EUA – Três helicópteros de resgate que servem em New York Central estão envolvidos em uma verdadeira guerra aérea por chamados de emergências aeromédicas.
A Mercy Flight Central, um serviço privado com um helicóptero de prontidão em Marcellus, alega que o helicóptero Air One do condado de Onondaga e o helicóptero da polícia estadual da área estão “atropelando” os chamados de emergência – respondendo a emergências médicas antes que a aeronave da Mercy Flight tenha chance de decolar para o transporte de emergência e colocam os pacientes em risco.
O County Sheriff’s Office Onondaga e polícias estaduais dizem que nunca “atropelam” as chamadas e que o helicóptero mais próximo disponível deve atender a ocorrência. A chave para o atendimento, dizem, é quem pode levar o paciente da emergência mais rápido para o hospital.
A Mercy Flight está processando o County Sheriff’s Office Onondaga e o governo federal, alegando que a Federal Aviation Administration (FAA) não autoriza uma aeronave policial a prestar os primeiros atendimentos médicos.
A disputa destaca um drama por trás dos transportes de pacientes com trauma de emergência envolvendo três agências com caros helicópteros e, por muitas razões, querem ficar no negócio de resgate aeromédico.
Todos têm grandes investimentos. O custo do helicóptero Mercy foi de US$ 5 milhões, o custo da aeronave de Onondaga de US$ 2,3 milhões e o da polícia estadual de US$ 6,2 milhões.
Enquanto os contribuintes bancam os custos dos helicópteros da polícia, a Mercy Flight cobra das companhias de seguros US$ 8,500 para cada atendimento, dizem os funcionários. Kent Johnson, presidente da Nacional EMS Pilots Association (NEMSPA), disse que existem disputas similares no resto do país.
“A este respeito, normalmente eu não acho que a polícia está competindo com helicópteros EMS”, disse Johnson. Em sua área de Utah, despachantes usam a regra dos sete minutos: Se o helicóptero EMS não levar mais do que sete minutos a mais que o helicóptero da polícia para atender a ocorrência, então a aeronave de EMS deve ir, disse Johnson.
Funcionários da Mercy Flight dizem que as suas tripulações podem realizar procedimentos que nem a aeronave do condado, nem o do helicóptero de resgate da polícia pode. Eles podem entubar o paciente, administrar medicação via venosa e prover respiração artificial a bordo da aeronave.
“Somos uma UTI aérea”, disse Ross Hoam, Supervisor de operações da Mercy Flight. “Eles são um helicóptero de polícia.” Funcionários da Mercy Flight citam casos em que um helicóptero da polícia chegou a uma ocorrência só para perceberem que o paciente era muito instável para o transporte. Em cada um desses casos, dizem eles, a Mercy Flight poderia tê-lo estabilizado e assim transportá-lo.
O Presidente da Mercy Flight, Paul Hyland, disse que o xerife e o efetivo de sua unidade aérea tem “atropelado” os chamados “pois as agências policiais querem realizar as evacuações aeromédicas principalmente por razões promocionais”.
“O Air One principalmente quer atender essas chamadas pois essa é a única maneira de demonstrar : Nós estamos salvando vidas! “, diss Hyland. “Então, eles fazem de tudo para atendê-la em nossa frente” Warren Darby, sheriff do Air One disse que atende ocorrências aeromédicas quando é solicitado como sendo o mais próximo do local da ocorrência.
“A chave está em levar a vítima para os centros de trauma e cirurgia mais rápido, dentro da oportunidade da hora de ouro, como eles chamam “, disse Darby. A polícia estadual também nega “atropelar” os chamados da Mercy Flight. O sargento Kern Swoboda disse que é uma questão de envio do apoio que se tem disponível. Eles simplesmente estão respondendo aos chamados de emergência, disse ele.
A questão do Air One estar voando para fora da área do condado em emergências aeromédicas surgiu recentemente, quando as despesas do helicóptero estavam sendo auditadas pelos legisladores do condado.
O município não pode cobrar as chamadas dos outros municípios. O legislador James Rhinehart, questionou se os contribuintes estavam sendo enganados pelo uso do helicóptero nesses casos. Custa cerca de 2.000 dólares por hora de voo da aeronave Air One, disse ele. Antes do orçamento municipal ter sido aprovado no mês passado, Rhinehart sugeriu que o programa Air One poderia ter sido reduzido para cortar custos.
Em resposta a essas perguntas, o departamento do xerife reuniu o apoio dos bombeiros e equipes de resgate locais para salvar o programa Air One. Os advogados do condado disseram ao gabinete do xerife do condado que seria aberto processos para investigar se a aeronave Air One atendeu emergências aeromédicas fora da área do condado, caso estivesse mais próximo.
A Mercy Flight apresentou queixas em um conselho local que supervisiona a atividade de emergências médicas na área onde a aeronave Air One atende chamados aeromédicos. Eles ficaram sem resposta a essas reclamações, disse Hyland.
A ação da Mercy Flight na esfera federal pretende aplicar uma lei federal que exige que a Mercy Flight atenda primeiro qualquer chamada envolvendo evacuação aeromédica. A aeronave da polícia só poderá atender à ocorrência caso o helicóptero aeromédico não estiver disponível, disse Hyland.
O xerife Kevin Walsh disse que os funcionários da Mercy Flight estão se espalhando falsas informações. Ele reconheceu que o Air One, por vezes, não podem transportar um paciente, por eles estarem muito críticos, e que a Mercy Flight tem melhor capacidade médica.
A Mercy Flight tem um enfermeiro e um paramédico a bordo de seu helicóptero. A aeronave Air One e a da polícia estadual tem apenas um paramédico. “Eles têm um Cadillac e nós temos um Oldsmobile”, disse Walsh. Mas, se a idade é maior, podemos socorrer a vítima mais rápido, disse ele.
A Mercy Flight alega que, mesmo se chegar a ocorrência depois que a Air One, o paciente vai se beneficiar, diz Hoam. “Se o paciente tem que esperar até chegar ao hospital para ser entubado, então não importa o quão rápido você chegou à ocorrência”, disse ele. “Nós podemos fazer isso no local da ocorrência.”
A guerra aérea piorou duas semanas atrás. A Mercy Flight enviou uma carta para cinco municípios da região de Central New York dizendo que já não participaria mais do sistema de despacho de helicópteros, chamado de “câmara de compensação” (‘clearinghouse’).
“Nós não podemos tolerar os serviços que se auto despacham para as ocorrências, o que compromete a segurança”, diz a carta da Mercy Flihgt. “O conceito de “câmara de compensação” (‘clearinghouse’) não está funcionando e não faremos mais parte dele.”
A Mercy Flight disse que deixaria notificar a câmara que o seu helicóptero estava disponível, disse a carta. Onondaga é um dos quatro municípios do estado com o seu próprio helicóptero, Hoam disse. Dois dos outros – Erie e Westchester – só atendem chamada policiais, tais como buscas, salvamentos e apoio em perseguições. Nassau County também faz evacuações aeromédicas, declarou Hoam.
Quem paga a conta?
De 2005 até setembro de 2009, a aeronave Air One transportou 78 pacientes – 46 deles de fora do condados de Onondaga. De acordo com o gabinete do xerife, nesse período, o helicóptero respondeu a 1.643 chamadas, incluindo apoios, prisões e outros ocorrências policiais.
O helicóptero da Mercy Flight baseado em Marcellus, que atende a região dos municípios de Onondaga, Cortland, Cayuga, Oswego e Tompkins transportou 116 pacientes no ano passado. A aeronave aeromédica tem uma motivação financeira para lutar por cada chamada, disse Walsh.
A Mercy Flight é uma entidade sem fins lucrativos criada pela empresa de propriedade de Hyland, essa com fins lucrativos, de resgate aeromédico de Nova York. O braço com fins lucrativos compra o helicóptero, paga seu seguro e recebe cerca de US$ 2,4 milhões anuais em pagamento pelo arrendamento da aeronave para o braço da empresa sem fins lucrativos.
Todas empresas de transporte aeromédico são criados dessa mesma forma, diz Hyland. Sua empresa tem um lucro de cerca de US$ 100.000 anuais, segundo Hyland. Hyland diz ainda que a aeronave Air One onera desnecessariamente os contribuintes de Onondaga, afirmando que existe a aeronave do setor privado disponível e melhor equipada e que cobra o serviço da empresa de seguro do paciente.
“Eles estão violando a lei e ainda que eles estão passando para trás o contribuinte”, disse ele. “Eles estão transportando esses pacientes e não há um contrapartida contratual para fazer a cobrança por esses serviços para ser pago pela companhia de seguros.”