Estados Unidos – No final de 2017, na cidade de Peru, no estado americano de Illinois, um suspeito armado havia se entrincheirado em uma casa no subúrbio após atirar em policiais. A aparente instabilidade emocional do suspeito, o fato de que se tratava de um ex-militar experiente na área de explosivos e a ameaça feita por ele de posicionar dispositivos explosivos improvisados ao redor da casa tornaram a situação ainda pior. Mais de 150 agentes de órgãos de segurança pública cercaram o local. Felizmente para as equipes táticas e o pessoal de resposta a situações de emergência, o suspeito estava disposto a negociar.
Solicitando ajuda do Corpo de Bombeiros
Conforme o dia passava, o comandante do incidente sabia que, com o cair da noite, a situação se intensificaria. Ele perguntou às equipes sobre as opções disponíveis. O Comandante Ed Rogers, do Corpo de bombeiros de Utica, lembrou imediatamente do Corpo de Bombeiros de Lynwood e do programa de operações com sistemas aéreos não tripulados que executavam. Imagens térmicas, juntamente com uma visão aérea nítida da casa, ofereceriam percepção situacional crucial caso o suspeito tentasse fugir.
Após receber a ligação, Keenan Newton, tenente e coordenador de UAS do Corpo de Bombeiros de Lynwood, chegou no local antes de anoitecer. Enquanto ele e sua equipe começaram a descarregar seu equipamento, o suspeito informou ao negociador que o celular dele tinha pouca bateria. Os negociadores sabiam que precisavam manter o contato com o suspeito para ajudar a garantir um desfecho tranquilo. A situação estava tensa. Todos previam que a situação pioraria ainda mais, a menos que o suspeito recebesse um outro celular. Era preciso fazer alguma coisa.
A primeira tentativa de entregar um celular usando um robô policial falhou. Ocorreu uma falha técnica. O Comandante responsável pelo incidente olhou para o Comandante Rogers e perguntou se o celular poderia ser entregue usando um drone. “Claro que sim, somos bombeiros”, respondeu o Comandante Rogers.
Keenan começou a trabalhar imediatamente. Utilizando um sistema de liberação de carga, um mecanismo com controle remoto usado para entregas, instalado em um drone DJI M600 Pro, ele tentaria jogar o celular pela janela do banheiro onde o suspeito estava.
Dois drones Inspire 1 foram posicionados perto do local para ajudar a visualizar, orientar e registrar a entrega. O celular foi amarrado a uma corda, e em poucos minutos, o drone estava planando sobre a casa. Fazendo uma aproximação cuidadosa, Keenan posicionou com êxito o celular em frente a uma janela e o balançou em direção à janela do banheiro até que o suspeito o pegasse.
“Fiz a entrega usando o drone e cinco horas depois o suspeito se entregou pacificamente”, afirmou Keenan. “Eu diria que foi uma operação que salvou vidas. Muitos incidentes como este agravaram-se ao ponto de colocar tanto suspeitos quanto policiais sob risco de morte. Manter vidas em segurança e fora de perigo é uma das principais propostas de valor da presença de drones em nosso batalhão”, comentou Keenan.
Um começo humilde no Corpo de Bombeiros de Lynwood
Por maior que tenha sido o êxito de Keenan e do Corpo de Bombeiros de Lynwood naquela noite, o Comandante do Corpo de Bombeiros, John Cobb, já foi cético quanto à presença de um programa de UAS. “Na época, eu via os drones mais como um brinquedo do que como uma peça funcional do serviço de combate a incêndios”, afirmou o Comandante Cobb.
Entretanto, um incidente de busca e resgate ocorrido em dezembro de 2016 mudou a opinião dele. Duas pessoas em um veículo saíram da pista e caíram em um tanque de retenção. Uma testemunha que estava perto do local tinha estacionado seu carro e seguia para um banco na região.
Antes de chegar na entrada do local, ele voltou após ter escutado um dos passageiros lutando para sair da água, gritando por ajuda para ele e seu amigo. A testemunha correu até seu carro para ligar para o serviço de emergência, mas quando voltou, o homem havia sumido.
O Corpo de Bombeiros de Lynwood respondeu imediatamente e solicitou equipes de mergulho e recursos adicionais de salvamento aquático de comunidades vizinhas. A cidade de Chicago enviou um helicóptero para auxiliar nas buscas. Entretanto, eles não tiveram sorte e a aeronave retornou por falta de combustível. O Comandante do Corpo de Bombeiros então ligou para Keenan.
Keenan chegou com seu drone e o ativou em questão de minutos, continuando a partir do ponto no qual o helicóptero havia deixado a cena. Conforme a tarde passava, a equipe de mergulho finalmente localizou o carro, mas ainda precisava localizar a segunda vítima. A temperatura continuava caindo rapidamente, congelando novamente o gelo que havia sido quebrado com o impacto.
A operação de resgate foi interrompida quando a noite chegou. Na manhã seguinte, Keenan utilizou seu Phantom 3 Pro para criar um mapa do incidente. Este mapa ajudaria a determinar a melhor localização possível para iniciar as buscas pela segunda vítima. Quando foi possível retomar a operação com segurança, a segunda vítima foi localizada em 30 minutos.
Devido a temperaturas extremamente frias e aos riscos associados ao mergulho sob o gelo, esta operação poderia ter levado muitos dias, não fosse o auxílio do drone. E o mais importante é que ela fez o Comandante Cobb mudar sua opinião sobre drones, autorizando Keenan a iniciar um programa de UAS para o batalhão.
Desafios com o financiamento para o Corpo de Bombeiros
Financiar o programa com um orçamento limitado foi o primeiro desafio do Corpo de Bombeiros de Lynwood, e é algo que muitos batalhões de pequeno e médio porte enfrentam.
Uma das soluções para isso foi recorrer a doações e contribuições. Um morador da comunidade local deu o primeiro drone ao Corpo de bombeiros de Lynwood, e ainda hoje as doações continuam representando uma das principais fontes de financiamento para o programa.
Com o passar do tempo, estes presentes generosos começaram a provar seu valor. Os incidentes da entrega do celular e o resgate subaquático foram decisivos e não apenas demonstraram o valor da presença de drones em campo, como também serviram como uma experiência essencial usada durante futuras atividades.
O programa de drones continuou crescendo após várias missões bem-sucedidas, permitindo que o Corpo de bombeiros de Lynwood pudesse captar mais financiamento. Atualmente, o batalhão tem três drones que são usados habitualmente, inclusive um DJI M600 Pro, um drone poderoso e reforçado, construído para uso empresarial.
“Começar um programa de UAS para uma entidade pode ter seus desafios. Com uma aeronave DJI, voar é a parte fácil. Lidar com céticos, demonstrar o valor e garantir o financiamento serão alguns dos maiores entraves que você enfrentará”, comentou Keenan Newton. “Entretanto, caso acredite verdadeiramente em algo, não desista. Encontre maneiras criativas de apoiar sua causa e buscar continuamente por oportunidades para demonstrar valor”.
O valor do uso de drones na área de segurança pública
O sucesso do programa de UAS do Corpo de Bombeiros de Lynwood simboliza uma tendência em andamento no setor de segurança pública. Muitos batalhões de pequeno e médio porte estão começando a perceber que não é completamente impossível lançar um programa de drones, mesmo com financiamento limitado ou o ceticismo inicial. Conforme comprovado no caso acima, ao longo do tempo, o uso de drones comprovou seu valor em campo.