posso negar que a sensação de voar é maravilhosa e me apaixonei pela aviação em geral, algo que até então parecia muito distante. Espero continuar nesse serviço por muito tempo ainda”, garantiu Kusdra.
O trabalho dos profissionais do aeromédico é gratificante e, muitas vezes, marcante e emocionante. “Uma das situações que mais me marcou nesses 6 anos foi o atendimento a um tombamento de caminhão, que ficou com o rodado para cima e a cabine totalmente amassada, ao lado de uma ribanceira. Após ter certeza de que estava seguro, consegui entrar na cabine, rastejando, e infelizmente constatei a presença de 3 pessoas, sendo o condutor, a esposa e a filha de 3 anos, as duas já em óbito. Com bastante dificuldade, conseguimos retirar os corpos e ter acesso ao motorista, que estava vivo, mas em situação grave. Foram aproximadamente três horas e meia desde a nossa chegada até a retirada do condutor. O fato de eu ter entrado e retirado a criança e a mãe me marcou muito”, narrou. “Mas graças a Deus as situações com final feliz são maioria”, declarou Kusdra.
A tripulação do helicóptero é uma equipe de saúde altamente qualificada para atuar no atendimento aeromédico. Os profissionais, além da formação em saúde, passam por constante treinamento e aprimoramento das habilidades, inclusive emocionais e técnicas da aviação civil. Os dois principais cursos obrigatórios para estes profissionais são de Operador de Suporte Médico (OSM), disciplinado pelo Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 90, e o treinamento Corporate Resource Management (CRM) para gestão e uso eficaz dos recursos.
A Rotina do aeromédico
Instalada anexa ao Aeroporto Sant’Ana, em Ponta Grossa, a base conta com equipe de saúde de plantão, composta por médicos e enfermeiros, além dos pilotos. Um mecânico plantonista também fica à disposição, para a verificação constante das condições da aeronave e eventual manutenção imediata.
“Nosso dia de trabalho começa com um briefing, que é uma reunião com toda a equipe, para verificarmos as condições meteorológicas, técnicas e de recursos, inclusive humanos, para operar e voar. Também checamos todos os itens do helicóptero, as malas, e, assim, ficamos à disposição, aguardando o chamado”, detalhou Dr. Brandão.
“No retorno das ocorrências, novamente nos reunimos, para alinhar detalhes técnicos, melhorias e verificar tudo, para repor insumos e voltar à prontidão para novos chamados”, acrescenta. A aeronave, um helicóptero monoturbina, funciona como uma ambulância de suporte avançado, ou seja, tem a estrutura de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e conta com médico e enfermeiro, além do piloto.
O acionamento se dá pela Central de Regulação de Urgências, que é quem direciona o mais eficiente recurso para cada ocorrência, como explicou o Dr. Brandão. O Serviço Aeromédico do SAMU Campos Gerais foi instituído em março de 2018, por meio de um termo de cooperação entre o Governo do Estado (SESA) e o Município de Ponta Grossa, e integra a Rede Estadual de Urgência/Emergência composta por cinco aeronaves cobrindo todo o Paraná, baseadas em Ponta Grossa, Maringá, Cascavel, Londrina e Curitiba.