Brasil – A falta de medicamentos para a intubação de pacientes graves com COVID-19 poderá trazer efeitos ainda mais sérios. Além da escassez nos hospitais, há também baixos estoques para o atendimento pré-hospitalar, em todo Brasil.
Medicamentos utilizados para sedação, analgesia e bloqueadores neuromusculares, como midazolan, propofol, fentanil, atracúrio, cisatracúrio, brometo de vecuronio, cloreto de suxametônio, brometo de rocurônio, cetamina, estão com baixa disponibilidade em todo o Brasil, especialmente em hospitais.
Todos os dias equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e dos Corpos de Bombeiros Militares são acionadas para realizar atendimentos de pessoas que sofreram algum tipo de trauma ou caso clínico. Além deles, operadores aeromédicos também relatam a falta desses medicamentos. Isso é grave, pois poderá inviabilizar também o transporte de pacientes em aeronaves.
Estudos apontam que a intervenção médica no local resulta em sobrevida da vítima e uma melhor recuperação. Da mesma forma, remover um paciente de um hospital com menos recursos e levá-lo para um hospital que possua atendimento especializado, apresenta resultados satisfatórios no tratamento e recuperação dessas pessoas.
Nesses atendimentos, vítimas de acidente vascular cerebral, parada cardiorrespiratória, afogamento, acidentes de trânsito, queimaduras, choques, quedas, a intubação pode ser necessária e sem esses medicamentos as equipes médicas terão sérios problemas em dar atendimento adequado ao paciente grave.
Médicos e enfermeiros que trabalham no atendimento pré-hospitalar e nas operações aeromédicas estão preocupados com essa situação. Todos estão em alerta para uma potencial crise de desabastecimento desses remédios, que vão muito além do combate à pandemia de COVID-19.
Segundo o Governo Federal, o Ministério da Saúde monitora semanalmente, desde setembro de 2020, a disponibilidade em todo território nacional e envia informações da indústria e de distribuidores para que estados possam realizar a requisição.
Neste final de semana (20 e 21), realizaram reuniões de avaliação dos números de cada estado e enumeram estratégias para evitar o desabastecimento, como:
- Requisição dos estoques excedentes das indústrias (não comprometidos em contratos anteriores);
- Aquisições internacionais (via Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS);
- Incremento da requisição de informações para harmonização de estoques e distribuição;
- Pregões eletrônicos nacionais, possibilitando a adesão dos estados;
Para segunda (22) e terça-feira (23) estão previstas reuniões com representantes das indústrias de medicamentos. Enquanto isso, além da preocupação dos hospitais em dar tratamento aos pacientes internados com COVID-19 e outras enfermidades, equipes de atendimento pré-hospitalar e operadores aeromédicos também estão preocupados com essa escassez, pois poderá trazer sérios problemas para o atendimento das vítimas e transporte de pacientes.