Rússia – Nesse ano, o Serviço Nacional de Aviação Sanitária da Rússia (Национальной службы санитарной авиации – НССА ou em inglês National Service of Sanitary Aviation – NSSA) expandiu sua abrangência de atendimento a pacientes graves de 34 para 39 regiões, que incluem Omsk, Ryazan, Karachay-Cherkessia, Kabardino-Balkaria e Ossétia do Norte. Até o final do ano, o número de regiões deve chegar a 41.
A HCCA pode cobrir cada vez mais regiões pois adquiriu novos helicópteros e desenvolveu uma rede de locais de pouso. Em 2022, a aviação sanitária (serviço aeromédico) receberá 66 novos helicópteros Mi-8MTV-1 e o bimotor Ansat. Esta é uma parte importante do programa para o desenvolvimento do sistema de atenção primária à saúde, que é apoiado pelo projeto nacional “Saúde”, para o período de 2019 a 2024.
Na Rússia, o serviço de ambulância aérea apareceu pela primeira vez há quase 100 anos. A Cruz Vermelha Internacional tomou a iniciativa de criá-lo em 1925 na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Dois anos depois, o primeiro avião-ambulância foi entregue ao Exército Vermelho. O modelo K-3, desenvolvido pelo escritório de design de Konstantin Kalinin, foi projetado para um piloto, um médico e dois pacientes deitados em maca ou quatro sentados.
Desde então, a aviação sanitária no país passou por momentos muito diferentes. Após o colapso da URSS, o serviço estava à beira da extinção. Ela recebeu a chance de uma nova vida há cinco anos. O atual serviço foi criado por iniciativa da Rostec em 2017.
Em 2018, o HCCA foi designado como o único serviço aeromédico público do país, operando 24 horas e podendo ser acionado pelo número 112. Uma das tarefas do serviço foi unir os operadores de ambulâncias aéreas particulares que existem na Rússia. Hoje, esse processo ainda não foi concluído.
Segundo a Rostec, nos últimos anos, os médicos do HCCA realizaram 43,5 mil evacuações e salvaram 59 mil pessoas. Somente em 2021, helicópteros (ambulância aérea) realizaram cerca de 5.000 missões e evacuaram mais de 6.000 pacientes. Quase mil deles eram crianças: 281 bebês com menos de um ano de idade e 687 crianças de 1 a 7 anos. Em comparação com 2020, a intensidade do trabalho da HCCA dobrou.
Como o serviço funciona
Recebido um aviso sobre um acidente ou emergência, a tripulação do helicóptero está pronta para decolar em 10 minutos. O tempo máximo para a evacuação de vítimas para centros de trauma de primeiro nível, não excede a 30 minutos.
Helicópteros também são usados quando um paciente precisa ser transportado com urgência de um centro médico distrital para uma clínica regional.
Os centros de trauma estão sendo criados em grandes hospitais multidisciplinares, nos quais o pronto-socorro, áreas de terapia intensiva, ressonância magnética, diagnóstico por ultrassom, salas de transfusão de sangue, além de departamentos cirúrgicos e neurocirúrgicos funcionam 24 horas.
Na maioria das vezes, a aviação sanitária é usada quando se trata de pacientes críticos, vítimas de ataque cardíaco ou derrame, lesões múltiplas graves, queimaduras com danos em mais de 30% do corpo. Além disso, quando necessário, crianças e grávidas também são transportadas por via aérea. Dependendo da distância, o transporte entre os hospitais leva de 1 a 4 horas.
Outra atividade desse serviço é a repatriação de russos doentes que estejam em outros países. Em menos de cinco anos, os médicos do serviço já conseguiram atuar em todos os continentes, inclusive na Antártica. Especialistas que passaram por treinamentos, certificações especiais e que conhecem outros idiomas, acompanham pacientes nos transportes aéreos, ferroviários e hidroviários.
Os helicópteros também são chamados para atividades preventivas. De acordo com os regulamentos, eles são obrigados a estar de plantão durante muitos eventos esportivos internacionais, como a Fórmula 1, o campeonato mundial de hóquei e esqui. Com isso, em caso de uma situação imprevista, atletas e torcedores feridos podem ser levados ao hospital o mais rápido possível.
Como os médicos agem quando um paciente precisa de evacuação aeromédica
O helicóptero pousa em área do hospital ou em local adequado mais próximo, como um estádio ou campo de futebol. Se os médicos estiverem longe do paciente, uma ambulância é enviada para a equipe e equipamentos aeromédicos.
“A decisão sobre a transportabilidade do paciente é tomada pelo médico da equipe aeromédica, após examinar o paciente e estudar seu prontuário. A composição do equipamento médico e a formação do nosso pessoal permitem transportar doentes em estado de qualquer gravidade, no entanto, as peculiaridades da evacuação aérea podem impor algumas restrições”, observa o HCCA.
Para providenciar o transporte de um paciente, os médicos da ambulância aérea precisam conhecer seus dados, hora, local e mecanismo da lesão, conclusão dos médicos que o examinaram e dados de estudos laboratoriais e instrumentais. Se raios-x, ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética já estiverem preparados no momento do transporte, eles também são recebidos e levados pela equipe aeromédica. Além disso, é feito um inventário das roupas e coisas que o paciente possui.
Uma vez tomada a decisão de transportar por helicóptero, a responsabilidade pelo estado do paciente passa para o médico do HCCA. O paciente é conectado a um sistema de monitoramento e, se necessário, a equipamentos de suporte à vida, sendo então levado para um helicóptero.
Na chegada, o paciente é transportado para o hospital de carro ou transferido por uma equipe aeromédica. No destino, os médicos de plantão da clínica serão responsáveis por sua vida e saúde.
Helicópteros a serviço dos médicos
Os helicópteros multimissão Mi-8 AMT são uma modificação moderna do helicóptero Mi-8, desenvolvido no início dos anos 1960. Na versão de passageiros do Mi-8 AMT, ele é projetado para transportar 22 pessoas, mas também é usado para transportar cargas volumosas e realizar operações de busca e salvamento. Na versão sanitária, até 12 pacientes em macas podem ser transportados.
O alcance de voo deste helicóptero de 18,6 metros é de 650 km, com peso de 7 a 13 toneladas. Ao mesmo tempo, se tanques de combustível adicionais forem instalados a bordo, o Mi-8 AMT pode voar até 1.400 km.
Outra modificação do Mi-8, foi o Mi-8 MTV-1, também usado na aviação aeromédica. O alcance de voo do MTV-1 é 150 km menor que o do AMT, ou seja 500 km, mas a capacidade na versão sanitária desses dois helicópteros é a mesma.
Outro helicóptero utilizado como ambulância aérea é o Ansat, primeiro modelo russo totalmente projetado e construído após o colapso da URSS. Essa nova máquina desenvolvida no final da década de 1990 é inferior ao Mi-8 em termos de capacidade, mas não em termos de alcance de voo.
O helicóptero multimissão Ansat de 13,5 metros, projetado para sete passageiros, também é capaz de voar de 510 a 635 km. O peso de 3,3 a 3,6 toneladas permite que o Ansat pouse em pequenos locais urbanos e, em 2020, recebeu a instalação de incubadoras neonatais, capsulas de isolamento para transporte de pacientes com COVID-19 e todos os equipamentos médicos para a operação.
O desenvolvimento da ambulância aérea é uma das prioridades do projeto nacional “Saúde”. É difícil imaginar um sistema de atenção primária à saúde sem os helicópteros do HCCA, especialmente quando se trata de prestar assistência médica em áreas remotas do país.
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