FAB
Mato Grosso do Sul – Militares de resgate dos esquadrões aéreos da Força Aérea Brasileira (FAB) realizaram treinamento para Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APH Tático). A instrução contou com orientação teórica, realização de oficinas e workshops de habilidades médicas e, posteriormente, prática em um cenário hostil, onde os militares precisaram realizar atendimento e cuidados médicos sob ataque de contra-insurgentes. A atividade foi desenvolvida no Exercício Operacional Tápio (EXOP Tápio), que aconteceu na Ala 5, em Campo Grande (MS), até o dia 17 de maio.
Os treinamentos ocorreram de modo progressivo. Primeiramente, foram realizadas nove oficinas de habilidades médicas para aperfeiçoamento e, posteriormente, treinamento em terreno hostil. As equipes de resgate estão sendo capacitadas por profissionais de saúde da Ala 5, auxiliados por médicos de esquadrão aéreos da FAB de outras localidades.
O Coordenador do APH Tático na EXOP Tápio, Capitão Médico Mauro Pascale de Camargo Leite, integrante do Esquadrão Pelicano (2º/10º GAV), explica que, na atividade, um evasor, ferido ou alguém em situação de agravo, com ferimentos graves ou não, precisa ser resgatado de um local com hostilidades, que ameaça o atendimento.
Superar as hostilidades e fazer o atendimento de forma rápida e segura é o objetivo do exercício, que foi denominado de “Cuidados sob Fogo”. “Os operadores utilizam fuzis de Airsoft [armas de pressão que atiram projéteis plásticos não letais] para simular o fogo oponente em apoio ao atendimento que ocorre sob fogo inimigo. O exercício exige o cuidado de se proteger e proteger o sobrevivente, além de realizar o atendimento mínimo necessário para manter a sobrevida do ferido”, explica o Capitão Pascale.
O exercício em campo é realizado em três momentos: a extração do ferido, atendimento em área hostil e evacuação. “Após a retirada do ferido do local acidentado, são realizados os cuidados necessários do campo tático, uma vez que o ambiente ainda não está seguro e há risco das forças oponentes. Neste momento, os operadores realizam o pedido de apoio de uma aeronave para a evacuação do local”, explica o coordenador. O sobrevivente é colocado dentro da aeronave, conforme as técnicas aprendidas, e recebe a última avaliação antes de chegar ao Hospital de Campanha.
A evacuação pode ser feita em um helicóptero não específico para cuidados médicos, atividade chamada de CaseEvac (sigla em inglês para Casualty Evacuation), quando somente o operador oferece os cuidados médicos. Há ainda o atendimento MedeVac (sigla em inglês para Medical Evacuation), que ocorre nas operações de resgate, extração e cuidados médicos em combate ou a feridos. Neste caso, a ação conta com uma aeronave com configuração mínima. “Ela é preparada especificamente para atendimento médico. Sem deixar as questões de combate de lado, é possível oferecer cuidados mais específicos em voo”, esclarece o Capitão Pascale.
Um dos instrutores do exercício, Tenente Aviador Lucio Mauro Campos Silva Júnior, explica como a atividade treina a extração do ferido. “Os operadores se deslocam de forma planejada e tática sob diversas ameaças do inimigo, utilizando técnicas e procedimentos aprendidos. Enquanto um militar faz a supressão de fogo e a cobertura da ameaça inimiga, outro faz o atendimento à vítima. Na parte da pista, o objetivo é causar uma situação de estresse no time tático, trazer o mais próximo da realidade possível, tanto no ambiente diurno, quanto no ambiente noturno”, afirma.
O Sargento Murilo Radis, homem de resgate do Esquadrão Pantera (5º/8º GAV), realizou o exercício e destacou a oportunidade de poder conciliar a parte tática operacional com os cuidados médicos. “É uma dinâmica muito diferente e uma excelente oportunidade para treinar nossos conhecimentos de APH Tático. Além disso, temos a oportunidade de integrar com as outras equipes de resgate da FAB. Chegamos ao exercício com o básico e nos desenvolvemos muito aqui”, concluiu.